18 de setembro de 2009

PRESIDENTES BRASILEIROS

Manuel Deodoro da Fonseca

     Militar por vocação, destino, herança e necessidade, Manuel Deodoro da Fonseca foi oficial de carreira que ascendeu na tropa brasileira graças à bravura em combate, à determinação e ao comportamento irrepreensível. Participou da repressão à Praieira, do cerco a Montevidéu e de uma dezena de batalhas na Guerra do Paraguai. Sua ascensão foi tal que, em 1883, além de comandante das Armas do RS, ele virou presidente provisório da província. Foi então que se envolveu na Questão Militar: aliou-se a Júlio de Castilhos e desafiou a monarquia. Ainda assim, em tese, a questão militar acabou bem para todos - menos para Deodoro, que, apesar de continuar comandante das Armas de uma província, percebeu que, na verdade, fora “desterrado” para Mato Grosso.
    Mas foi em agosto de 1889 que o império, sem o perceber claramente, fez de Deodoro um inimigo. Primeiro, o coronel Cunha Matos, o mesmo da Questão Militar, foi feito presidente de Mato Grosso - seria um coronel mandando num marechal. Depois, Gaspar Oliveira Martins - que Deodoro odiava - virou presidente do RS. Embora amigo de Castilhos, Assis Brasil, Ramiro Barcelos e dos outros republicanos gaúchos, Deodoro não era um deles. Tanto que, logo que chegou ao Rio, em 13 de setembro de 1889, após deixar Mato Grosso sem maiores explicações ao governo, Deodoro escreveu numa carta a um sobrinho: “República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem ela”. Faltavam 63 dias para o marechal dar o golpe republicano.
Deodoro estava doente; passou quase todo o mês de outubro de cama. Apesar de amargurado com o governo, gostava do imperador e relutou antes de conspirar. Parece ter sido quase um bode expiatório às avessas, um “inocente útil”, atraído à rebelião por Benjamin Constant - para fazer a ponte entre a velha guarda e a “mocidade militar”. Talvez isso explique os seus vacilos em frente às tropas, no Campo de Santana, quando derrubou o ministro Ouro Preto, mas não ousou proclamar a república. A república de fato só foi proclamada à noite, na casa de Deodoro, com ele na cama. Alguém espalhou o boato de que D. Pedro escolhera Gaspar Silveira Martins para o lugar de Ouro Preto. As hesitações de Deodoro acabaram. Chamou Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo e falou: “Digam ao povo que a República está feita”.
Deodoro se tornou o primeiro presidente do novo regime e Benjamin Constant, ministro da Guerra. O convívio entre ambos não foi pacífico - como não era o dos “tarimbeiros” com os “científicos”. Numa reunião ministerial, em 1890, ambos quase se agrediram e Deodoro desafiou Constant para um duelo. Mas dali a dois anos, ambos estariam mortos. Deodoro, que pedira demissão do Exército, exigiu ser enterrado em trajes civis.

Manuel Deodoro da Fonseca

Militar por vocação, destino, herança e necessidade, Manuel Deodoro da Fonseca foi oficial de carreira que ascendeu na tropa brasileira graças à bravura em combate, à determinação e ao comportamento irrepreensível. Participou da repressão à Praieira, do cerco a Montevidéu e de uma dezena de batalhas na Guerra do Paraguai. Sua ascensão foi tal que, em 1883, além de comandante das Armas do RS, ele virou presidente provisório da província. Foi então que se envolveu na Questão Militar: aliou-se a Júlio de Castilhos e desafiou a monarquia. Ainda assim, em tese, a questão militar acabou bem para todos - menos para Deodoro, que, apesar de continuar comandante das Armas de uma província, percebeu que, na verdade, fora “desterrado” para Mato Grosso.
Mas foi em agosto de 1889 que o império, sem o perceber claramente, fez de Deodoro um inimigo. Primeiro, o coronel Cunha Matos, o mesmo da Questão Militar, foi feito presidente de Mato Grosso - seria um coronel mandando num marechal. Depois, Gaspar Oliveira Martins - que Deodoro odiava - virou presidente do RS. Embora amigo de Castilhos, Assis Brasil, Ramiro Barcelos e dos outros republicanos gaúchos, Deodoro não era um deles. Tanto que, logo que chegou ao Rio, em 13 de setembro de 1889, após deixar Mato Grosso sem maiores explicações ao governo, Deodoro escreveu numa carta a um sobrinho: “República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem ela”. Faltavam 63 dias para o marechal dar o golpe republicano.
Deodoro estava doente; passou quase todo o mês de outubro de cama. Apesar de amargurado com o governo, gostava do imperador e relutou antes de conspirar. Parece ter sido quase um bode expiatório às avessas, um “inocente útil”, atraído à rebelião por Benjamin Constant - para fazer a ponte entre a velha guarda e a “mocidade militar”. Talvez isso explique os seus vacilos em frente às tropas, no Campo de Santana, quando derrubou o ministro Ouro Preto, mas não ousou proclamar a república. A república de fato só foi proclamada à noite, na casa de Deodoro, com ele na cama. Alguém espalhou o boato de que D. Pedro escolhera Gaspar Silveira Martins para o lugar de Ouro Preto. As hesitações de Deodoro acabaram. Chamou Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo e falou: “Digam ao povo que a República está feita”.
Deodoro se tornou o primeiro presidente do novo regime e Benjamin Constant, ministro da Guerra. O convívio entre ambos não foi pacífico - como não era o dos “tarimbeiros” com os “científicos”. Numa reunião ministerial, em 1890, ambos quase se agrediram e Deodoro desafiou Constant para um duelo. Mas dali a dois anos, ambos estariam mortos. Deodoro, que pedira demissão do Exército, exigiu ser enterrado em trajes civis.



Marechal Floriano Peixoto

     Em 25 de fevereiro, Floriano Peixoto foi eleito pelo congresso vice-presidente do Brasil - e uma espécie de "herdeiro presuntivo" da república. Nove meses depois, com a renúncia forçada de Deodoro da Fonseca, ele seria o presidente. Nascido em Alagoas, em 1839, veterano da Guerra do Paraguai, Floriano assumiu o governo como vice-presidente em exercício, em 23 de novembro de 1891. Restabeleceu o Congresso e suspendeu o estado de sítio. Ainda assim, seu governo era inconstitucional: o artigo 42 dizia que, se o presidente não completasse a metade do mandato, novas eleições deviam ser convocadas. Mas, com o apoio do PRP e da classe média urbana, Floriano sentiu-se à vontade no papel de "consolidador da república" e lançou as bases de uma ditadura de "salvação nacional".
Fez um governo nacionalista, austero e centralizador; enfrentou implacavelmente seus inimigos, demitiu (contra a lei) os governadores que tinham apoiado Deodoro; venceu a queda-de-braço contra a Marinha, na segunda Revolta da Armada. No Sul, deu apoio a Júlio de Castilhos. Tornou-se o Marechal de Ferro. Queria a reeleição (que era constitucional), mas, ainda assim, se recusou a dar um golpe - articulado por seus aliados jacobinos - contra a posse do civil Prudente de Morais.




Prudente José de Moraes Barros

    Governou de 15/11/1894 a 15/11/1898. Consolidou e pacificou a República, reatou as relações diplomáticas com Portugal, rompidas com o auxílio dos portugueses aos marinheiros da revolta da Armada; conseguiu a paz no Rio Grande do Sul, em 1895; enfrentou a Campanha de Canudos, entre 1896-97. Por motivo de saúde, afastou-se do governo, assumindo o vice-presidente Manuel Vitorino, em novembro de 1896, que modificou o ministério, colocando os "florianistas" no poder. Prudente de Morais reassumiu, impondo a ordem através do estado de sítio. Providenciou o prolongamento da rede ferroviária e assinou novo funding-loan (empréstimo). Foi um dos fundadores do Partido Republicano Paulista, em 1901.



Manuel Ferraz de Campos Salles

     Eleito presidente da República para o período de 1898 a 1902. Restaurou a economia e instituiu a política dos governadores, chamada de política café-com-leite onde predominavam Minas Gerais e S.Paulo. Criou o imposto do selo e o do consumo sobre produtos nacionais.

Aumentou a taxa alfandegária sobre mercadorias estrangeiras e extinguiu repartições por medida de economia. Negociou um funding-loan (empréstimo) com a Casa Rotschild, suspendendo o pagamento da dívida externa, multiplicando as falências e trazendo pânico em 1900. Saiu vaiado do palácio, ao término de seu governo. Francisco de Paula Rodrigues AlvesFoi eleito em 1902 com o apoio de São Paulo e Minas Gerais. Uma vez no poder, revelou-se mais conservador do que republicano, dirigindo o país com pulso forte e colocando-se acima dos partidos. Para surpresa de seus aliados, Rodrigues Alves agia como um monarquista anti-oligárquico, ignorando tanto as oligarquias de oposição (do RJ, do RS e do Norte) quanto as oligarquias situacionistas (de SP e MG), que o tinham alçado ao poder. Seu governo foi marcado pela fantástica reurbanização do Rio e por sua posição radical na eclosão da Revolta da Vacina, em 1904, quando enfrentou os militares rebeldes da Escola da Praia Vermelha e os venceu.
Embora cafeicultor - elevado ao poder por cafeicultores como ele -, Rodrigues Alves se opôs às artimanhas do Convênio de Taubaté (o plano dos paulistas para fazer subir os preços internacionais do café). A "traição" tinha explicação: o presidente, além de apologista do liberalismo econômico, precisava ser fiel ao Banco Rothschild, principal credor do Brasil e sustentáculo da política de contenção de emissões, equilíbrio orçamentário e valorização da moeda posta em prática por Rodrigues Alves. Assim sendo, Alves acabou fazendo um governo criticado pelas elites oligárquicas e pelo povo, empobrecido depois da carestia no governo Campos Sales e ainda expulso das zonas centrais do Rio pela especulação imobiliária e o aumento dos aluguéis. Mas Rodrigues Alves se manteve firme até o fim - encarando a Revolta da Vacina e tentando fazer de Bernardino de Campos seu sucessor. Porém ele foi derrotado pelo senador gaúcho Pinheiro Afonso Penna Após três paulistas terem ocupado sucessivamente a presidência da República, o mineiro Afonso Penna assumiu o cargo para dar continuidade à política do café com leite. Apesar de vir da terra do leite, Pena foi um presidente "cafeeiro". "Política faço eu", declarou Afonso Pena pouco depois de assumir o cargo. a frase era uma resposta ao apelido que seu ministério - formado por jovens com pouca experiência em cargos públicos - recebera da imprensa: "Jardim da Infância".
Menos ortodoxo em matéria fiscal e financeira do que Rodrigues Alves, Pena bancou um empréstimo de 15 milhões de libras para custear a intervenção do Estado no mercado do café. Incentivou a "internacionalização" do mercado cafeeiro e estabeleceu a política da desvalorização da moeda nacional. Entre 1906 e 1910, especuladores internacionais retiveram 8,5 milhões de sacas para forçar o aumento do preço do produto. O esquema foi benéfico para os atravessadores, mas vários produtores ficaram arruinados e a dívida externa brasileira aumentou muito.O café não era a única preocupação de Afonso Pena: ele promoveu a criação de parques industriais, incentivou a construção de linhas férreas, modernizou os portos do Recife, Vitória e Rio Grande do Sul. promoveu a conquista do oeste, a cargo de Rondon, e organizou a Exposição Nacional de 1908, para mostrar que o Rio "se civilizara".Para sucedê-lo na presidência, Pena queria indicar o presidente de MG, João Pinheiro, que morreu. Pena optou então por seu ministro da Fazenda, Davi Campista. Mas, diz a lenda, o marechal Hermes entrou no Catete e, "de modo "rude", anunciou que pretendia concorrer à presidência da República - enfatizando a proposta com um golpe de espada na mesa. Inconformado com o perfil militarista de Hermes, o eterno candidato ao "trono" presidencial, Rui Barbosa, lançou o próprio nome. Já doente, Afonso Penna não resistiu a três golpes: a briga com o ministro da Guerra, as críticas violentas de ex-aliados, como o oligarca mineiro Bias Fortes, por sua interferência no processo sucessório e, por fim, a morte do filho mais velho. Solitário e isolado - desafiado também por Rui Barbosa -, morreu em junho de 1909, um ano e meio antes do fim de seu mandato. Nilo Peçanha Embora o panorama político estivesse tumultuado pela luta sucessória, e faltassem ainda 17 meses para o fim do mandato de Afonso Pena, o vice-presidente Nilo Peçanha assumiu a presidência dentro da normalidade constitucional. Apesar de terem sido as pretensões presidencialistas e centralizadoras de Pena que abriram as primeiras fissuras na "política do café com leite", os maiores estragos no esquema montado por Campos Sales seriam provocados pelo próprio Nilo Peçanha. Ao apoiar abertamente a candidatura de Hermes da Fonseca, Peçanha foi forçado a romper não só com o Partido Republicano Paulista como também com o Partido Republicano Fluminense, do qual fora um dos fundadores. Peçanha então do Partido Republicano Conservador, fundado pouco antes pelo senador gaúcho Pinheiro Machado.Apesar de ter aberto seu voto, Nilo Peçanha procurou montar um ministério de conciliação e fazer um governo moderado e pacifista. Embora vários comícios no Rio tenham terminado com derramamento de sangue e o governo sido forçado a intervir na Bahia, em Sergipe, no Maranhão e no Amazonas, Peçanha alcançou o seu objetivo e manteve o país sob relativo controle até o fim de seu mandato, em novembro de 1910. Deu continuidade à política fiscal e financeira de Afonso Pena, continuou a incentivar a construção de estradas de ferro (para escoar o café) e frigoríficos. Além disso, criou o Serviço de Proteção aos Índios (entregue a Cândido Rondon) e formou o ministério da Agricultura. Em 1921, Nilo Peçanha dirigiria a reação republicana em combater a candidatura presidencial de Arthur Bernardes. achado, que conseguiu indicar Afonso Pena.




Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca

Eleito presidente da República, exerceu o cargo de 1910 a 1914. No início de seu governo enfrentou a Revolta da Chibata, chefiada pelo marinheiro João Cândido. Promulgou a lei do serviço militar obrigatório e saneou a Baixada Fluminense. De 1913 a 1914, dissidências partidárias provocaram a revolta dos Jagunços ou do Padre Cícero, em Juazeiro (CE), e na região do Contestado, dominada pelos seguidores do monge João Maria. Contraiu novos empréstimos para a defesa do café, emitindo grande massa de dinheiro. Tentou um funding-loan, mediante empréstimo de 14 milhões de libras. Em seu governo houve expansão das linhas telegráficas e férreas.





Wenceslau Braz Pereira Gomes

    Eleito presidente da República, governou de 1914 a 1918. Em seu governo promulgou o Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, em 1/1/1916. Rompeu relações diplomáticas com a Alemanha reconhecendo o estado de guerra, em 26/10/1917. Com os efeitos econômicos da I Guerra Mundial (1914-18), o Brasil teve um crescimento industrial imediato, para suprir a demanda de produtos que não podiam mais ser importados da Europa.





Delfim Moreira da Costa Ribeiro

    Foi eleito vice-presidente da República em 1918. Com a morte do presidente Rodrigues Alves, assumiu a presidência da República de 15/11/1918 a 26/7/1919, até que fossem realizadas novas eleições. Em seu período presidencial faltou-lhe envergadura para as funções, mas prosseguiu nas expansões das vias férreas, reorganizou os patronatos agrícolas e dissolveu a União Geral dos Trabalhadores. Em 28/7/1919 foi eleito vice-presidente da República na chapa de Epitácio da Silva Pessoa, cumpriu o mandato até 01/7/1920 quando faleceu.






Lindolfo da Silva Pessoa

     Uma vez alçado ao poder, o paraibano Epitácio Pessoa (1865-1942) - primeiro nordestino a comandar a nação - revelou-se muito mais ousado e autoritário do que seus aliados poderiam supor. Ainda assim, desde o início do seu governo, tentou assegurar o apoio dos três "grandes" Estados da federação (SP, MG e RS). Tanto é que seis dos sete ministros que nomeou eram paulistas, mineiros ou gaúchos. Para articular mais plenamente essa composição Epitácio Pessoa nomeou dois civis para os Ministérios da Guerra e da Marinha. Civis comandando militares eram algo que, no Brasil, não se via desde o império. Houve grande indignação nos quartéis.
A atitude "civilista" de Epitácio Pessoa teria amplas conseqüências - embora o desfecho delas só viesse a ocorrer no governo seguinte, de Artur Bernardes. Além da construção de mais de mil quilômetros de ferrovias no sul do Brasil, a maior obra do governo Epitácio Pessoa foi o Programa de Combate à Seca no Nordeste. Com investimento de 304 mil contos, o presidente fez mais de 200 açudes na região. Injuriados com o que julgavam ser um "protecionismo ao Nordeste", os paulistas exigiram que uma quantia similar fosse destinada para "valorizar" outra vez o café. Cedendo às pressões, Pessoa liberou 124 mil contos e o governo estocou 4,5 milhões de sacas, forçando novo aumento no preço do produto, que despencara de 50 centavos de dólar para 20 centavos por quilo.



. Artur da Silva Bernardes

    Foi eleito presidente da República e governou de 1922 a 1926. Durante a campanha para presidente da República, em 1922, divulgaram cartas falsas atribuídas a Bernardes,que insultavam os militares. Depois de sua posse, em 15/11/1922, rebelaram-se a Escola Militar, o Forte de Copacabana e a Guarnição de Mato Grosso, na chamada Revolta dos Tenentes. Apesar do estado de sítio, em 1923 a oposição no Rio Grande do Sul rebelou-se contra o presidente do estado, Antônio Borges de Medeiros, e, em 1924, as guarnições gaúchas de Alegrete e S.Luís Gonzaga rebelaram-se iniciando a Coluna Prestes, que realizou a maior marcha militar da América do Sul. Ordenou o fechamento dos sindicatos e dos jornais de esquerda. Em 1926, os tenentes revoltaram a guarnição de Santa Maria (RS). Bernardes reformou a Constituição, em 1926, estabelecendo restrições na exploração do subsolo. Ao deixar a presidência foi eleito senador. Na revolução de 1930 apoiou Getúlio Vargas, mas em 1932 apoiou os paulistas, sendo então exilado.




Washington Luiz Pereira de Sousa

     Assumiu a presidência da República em 15/11/1926, e foi deposto pela Revolução Liberal em 24/10/1930. Em seu governo suspendeu o Estado de Sítio, estimulou a expansão rodoviária, aumentou a reserva de ouro, remodelou a área urbana da Capital Federal e desenvolveu uma política de valorização do café. Em fins de 1929 caíram os preços de todos os produtos primários, inclusive do café, baixou o valor externo da moeda, sem que houvesse plano para debelar a recessão provocada pela Quebra da Bolsa de Nova Iorque.
A Aliança Liberal reuniu as oposições em torno de Getúlio Vargas, lançando sua candidatura para 01/3/1930, contra Júlio Prestes, candidato oficial de Washington Luís. Perdendo as eleições, os rio-grandenses se rebelaram, em 3 de outubro, tendo como chefe militar o ten-ccel. Pedro Aurélio de Góes Monteiro, que marchou para São Paulo. As forças armadas depuseram o presidente da República, formando uma Junta Militar com os generais Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Menna Barreto e o contra-almirante José Isaías de Noronha. Terminava aí a República Velha.




Getúlio Dornelles Vargas

Esse gaúcho foi uma das figuras mais complexas da política brasileira. Getúlio Vargas era odiado por segmentos da esquerda, direita e centro, mas amado por grande parte do povo que o chamava de "pai dos pobres". Chegou ao poder através da revolução de 1930, que pregava o fim dos arranjos políticos oligárquicos da República Velha. Aliado aos tenentes e com os liberais, não conseguiu implantar a república idealizada mas fez o país avançar social e politicamente, mesmo com traumas. No segundo ano de seu governo, os liberais paulistas se uniram aos conservadores para exigir uma constituinte e eleições. Foram vencidos, mas a Constituição foi votada em 1934 e Vargas confirmado presidente pelo Congresso. Em 1935, a Intentona Comunista pretendeu levar os comunistas ao poder com um golpe, mas Vargas os venceu.
Em 1937, transformou-se em ditador e proclamou o Estado Novo. Nesse período, que vai até 1945, dissolveu o Congresso, proibiu os partidos políticos, estabeleceu censura à imprensa, promulgou leis trabalhistas inovadoras e sufocou uma tentativa de golpe integralista (nazi-fascista) banindo seus líderes e também os liberais que se opunham ao seu governo. Rompeu com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), iniciou com os EUA entendimento para instalar uma grande indústria siderúrgica no país e equipar as Forças Armadas, em troca da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, estabeleceu as bases da nacionalização do petróleo, introduziu um sistema de câmbio e cotas para regularizar a exportação de café. A ditadura caiu com o fim da guerra.
Getúlio foi imediatamente eleito senador e voltou à Presidência na eleição seguinte, com o apoio dos dois partidos que ajudara a criar, PSD e PTB. No governo, de 1951 a 1954, lançou as bases para a industrialização do país e criou o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) para financiar o programa. Aumentou o salário mínimo em mais de 300%. Criou a Petrobrás em 1953, reequipou as ferrovias, construiu 600 quilômetros de rodovias por ano, aumentou em 60% a produção de energia e limitou a remessa de lucro para o exterior das empresas estrangeiras.
Seu estilo populista o levou à queda em 1954, quando homens de sua guarda pessoal contrataram pistoleiros para eliminar o jornalista da oposição, Carlos Lacerda, e estes mataram por engano um major da Aeronáutica. Diante do ultimato de renúncia feito pelas Forças Armadas, Getúlio Vargas suicidou-se com dois tiros no peito na madrugada de 24 de agosto. A carta-testamento que deixou foi transformada em programa político pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), influiu na eleição de JK pela coligação PTB/PSD e manteve a chama do nacionalismo petebista até o golpe militar de 1964.




General Eurico Gaspar Dutra

    Reformado no posto de marechal, candidatou-se à presidência da República pelo Partido Social Democrático (PSD) com o apoio do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Foi eleito para o período de 31/01/1946 a 31/01/1951. Como presidente abriu a importação, consumindo as reservas do país; considerou o salário mínimo como responsável pela carestia; proibiu os cassinos de jogo; promulgou a Constituição de 1946; decretou a cassação do Partido Comunista e o rompimento com a URSS; inaugurou a Usina Siderúrgica Nacional; reaparelhou os portos e preparou a formação da frota petroleira; iniciou a campanha de alfabetização de adultos e instituiu a fundação da Casa Popular.




Getúlio Dornelles Vargas

     Esse gaúcho foi uma das figuras mais complexas da política brasileira. Getúlio Vargas era odiado por segmentos da esquerda, direita e centro, mas amado por grande parte do povo que o chamava de "pai dos pobres". Chegou ao poder através da revolução de 1930, que pregava o fim dos arranjos políticos oligárquicos da Republica Velha. Aliado aos tenentes e com os liberais, não conseguiu implantar a república idealizada mas fez o país avançar social e politicamente, mesmo com traumas. No segundo ano de seu governo, os liberais paulistas se uniram aos conservadores para exigir uma constituinte e eleições. Foram vencidos, mas a Constituição foi votada em 1934 e Vargas confirmado presidente pelo Congresso. Em 1935, a Intentona Comunista pretendeu levar os comunistas ao poder com um golpe, mas Vargas os venceu.
Em 1937, transformou-se em ditador e proclamou o Estado Novo. Nesse período, que vai até 1945, dissolveu o Congresso, proibiu os partidos políticos, estabeleceu censura à imprensa, promulgou leis trabalhistas inovadoras e sufocou uma tentativa de golpe integralista (nazi-fascista) banindo seus líderes e também os liberais que se opunham ao seu governo. Rompeu com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), iniciou com os EUA entendimento para instalar uma grande indústria siderúrgica no país e equipar as Forças Armadas, em troca da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, estabeleceu as bases da nacionalização do petróleo, introduziu um sistema de câmbio e cotas para regularizar a exportação de café. A ditadura caiu com o fim da guerra.
Getúlio foi imediatamente eleito senador e voltou à Presidência na eleição seguinte, com o apoio dos dois partidos que ajudara a criar, PSD e PTB. No governo, de 1951 a 1954, lançou as bases para a industrialização do país e criou o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) para financiar o programa. Aumentou o salário mínimo em mais de 300%. Criou a Petrobrás em 1953, reequipou as ferrovias, construiu 600 quilômetros de rodovias por ano, aumentou em 60% a produção de energia e limitou a remessa de lucro para o exterior das empresas estrangeiras.
Seu estilo populista o levou à queda em 1954, quando homens de sua guarda pessoal contrataram pistoleiros para eliminar o jornalista da oposição, Carlos Lacerda, e estes mataram por engano um major da Aeronáutica. Diante do ultimato de renúncia feito pelas Forças Armadas, Getúlio Vargas suicidou-se com dois tiros no peito na madrugada de 24 de agosto. A carta-testamento que deixou foi transformada em programa político pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), influiu na eleição de JK pela coligação PTB/PSD e manteve a chama do nacionalismo petebista até o golpe militar de 1964.






João Café Filho

     Embora tivesse sugerido que ambos renunciassem, assim que Getúlio Vargas se matou o vice-presidente Café filho assumiu a chefia da nação. O impacto provocado pelo suicídio de Vargas impediu que a "República do Galeão" tomasse o poder. A posse de Café Filho foi a solução constitucional. O potiguar João Café Filho (1899-1970) era um político com um passado de esquerda que, como bom fisiologista, se ligara ao populismo ademarista. Fora o próprio Ademar de Barros quem o indicara para vice de Vargas nas eleições de 1950. Ao tomar o poder, Café Filho manteve a posição que adotara durante a crise que levou Vargas ao suicídio: permaneceu na oposição e montou um ministério no qual o predomínio da UDN era evidente. Ainda assim, Café Filho se comprometeu a cumprir o calendário eleitoral, mantendo as eleições para a Câmara, Senado e governos estaduais (marcadas para outubro de 54) e as eleições presidenciais, previstas para outubro de 1955. E cumpriu a promessa. Após a eleição de JK, porém, Café Filho teria participação indireta na tentativa de golpe com a qual a UDN tentou impedir a posse do presidente eleito.




Carlos Coimbra da Luz

    Por ser presidente da Câmara dos Deputados, em 1955, assumiu a presidência da República em 09/11/1955, por ocasião da doença do vice-presidente João Café Filho. Foi deposto pelo General Henrique Lott em 11/11/1955.





Juscelino Kubitschek de Oliveira

    Foi eleito presidente da República para o período de 31/01/1956 a 31/01/1961. Uma vez no poder, JK revelou-se dinâmico, empreendedor, competente e astuto, e seu otimismo contagiou a nação. Apesar de conciliador, JK não fez concessões à UDN: dos 24 ministros civis, 16 eram do PSD e seis do PTB. O "partido golpista" (a UDN) não recebeu uma única pasta. Ainda assim, os anos JK seriam marcados pela estabilidade política: a cúpula militar se aclamara; os golpistas tinham perdido duas paradas altas - a renúncia de Vargas acabou virando o suicídio de um "mártir" e a tentativa de impedir a posse de JK esbarrou na "espada neutra" do general Lott. Embora uma pequena rebelião liderada por dois oficiais da Aeronáutica, deflagrada duas semanas após a sua posse, em fevereiro de 1954, tivesse ocorrido em Jacareacanga, no Pará, JK teria toda a tranquilidade para governar.Para executar seu ambicioso Programa de Metas - simbolizado pelo slogan "50 anos em 5" e baseado no binômio "energia e transporte" -, JK, disposto a derrotar a burocracia, criou órgãos paralelos e horários alternativos de trabalho. Ao obter recursos que lhe permitissem concretizar seus planos, ele acabou forjando a expressão "nacional-desenvolvimentismo" - uma astuciosa política econômica que combinava a ação do Estado com a empresa privada nacional e o capital estrangeiro.Entre muitas ações que marcaram um surto desenvolvimentista sem precedentes no país, o governo JK se notabilizou pelo grande impulso que deu à indústria automobilística. Ainda em 1956, JK criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia). Graças a incentivos fiscais, empresas automobilísticas multinacionais, como a Ford e a General Motors (que estavam no Brasil desde 1919 e 1925 respectivamente), passaram a fabricar utilitários em 1957 e outras montadoras se instalaram na região do ABC paulista.
De início, devido ao interesse primordial dos EUA no mercado da Europa, foram justamente empresas européias as que vieram para o país, entre elas a Wolkswagen, alemã, e a Simca, francesa. Em 1959 foi lançado o primeiro Fusca montado no Brasil - e JK orgulhosamente desfilou a bordo do carro, que se tornaria um dos mais vendidos e amados do país. Também em 1959 a Simca lançou a luxuosa linha Chambord, logo transformada em símbolo de requinte e eficiência, que seriam associados à era JK. entre 1957 e 1960, foram produzidos mais de 320 mil veículos, 90% a mais que o previsto. O Brasil orgulhosamente se movia sobre quatro rodas. O governo Juscelino também entrou para a história por construir a capital Brasília. Em setembro de 1956 foi aprovada a lei 2.874, que criou a Cia. Urbanizadora da Nova Capital. As obras se iniciaram em fevereiro de 1957, com apenas três mil trabalhadores - batizados de "candangos". Os arquitetos Oscar Niemayer e Lúcio Costa foram os encarregados de projetar a cidade "futurista". Nove meses depois, cerca de 12 mil pessoas viviam e trabalhavam em Brasília.






Jânio da Silva Quadros

     Foi eleito pela União Democrática Nacional (UDN) e Partido Democrático Cristão (PDC). Durante a campanha, Jânio conseguiu conquistar uma legião de admiradores com um discurso populista e marcadamente moralista. Apresentava-se como o "homem do tostão contra o milhão" que iria "sanear" a nação. O seu símbolo preferido era a vassoura e o jingle "Varre, varre vassourinha/ Varre, varre a bandalheira/ O povo já está cansado/ De viver dessa maneira". Em outubro de 1960, Jânio recebeu uma das mais expressivas votações da história: teve 48% dos votos (6 milhões de votos). Sua vitória só não foi total porque, graças a desvinculação dos votos, Jango, da chapa do general Lott, se elegeu vice-presidente.
Assumiu em 31/01/1961 e revelou-se tão histriônico quanto se poderia supor. Enviava centenas de "bilhetinhos" aos ministros e assessores (mais de 2 mil em 206 dias de trabalho). Jânio proibiu a propaganda em cinemas, regulamentou os horários e as normas do jogo de cartas em clubes e a participação de crianças em programas de TV e rádio, entre outras medidas. Mas governava sem base política: PTB e PSD dominavam o Congresso, Lacerda passara para a oposição, Jânio não consultava a UDN e o país estava endividado. A 24 de agosto de 1961, Lacerda fez um discurso no rádio denunciando uma suposta tentativa de golpe articulada por Jânio. No dia seguinte, após quase sete meses no governo, o primeiro presidente a tomar posse em Brasília estarrecia a nação ao anunciar sua renúncia. Alegou que "forças terríveis" levantaram-se contra ele.
A única explicação aceitável para essa atitude é a de que Jânio, não tendo maioria no Congresso, não suportou governar limitado pelo parlamento, sabia da aversão dos militares pelo vice-presidente João Goulart, imaginou um vazio no poder e a sua recondução à presidência com amplos poderes constitucionais. Jânio com isso deu início a guerra da legalidade que pressionou os militares a darem posse ao vice-presidente João Belchior Marques Goulart. Depois tentou voltar ao governo de São Paulo em 1962 e perdeu para Adhemar de Barros. Foi cassado em 1964 pelos militares. Em 1985 elegeu-se prefeito de São Paulo, derrotando Fernando Henrique Cardoso. Faleceu em fevereiro de 1992.





João Belchior Marques Goulart

    Como se não bastassem as acusações que militares e udenistas havia anos lhe faziam, no momento em que Jânio renunciou, João Goulart estava na China Comunista. Embora se tratasse de uma visita oficial, eram tempos de guerra fria e Jango sempre fora visto como o "líder da república sindicalista", um comunista travestido de democrata. O próprio Jânio parecia compartilhar dessa opinião e tentou o blefe da renúncia por achar que nem os militares nem o Congresso entregariam o país "a um louco que iria incendiá-lo". Mas não havia ninguém ao lado de Jânio e a encenação falhou. Isso não significava, porém, que os ministros militares e os conservadores em geral estivessem dispostos a deixar o mais destacado político do final da era Vargas tomar o poder. Mas, além do Congresso se negar a vetar a posse de Jango, o general Augusto Lopes, chefe do 3º Exército (com sede no RS), instigado pelo governador Leonel Brizola, declarou-se disposto a pegar em armas para garantir o cumprimento da Constituição.
A crise foi contornada com a criação de uma comissão no congresso que propôs a diminuição dos poderes do presidente e a adoção de um regime parlamentarista. Assim sendo, depois de tortuosa viagem de volta, Jango chegou ao Brasil em 31 de agosto de 1961 e, no aniversário da Independência, tomou posse em Brasília. A situação estava parcialmente resolvida. Tancredo Neves foi nomeado primeiro-ministro. Em julho de 1962, Tancredo renunciou e houve nova crise quando Jango quis nomear San Tiago Dantas (favorável ao afastamento dos EUA e à Aliança com nações socialistas). No final, Brochado da Rocha assumiu o cargo. Em janeiro de 1963, um plebiscito deu ampla vitória ao presidencialismo (9 milhões de votos) sobre o parlamentarismo (2 milhões). E Jango virou presidente de verdade.
O fato de se tornar presidente com seus plenos poderes restaurados não trouxe tranquilidade para Jango. Ele assumia a chefia de um país cada vez mais polarizado, volátil e inquieto. Era constantemente fustigado pela esquerda (Brizola, Miguel Arraes e Francisco Julião), que queria reformas imediatas, e pela direita (Carlos Lacerda, Olimpio Mourão e Costa e Silva), que temia qualquer avanço social. Após quase 20 anos de democracia, a sociedade civil - tanto de esquerda quanto de direita - estava dividida, mas organizada. A primeira achava Jango um "frouxo" e a segunda um "incendiário".
De janeiro a julho de 1963, sob o comando do ministro Celso Furtado, Goulart pôs em prática o Plano Trienal, baseado em "reformas de base". O Congresso recusou-se a cooperar com o projeto. Greves estouravam pelo país. Jango se sentiu forçado a dar uma guinada à esquerda. Para pressionar o Congresso a aprovar as reformas, realizou um comício monstro, no Rio, em 13 de março de 1964. Ao fazê-lo, decretou o começo do fim de seu governo. Em 31 de março os militares tomavam o poder, obrigando Jango a fugir para o Uruguai.





Humberto de Alencar Castelo Branco (CE)

Foi um dos participantes do golpe militar de 1964. Transferido para a reserva no posto de Marechal, em 1964, assumiu a presidência da República. Durante seu governo, de 1964-67, instituiu o Serviço Nacional de Informação (SNI) e o cruzeiro novo como unidade monetária. Criou o Banco Central e o Banco Nacional de Habitação (BNH). Fechou os partidos e criou a ARENA e o MDB. Fixou o coeficiente de correção monetária, aprovou o Regulamento Geral do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA) e promulgou a constituição de 24/11/1967, que institucionalizava a ditadura.
Em fevereiro de 1967 surgiu a Lei de Imprensa, que cerceava a liberdade de pensamento e informação e era a expressão definitiva do fechamento do regime. Castelo unificou os institutos de previdência em um só, o INPS. No seu governo foram cassados os direitos políticos de centenas de pessoas entre deputados, governadores, ex-presidentes, lideranças de entidades civis e etc. Morreu logo após deixar o governo em um desastre de avião.





Artur da Costa e Silva

     Em outubro de 1966, com a abstenção do MDB (que se retirou do plenário), Costa e Silva foi eleito presidente e o civil Pedro Aleixo, vice. Depois da posse, em 15 de março de 1967, em vez de contar com o apoio, Costa e Silva teria de enfrentar a oposição e a ousadia crescentes da linha dura do Exército, cada vez mais radical.
Mesmo sem ter ligações com o "grupo da Sorbonne", Costa e Silva - chamado de "tio velho" pelos conspiradores de 64 - assumiu o poder com planos de restabelecer a democracia. Mas, ao fazer de Delfim Neto seu todo-poderoso ministro da Fazenda, o presidente passou a ser visto como inimigo pela linha-dura ultranacionalista. Pressionado pela direita e pela esquerda - visto que pelo país explodiam manifestações estudantis e greves operárias -, Costa e Silva abriu mão dos planos liberalizantes e respondeu com o endurecimento político.
Após a morte do estudante Edson Luís, em março de 1968, a passeata dos 100 mil, em junho, e o discurso do deputado Márcio Moreira Alves, em setembro, o general capitulou e decretou o AI-5, o ato que sacramentou o arbítrio. Em agosto de 1969, quando Costa e Silva ficou doente e uma junta militar assumiu o poder, a vitória da linha dura já estava plenamente consolidada.


Junta Militar de 1969

     Quando o general Costa e Silva sofreu um derrame, em agosto de 1969, a Constituição determinava que o vice, Pedro Aleixo, assumisse o poder. Embora a constituição tivesse sido promulgada pelo próprio regime militar, ela foi simplesmente ignorada. Uma junta militar assumiu o controle da nação e acelerou a escalada repressiva.
 Com as esquerdas já tendo deflagrado a luta armada e seqüestrado o embaixador americano Charles Elbrick, no dia 4 de setembro de 1969, a Junta baixou novos atos institucionais: o AI-13, criando a pena de banimento do território nacional, aplicável a todo o cidadão que se tornasse "inconveniente, nocivo ou perigoso à segurança nacional"; e o AI-14, que estabeleceu a "pena de morte pra os casos de guerra externa, psicológica, revolucionária ou subversiva". Ao mesmo tempo que endurecia as regas políticas, a Junta também institucionalizava a tortura, que se tornaria uma prática comum nos porões da ditadura.
No dia 14 de outubro, por pressão da "comunidade de informações" do Exército - liderada pelo SNI -, a Junta, convencida de que Costa e Silva não se recuperaria, decretou o AI-16, declarando vagos os cargos de presidente e vice. Iniciou-se então a luta pela sucessão, vencida com facilidade pelo general Garrastazu Médici.





Emílio Garrastazu Médici

     Ao assumir o poder, no dia 30 de outubro de 1969, o terceiro general-presidente, Emílio Garrastazu Médici, estava disposto a consolidar o poder da "comunidade de informações", e a combater a esquerda utilizando as mesmas táticas da "guerra suja" (supostamente iniciada pelos "terroristas"). Assim sendo, o general deu início àquele que talvez tenha sido o período mais repressivo da história do Brasil.Seu governo se transformaria também num dos períodos mais esquizofrênicos na vida da nação: oficialmente tudo ia às mil maravilhas - o Brasil era o "país grande" que ninguém segurava, o "país que vai pra frente", também era tempo do "milagre econômico" e do famoso conselho "ame-o ou deixe-o". Enquanto isso, nos porões da ditadura, havia tortura, repressão e morte.
De 1969 a 1973, de fato houve um extraordinário crescimento econômico no país, aliado a baixos índices de inflação (18% ao não). O PIB cresceu na espantosa média anual de 11% (chegando a 13% em 1973). Houve uma febre de investimento, grandes obras (muitas delas faraônicas e desnecessárias) e muito dinheiro vindo do Exterior, com juros baixos. O ministro Delfim Netto foi o articulador-mor do "milagre".O próprio Médici acabou se tornando o melhor intérprete dessa incongruência ao declarar, em uma de suas raríssimas entrevistas, que "o Brasil vai bem, mas o povo vai mal". Ele fez o país retroceder aos tempos do Estado Novo, não apenas pela utilização maciça da propaganda para promover o regime, como pelo fato de ter feito do deputado Filinto Müller (o carrasco que servira Getúlio Vargas) presidente do Congresso e chefe do partido do governo, a Arena. De todo o modo, o Legislativo seria reduzido à condição de mero homologador das decisões do Executivo.
Durante o período do gaúcho Médici, nunca houve tanta censura à imprensa, tanto cerceamento das liberdades individuais e de pensamento. E nunca se escutaram tão poucas críticas - a não ser quando espocavam os tiros disparados pela guerrilha urbana e rural. Em outubro de 1972, Médici enterrou outra vez as esperanças de redemocratização do país, promulgando a Emenda Constitucional nº2, modificando a carta outorgada pela Junta Militar, que previa eleições diretas para os governos de Estado em outubro de 1974. Mas, então, um grupo de generais "castelistas" concluiu que era hora de tentar restituir um mínimo de normalidade constitucional à nação - e lançou Ernesto Geisel como candidato à sucessão de Médici. As trevas começaram a se dissipar.





Ernesto Geisel

     Geisel tomou posse no dia 15 de março de 1974 e trouxe de volta ao poder o general Golbery do Couto e Silva. Juntos, articularam um projeto de abertura "lenta, gradual e segura" rumo a uma indefinida "democracia relativa". Mas a crise econômica e a reação da "linha dura" do Exército colocariam permanentemente em cheque os planos de "distensão" imaginados por Geisel e Golbery. Embora disposto a levar em frente seu projeto reformista, Geisel em tomar medidas duras amparadas nos poderes que lhe concedia o Ato Institucional nº 5, o AI-5. A atitude mais ríspida de Geisel contra a oposição foi o fechamento do Congresso, em abril de 1977. Em novembro de 1974, o partido de oposição MDB vencera as eleições, aumentando sua bancada na Câmara e Senado. Assim, em março de 1977, o MDB pôde impedir a aprovação de um projeto do governo para reforma do Judiciário. Denunciando a existência da "ditadura da minoria", Geisel fechou o Congresso e, além de implantar a reforma do Judiciário, baixou uma série de medidas "casuísticas", frenado o avanço do MDB e garantindo a supremacia da Arena.
Apesar dos pesares, Geisel colocaria em prática várias medidas para implementar a "distensão". A primeira delas foi a suspensão da censura prévia à imprensa escrita, no início de 1975 - embora rádio e TV continuassem sob vigilância. Em julho de 1975, Geisel assinou um "programa de cooperação nuclear" entre Brasil e Alemanha, sem consultar a comunidade científica e a sociedade civil.
Na área econômica, Geisel herdou de seu sucessor um país com inflação anual de 18,7% e uma dívida externa de US$ 12,5 bilhões. apesar de durante seu governo o PIB ter crescido espantosos 41%, a inflação chegou aos 40% anuais e a dívida externa disparou para US$ 43 bilhões. Mesmo com todas as crises políticas e econômicas, Geisel não apenas seria o único general-presidente a fazer seu sucessor como conseguiria cumprir a promessa de concretizar sua "abertura lenta e gradual". No dia 1º de janeiro de 1979, extinguiu o AI-5. Em 15 de março passou a faixa para João Figueiredo.





João Baptista Figueiredo

     Como Garrastazu Médici, o quinto general-presidente, João Baptista Figueiredo, também chegou ao poder após chefiar o Serviço Nacional de Informação (SNI). Mas, ao contrário de seu predecessor, Figueiredo teve a missão de concretizar a abertura iniciada por Ernesto Geisel.
Se durante o governo Médici a economia ia bem e o povo mal, durante os seis anos do governo Figueiredo tanto a economia quanto o povo foram mal. A uma série de medidas heterodoxas, drásticas e equivocadas - tomadas pela equipe econômica, liderada por Delfim Netto-, se juntaria a segunda crise internacional do petróleo. A inflação e a dívida interna dispararam. No final de 1983, o PIB caiu em 2,5%, e a dívida externa (que passara de US$ 81 bilhões para US$ 91 bilhões) era responsável por juros anuais de US$ 9,5 bilhões. A crise reforçou os argumentos da oposição e gerou inúmeras greves no ABC paulista e ajudou a deflagrar a campanha pelas Diretas Já.
Para cumprir a promessa da volta à Democracia, assinou a anistia em agosto de 1979 e precisou enfrentar as bombas da linha dura, que no início da década de 80 fez o país retornar à época da "guerra suja". Figueiredo manteve o calendário eleitoral, que previa eleições estaduais para novembro de 1982, embora forçasse o Congresso a adotar medidas restritivas à oposição. Por isso, em abril de 1984, a emenda das diretas-já não foi aprovada. Mas, em janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral e Figueiredo pôde deixar o poder com a promessa cumprida.






José (Sarney) Ribamar Ferreira de Araújo Costa

     Ao assumir o poder, em 15 de março de 1985, como presidente em exercício, o maranhense José Sarney o fez em meio a uma tragédia nacional e numa situação politicamente precária. Escolhido para integrar a chapa de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral como candidato a vice-presidente, Sarney era um oposicionista de ocasião cuja indicação fora, na melhor das hipóteses, engolida pelo PMDB, que, para compor a Aliança Democrática, precisou dessa aproximação com o homem que havia sido presidente da Arena e do PDS.
Sarney estava longe de ser o candidato dos sonhos dos brasileiros e poderia ter passado despercebido ao longo dos quatro anos de mandato, não tivesse Tancredo morrido sem chegar a assumir a Presidência. Ao deixar o governo, em 15 de março de 1990, porém, Sarney entrara para a história como o presidente da redemocratização, o homem que havia legado ao país uma nova Constituição e provocado imensa mobilização nacional em torno de um pacote econômico, o Plano Cruzado. Graças a astuciosas manobras na Constituinte, Sarney também prolongara seu mandato em um ano, permanecendo cinco na chefia da nação.





Fernando Collor de Mello

     Foi o mais jovem presidente da República - tinha 40 anos quando foi eleito, em dezembro de 1989. Collor chegou ao poder com mais de 35 milhões de votos, vencendo Luís Inácio Lula da Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores), no segundo turno. A principal bandeira levantada por ele, na campanha para a presidência pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN), foi a caça aos "marajás" (funcionários públicos com altos salários). Em pouco tempo, pulou de 1% da intenção de votos para se tornar um dos maiores fenômenos eleitorais do país.
Sua primeira medida de impacto, após tomar posse em 1º/01/1990, foi o Plano Collor. Idealizado pela equipe da ministra Zélia Cardoso de Mello, o plano acabou com o cruzado, que voltou a ser chamado de cruzeiro, e, por meio de um pacote com 17 medidas provisórias, bloqueou por 18 meses todo o dinheiro existente nas contas correntes e na poupança dos brasileiros - com exceção de Cr$ 50 mil (equivalentes a US$ 50), que podiam ser sacados de imediato.
Também implementou um programa de privatização de empresas estatais e medidas de contenção no Executivo. Mas logo começaram a pipocar denúncias de corrupção contra assessores próximos ao governo e o próprio presidente. A primeira pessoa que se levantou contra Collor foi seu irmão Pedro Collor de Mello, que denunciou Paulo César Farias, o PC. Essas denúncias levaram à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pelo Congresso. Em agosto de 1992, foi autorizado, pelo Congresso, a abertura de um processo de impeachment. Com isso, Collor foi obrigado a deixar o cargo e aguardar a decisão.





Itamar Agusto Cautiero Franco

    A exemplo do maranhense Sarney, o mineiro Itamar Franco jamais habitara os anseios dos brasileiros. Ainda assim a Constituição lhe destinou a árdua tarefa de comandar um país combalido pela inflação e assombrado pela corrupção do governo Collor, que acabara de cair. O governo Itamar durou do final de 1992 a janeiro de 1995 e lançou o mais bem-sucedido de todos os planos econômicos e fez o seu sucessor. Foi sob sua gestão que o país veria nascer o Plano Real, que apresentou às jovens gerações de brasileiros a vida fora da hiperinflação e que acabou conduzindo à presidência seu principal mentor, o ministro da Economia, Fernando Henrique Cardoso.
 Embora não tenha se caracterizado pela energia e vigor, nem pela firmeza das decisões do mandatário, o governo Itamar entrou para história menos por seus feitos políticos e façanhas econômicas do que pelas atitudes polêmicas de seu protagonista. Foi assim, por exemplo, quando Itamar Franco, decidido a proporcionar a milhões de brasileiros a possibilidade de realizar o sonho de adquirir um carro, pediu - e conseguiu - que a Wolkswagen voltasse a produzir o velho Fusca (sem levar em conta que os avanços da indústria o haviam tornado obsoleto e dispendioso). Apesar de ter fracassado, a iniciativa lançou as bases de uma nova geração de carros "populares", a preços mais acessíveis.







Fernando Henrique Cardoso

    Ao fazer uma coligação com PFL, Fernando Henrique Cardoso seguiu os passos de Tancredo Neves, que também se unira ao mesmo partido (aliança que resultou na presidência de José Sarney). Ao formar uma chapa com o líder do PFL, Marco Maciel, Fernando Henrique não estava rompendo apenas com sua bibliografia, estava alterando os rumos de sua biografia. Criado em 1984, o PFL nada mais é do que uma dissidência do PDS, formada por políticos ligados ao regime militar (como Sarney e Marcos Maciel, mais Jorge Bornhausen e Aureliano Chaves, vice de João Figueiredo).Coligações, é claro, fazem parte do jogo democrático. Reeleição também. Mas o fato é que a aliança com o PFL ajudou a estabelecer um perfil muito mais conservadora ao governo FHC do que se poderia supor a partir da análise da vida pregressa do 38º presidente da República. Quanto a emenda constitucional que permitiu Fernando Henrique Cardoso candidatar-se à reeleição, o fato foi considerado por alguns dos mais respeitáveis analistas políticos do país como uma espécie de "golpe branco", já que alterou as regras do jogo sucessório em benefício do próprio governo.
De todo modo, é possível que o governo FHC, passe para a história sob a égide do sucesso do Plano Real, que, apesar dos índices de desemprego, da crise na saúde pública e do flagelo social que ainda assola cerca de 20 milhões de miseráveis, melhorou a vida dos brasileiros: 8 milhões deles teriam saído da "linha de pobreza". As estrelas do Real foram o frango (cuja produção aumentou em 1 milhão de toneladas, entre 1993 e 1997), o iogurte (a produção dobrou em três anos), as TVs (8,5 milhões foram vendidas em 1996), as geladeiras (4 milhões vendidas em 1996) e, segundo o próprio Fernando Henrique, as dentaduras ("O povo está botando dente", disse ele, em setembro de 1997. Dados oficiais informam que 1,4 milhão de brasileiros não têm um só dente na boca). Ainda assim, a transparência do governo foi comprometida por escândalos políticos e financeiros que, embora não envolvam pessoalmente o presidente, rivalizam, pelo menos nos números, com a roubalheira dos anos de lama da era Collor.



Fernando Henrique Cardoso


     Ao fazer uma coligação com PFL, Fernando Henrique Cardoso seguiu os passos de Tancredo Neves, que também se unira ao mesmo partido (aliança que resultou na presidência de José Sarney). Ao formar uma chapa com o líder do PFL, Marco Maciel, Fernando Henrique não estava rompendo apenas com sua bibliografia, estava alterando os rumos de sua biografia. Criado em 1984, o PFL nada mais é do que uma dissidência do PDS, formada por políticos ligados ao regime militar (como Sarney e Marcos Maciel, mais Jorge Bornhausen e Aureliano Chaves, vice de João Figueiredo).Coligações, é claro, fazem parte do jogo democrático. Reeleição também. Mas o fato é que a aliança com o PFL ajudou a estabelecer um perfil muito mais conservadora ao governo FHC do que se poderia supor a partir da análise da vida pregressa do 38º presidente da República. Quanto a emenda constitucional que permitiu Fernando Henrique Cardoso candidatar-se à reeleição, o fato foi considerado por alguns dos mais respeitáveis analistas políticos do país como uma espécie de "golpe branco", já que alterou as regras do jogo sucessório em benefício do próprio governo. De todo modo, é possível que o governo FHC, passe para a história sob a égide do sucesso do Plano Real, que, apesar dos índices de desemprego, da crise na saúde pública e do flagelo social que ainda assola cerca de 20 milhões de miseráveis, melhorou a vida dos brasileiros: 8 milhões deles teriam saído da "linha de pobreza". As estrelas do Real foram o frango (cuja produção aumentou em 1 milhão de toneladas, entre 1993 e 1997), o iogurte (a produção dobrou em três anos), as TVs (8,5 milhões foram vendidas em 1996), as geladeiras (4 milhões vendidas em 1996) e, segundo o próprio Fernando Henrique, as dentaduras ("O povo está botando dente", disse ele, em setembro de 1997. Dados oficiais informam que 1,4 milhão de brasileiros não têm um só dente na boca). Ainda assim, a transparência do governo foi comprometida por escândalos políticos e financeiros que, embora não envolvam pessoalmente o presidente, rivalizam, pelo menos nos números, com a roubalheira dos anos de lama da era Collor.