Família real portuguesa desembarca no Rio em março de 1808; saiba mais
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WANDERLEY PREITE SOBRINHO
Colaboração para a Folha Online
A decisão da família real portuguesa de deixar Lisboa e rumar para o Rio de Janeiro, 200 anos atrás, salvou a dinastia de d. João e preparou o Brasil para a independência.
Depois de deixar Lisboa, d. João atracou em Salvador no dia 22 de janeiro de 1808. Na antiga capital da colônia, o príncipe regente permaneceu um mês, tempo suficiente para abrir os portos ao comércio exterior. Era o fim do pacto colonial.
No dia 7 de março de 1808, a família real finalmente chegou ao Rio de Janeiro, a nova capital do império. Sem um grande palácio para recebê-los, os casarões foram adaptados às necessidades da corte.
"Os prédios eram muito inferiores aos de Portugal. Não dava para chamar aquilo de palácio', diz o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Assim que se instalou no Brasil, d. João tentou preservar a rotina que mantinha em Portugal. "Seu dia era dividido em despachos com ministros, recepção de súditos e aparições públicas", diz o historiador João Garrido Pimenta, professor da USP (Universidade de São Paulo).
Autonomia do Brasil
"A prioridade de Portugal sempre foi manter a unidade do império", diz Cavalcanti. Mas para que o Rio fosse a capital do reino, d. João precisou abrir concessões que resultaram na independência do Brasil.
Ele permitiu a instalação da imprensa, fundou a marinha, a academia militar e um hospital também militar.
Foi também em seu tempo que foram criadas uma fábrica, duas escolas de medicina, além da Biblioteca Real, Jardim Botânico, academia das Belas Artes e o Banco do Brasil.
Uma de suas principais medidas foi a concessão de autonomia administrativa ao Brasil, em dezembro de 1815. "A decisão foi importante, mas não passou de uma formalização do que já acontecia desde que a família real se instalou no Rio", diz Pimenta.
A abertura dos portos, em compensação, foi um desastre para o país porque anulou outra decisão tomada ainda em 1808: a permissão para o desenvolvimento da indústria no país. "As importações mataram a indústria nacional."
Em 1816, a rainha morre e o príncipe regente é coroado rei dois anos depois. Foi quando os portugueses começaram a exigir o retorno do agora d. João 6º para Lisboa. No Brasil, por outro lado, começavam as manifestações contra o monarca.
"O rei não ficou porque gostava o Brasil, como afirmam alguns, mas porque poderia perdê-lo se voltasse para Portugal", afirma Pimenta. "A revolta pernambucana, em 1817, foi movida contra o império."
E d. João estava certo. Quando a Revolução do Porto eclodiu em Portugal, em 1820, os revolucionários fizeram questão do retorno da corte a Portugal.
O imperador deixou o Brasil em 1821. No ano seguinte, viu seu filho Dom Pedro proclamar a independência do território que governou por 13 anos.
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