27 de março de 2009

O Massacre dos Gatos

Nadir Costa



Em O Grande Massacre dos Gatos, Robert Darnton relata alguns episódios da história cultural francesa, que incluem os rituais medicinais e a própria matança dos gatos. Os gemidos e os gritos desses animais estavam relacionados à feitiçaria, orgia, traição sexual, baderna e massacre, bem como também poderiam curar muitos males.

Século 17: massacre de gatos. Estes felinos eram vistos pelos supersticiosos como amigos das bruxas, principalmente o gato preto. Na frança e outros países começa um genocidio destes animais. Os gatos eram inimigos naturais dos ratos que transmitem peste e leptospirose. Resultado? Milhares de pessoas morrem. Os pobres felinos pagam pela ignorância.

Gatos são noturnos em seus hábitos, seus olhos brilham no escuro e sua habilidade de se mover rápida e silenciosamente, pode chegar a intimidar. Esta provavelmente foi a razão de o inofensivo gato tornar-se indissoluvelmente associado a bruxas, demônios e poderes ocultos.

Acreditava-se que o gato tinha um pacto com o próprio Diabo, e que também era capaz de causar tempestades ou ser uma bruxa disfarçada. Coisas terríveis aconteciam a eles; eram queimados em rituais cerimoniosos destinados a expulsar espíritos maus, enterrados vivos, e citados em todos os julgamentos de bruxas conhecidos nos séculos 16 e 17.

A histeria e a paranóia naqueles tempos era tão grande, que alguém que gostasse de um gato era suspeito de ser um iniciado em magia negra. O hábito do gato gostar de dormir na cama do dono, ou eriçar o pêlo, eram consideradas evidências de algo sombrio, de relacionamento demoníaco.

Essa convicção sobreviveu até nossos dias. Em 1929, por exemplo, houve uma virtual epidemia de massacre de gatos na Pensylvannia. Acreditava-se que, se um gato fosse imerso em água fervente, e morto, um dos seus ossos se tornaria um poderoso talismã contra feitiçaria.

Igualmente a hedionda prática de que enterrar um gato na fundação de um edifício traria sorte, continua até o século presente. Este antigo ritual às vezes culminava também com sacrifícios humanos.



Resumo


Os trabalhadores se revoltam: O grande massacre de gatos na rua Saint-Séverin

O operário, Nicolas Contat narra a história que se passou quando ele ainda era estagiário na gráfica de Jackes Vicent, na cidade de 1730.

Ele começa dizendo como era difícil a vida do aprendiz destacando dois: Jerome e Léveillé. Na narrativa Contat diz que os aprendizes dormiam em um quarto sujo e gelado, que tinham que levantar antes do amanhecer, trabalhavam antes do amanhecer, trabalhavam o dia inteiro, não recebiam nada para comer, a não ser as sobras do patrão ou ainda comida de gatos. Através dessas injustiças Jerome e Lévillé começaram a criar um ódio pelos gatos e os patrões que privilegiaram mais os gatos do que aos operários das gráficas, ou seja os gatos eram as paixões dos burgueses, enquanto os operários eram desprezados.

A noite os aprendizes não conseguiam dormir em razão aos uivos dos gatos no telhado, e, após uma noite mal dormido tinham que levantar as quatro ou cinco da manhã para abrir os portões para os trabalhadores assalariados enquanto que o patrão dormia até tarde.

Os rapazes resolveram dar um jeito nessa situação Léveillé, subiu no telhado foi até a área próxima do quarto do patrão e começou a imitar os uivos dos gatos, fez isso durante algumas noites. Depois desses episódios os patrões pensavam que estavam sendo enfeitiçados e em vez de chamar o padre deram ordem para os operários para se livrarem dos gatos. A patroa pediu que a sua gata preferida (la grise) fosse poupada.

Jerome e Léveillé ajudados pelos assalariados, começaram a matar os gatos com cabos de vassouras, barras de impressora e outros instrumentos, a começar por la grise todos os gatos alcançados foram mortos. Depois encenaram um julgamento, gatos ainda semimortos foram julgados e enforcados. A patroa atraída pelas gargalhadas chegou e soltou um grito, percebendo que algum daqueles gatos poderá ser la grise, mas os homens lhes garantiram que não, pois tinham muito respeito pela “casa”, o patrão ao ver a algazarra teve um acesso de raiva pela paralisação do trabalho, sua esposa ainda tentou lhe dizer o caso era de insubordinação, ou seja mais grave do que ele pensava.

Por vários dias Leveillé encenou o espetáculo através de mímica, principalmente quando queriam trazer alegria para oficina e os incidentes da vida na oficina eram encenados com zombaria mas tudo era voltado para o divertimento. Contat destaca no texto que Léveillé fazia mais engraçadas cópias que já vira, ou seja ele criticava e ridicularizava o patrão a patroa, e em razão disso será perdoado por algumas zombarias anteriores contra os operários.

Segundo Robert Darnton, o leitor moderno não acha engraçado um grupo de homens balindo como bodes enquanto um adolescente reencena a morte de um animal indefeso e que o que ocorreria na maioria dos leitores é de que o massacre dos gatos foi um ataque indireto ao patrão e sua mulher. A causa dessa revolta nos é mostrado nos livros da STN. Os operários eram despedidos por qualquer falha ou doença em seus lugares eram colocados compositores ou aprendizes, e por causa das bebedeiras o serviço era falho por isso os mestres procuravam trabalhadores assíduos.

A STN contratavam recrutadores que mandavam trabalhadores de outras cidades, para eles os artesãos do século XVIII eram preguiçosos constantes e não mereciam confiança, para que os operários não fugissem após o pagamento os patrões guardavam seus pertences, mas podiam ser despedidos mesmo que trabalhassem com zelo. A STN era abastecido conforme queria.

Enfim os assalariados e os patrões podem ter vividos juntos com família feliz em algum período, em alguma parte da Europa, mas não nas gráficas da França e da Suíça no século XVIII.

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