João Fabio Bertonha
A obra História em Movimento: Fascismo, Nazismo, Integralismo, de João Fábio Bertonha (*), é paradidática e de fácil compreensão, constituindo-se numa importante introdução a temas densos como o Fascismo, o Nazismo e o Integralismo.O autor é doutor em História pela Unicamp, com pesquisa sobre a ação dos fascistas italianos no Brasil entre 1919 e 1943 e, atualmente, professor efetivo do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (UEM).Logo de início, sugere que, embora muitos julguem o fascismo superado, não está morto e tampouco pertence a um passado distante e a regiões desconhecidas. Ao contrário, continua vivo em centros importantes como a Alemanha, a França, a Iugoslávia e a Áustria, tornando necessária a consciência e o posicionamento de todos acerca de tal realidade.No Capítulo I, Bertonha faz um passeio sobre a grave crise econômica, política e social da década de 30, período áureo do fascismo como resposta ao movimento socialista. O fascismo contou com o apoio da burguesia italiana, pois as dificuldades enfrentadas pelo povo abriram caminhos para o desenvolvimento de ideologias perigosas para a humanidade.Também as origens do movimento foram enfocadas: a marcha sobre Roma, a conquista do Estado e a Resistência Italiana. O autor faz um claro percurso sobre como a Itália se comportou durante os 20 anos de domínio fascista.Para atingir o objetivo de formar uma sociedade cooperativa era preciso manipular todos os setores da sociedade. O sistema educacional era usado como meio de transformar a juventude em instrumento a seu serviço e a imprensa servia como veículo de doutrinação dos adultos.Bertonha não esqueceu, ainda, de analisar as fontes do nazismo, mostrando que o descontentamento do povo possibilitou a ascensão de Hitler, um austríaco sem nenhuma tradição política que colocou em prática a ideologia nazista com o objetivo de formar uma raça pura, a ariana. Para isso era necessário eliminar todos os que não se enquadravam em seus padrões: africanos, asiáticos, judeus, ciganos, homossexuais e comunistas.Finalmente, o autor descreveu o integralismo no Brasil, que atuou como espécie de máscara do fascismo tradicional. O principal articulador foi o jornalista e escritor Plínio Salgado, cuja luta tinha como alvo o combate ao capitalismo liberal e ao comunismo, considerado ateísta e materialista. A ideologia não era estável, mudava seguindo o rumo dos acontecimentos políticos e sociais do país.No seu auge, o movimento integralista contou com um milhão de militantes e o apoio em todos os setores da sociedade. Apesar disto, não conseguiu chegar ao poder, sendo sufocado pelo Estado-Novo.Bertonha põe o integralismo no mesmo patamar que o fascismo e o nazismo. Em nossa opinião, igualizou o inigualável, já que o líder integralista Plínio Salgado sequer concordava com o anti-semitismo e com o imperialismo.A ideologia adotada por Plínio Salgado, como católico fervoroso, era de evitar o comunismo e o capitalismo liberal, sua luta estava centrada na manutenção da moral e dos bons costumes, valores que fundamentavam uma sociedade de bases agrícolas, controladas por um estado centralizador.O clima de incerteza e insatisfação social, política e econômica é campo fértil para o florescimento de ideologias que despertam paixões em muitos e dor e sofrimento em tantos outros. As dominantes chegam com enorme facilidade em todas as partes do nosso mundo globalizado.A frase do líder do Partido da Liberdade da Áustria, Jorge Haider, resume bem o clima atual de exclusão social: Somos contra todos os que não são como nós.Por isso, é preciso atentar: aqueles que não são como eles podem ser eu, você, nós.Já pensou sobre isso?(*) BERTONHA, João Fábio. História em Movimento: Fascismo, Nazismo, Integralismo. São Paulo: Ática, 2000.
Fonte:http://www.netsaber.com.br
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