Nadir Costa
A História como re-representação da experiência passada”, in Patrick Gardiner, Teorias da História, 4ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,
Segundo o autor o historiador estabelece o exterior e o interior de um acontecimento, investigando as ações de um acontecimento numa descoberta do exterior se imaginando dentro dessas ações. Representando o passado criticando e corrigindo erros quando houver. Se interessando pelos costumes sociais que os homens criam pelo pensamento.
Para compreender a História o historiador parte do fato de que o passado não é um dado que ele possa apreender empiricamente pela percepção, visto que o único conhecimento do passado que lhe é possível é dedutivo ou indireto, nunca empírico, e a mediação não pode realizar-se por testemunha. Pois essa mediação forneceria quando muito uma crença infundada e improvável. Além do mais sua atitude é criticá-las e não acreditar nelas. Quando um homem pensa historicamente, tem diante de si certos documentos ou relíquias do passado, sua incumbência é descobrir que passado é esse que deixou tais relíquias, e o que essa pessoa queria que elas significasse. Para descobrir esse pensamento o historiador deve pensá-lo de novo ele mesmo. Para Collingwwod, o historiador numa primeira interpretação tratará apenas de cópias de pensamentos passados e não dos próprios pensamentos passados, ou ainda de que ele nunca pode repensar pensamentos passados, visto que o ato de pensar representa experiência individual e nenhuma experiência é rigorosamente igual a outra.
A história não pode existir daquilo que não é experiência, nem pode haver, história da natureza. A natureza contém processos, está submetida a eles. Ainda que a única condição que tornaria possível uma história da natureza seria se os fenômenos da natureza fossem ações praticadas por algum ou alguns seres pensantes. O autor cita ainda que não pode existir história de nada que não seja pensamento. O historiador procura dominar a história de um pensamento em que não pode penetrar pessoalmente, acontecerá que em vez de escrever a sua historia, se limitará a repetir os relatos que registram os fatos externos de sua evolução. O conhecimento objeto tem, pois, como verdadeiro objeto o pensamento, não coisas sobre que se pensou, mas o próprio ato de pensar.
Para que qualquer ato de pensamento se torne objeto da história, é preciso que ele seja um ato não só de pensamento, mas também de pensamento refletivo. Um ato é algo mais do que um mero fenômeno individual; é algo que tem um caráter universal. As características destes atos é que eles sejam praticados, segundo a expressão corrente, de propósito; que exista, como fundamento, um propósito sobre o qual se erga toda a estrutura do ato e com o qual esteja de acordo. Toda ação propositada tem de ser ação prática, conceber o propósito, e depois, levá-lo a cabo, o que é uma atividade prática que sobrevêm a teorética. O que vem a ser um erro, pois tem influenciado a teoria e a prática da historiografia levando muita gente a pensar que o único objeto possível da história é a vida prática dos homens. Não é verdade que uma pessoa interessada em pensamento teorético esteja agindo sem um propósito, visto que a diferença entre conceber e realizar um propósito não ficou corretamente definida quando se disse que era a diferença entre um ato teorético e um prático.
O cientista, o historiador e o filósofo avançam não menos do que o homem prático, nas suas atividades de acordo com planos pensando intencionalmente, alcançando resultados planejados conforme critérios originados dos próprios planos, e que o historiador seja capaz de o interpretar, ou seja, de re-presentar no seu próprio espírito o pensamento que é objeto do seu estudo, considerando o problema, e reconstruindo os degraus através dos quais se foi tentado a sua solução.
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