26 de abril de 2009

Bloqueio continental

Napoleão proibiu comércio com a Inglaterra
Renato Cancian*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O que tem a ver a Revolução Francesa com a Independência do Brasil? O elo entre os dois fatos históricos é um episódio que ficou conhecido como Bloqueio continental.

O imperador francês, Napoleão Bonaparte, havia colocado em prática uma política militar expansionista, com intuito de estender seu domínio sobre toda a Europa. Mas a Inglaterra, a maior potência industrial européia, conseguiu resistir às tentativas de conquista por parte da França napoleônica.

Com o objetivo de quebrar a resistência da Inglaterra, Napoleão tentou sufocá-la economicamente proibindo os países europeus de comercializarem com os ingleses, ao decretar, em 1806, o Bloqueio Continental.

Portugal e o bloqueio continental
Portugal se encontrava numa situação bastante difícil, sofrendo pressões tanto dos ingleses quanto dos franceses.

De um lado, Napoleão exigia que Portugal rompesse política e economicamente com a Inglaterra, fechasse seus portos e expulsasse o embaixador inglês.

Mas a Inglaterra tinha fortes laços comerciais com Portugal. Por conta disso, os ingleses pressionaram os portugueses para que assinassem uma convenção secreta, que asseguraria a Portugal a transferência da sede da monarquia lusitana para o Brasil.

Em contrapartida, os portugueses deveriam tomar as seguintes medidas em benefício da Inglaterra: a entrega da esquadra portuguesa; a entrega da Ilha da Madeira; a concessão de um porto livre em território colonial brasileiro; e a assinatura de inúmeros tratados de comércio exclusivamente com os ingleses.

Em 1807, França e Espanha assinaram o tratado de Fontainebleau, que formalizava a decisão de ambas as nações de invadirem Portugal e dividirem entre si suas colônias.

Diante desse acontecimento, a Coroa portuguesa viu sua transferência para o Brasil como a única salvação da dinastia de Bragança, e decide aceitar o acordo proposto pela Inglaterra.

Assim, Dom João 6º decide pela vinda da família real portuguesa ao Brasil, em 1808.

A partida da Corte portuguesa deu-se no momento em que tropas francesas, comandadas pelo general Junot, iniciaram a invasão do reino. Os súditos portugueses presenciaram estupefatos a fuga em massa dos nobres do reino. Em 29 de novembro de 1807, as embarcações que transportavam a Corte e a nobreza portuguesa sairam do Tejo, protegidas por uma esquadra inglesa. No mesmo instante, as tropas de Junot entram em Lisboa.

As embarcações trazendo a Corte e a nobreza portuguesa para o Brasil aportaram em Salvador. Em 7 de março, transferiram-se definitivamente para o Rio de Janeiro.
* Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais, é autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: Gênese e Atuação Política -1972-1985" (Edufscar).

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