
Os homens passaram por várias mudanças. Com os hominídeos a locomoção ficou diferente, sobre dois membros, em posição vertical, o que chamamos de bipedalismo.
Mas muito antes do gênero Homo, vivia no leste e sul da África o hominídeo Australopitecus. Uma mudança climática também possibilitou a aparição de espécies animais como os antílopes e bugios. O Australopitecus alimentava-se de frutos, raízes e folhas.
O bipedalismo foi um dos acontecimentos mais marcantes da evolução humana, pois a libertação das mãos facilitou a caça, a fabricação de objetos e a vizualização das grandes feras. O homem ganhou maior mobilidade e conquistou o planeta.
O primeiro representante do gênero Homo é o Homo habilis, que evoluiu na África sem a extinção do Australopitecus. Um pouco mais alto e com membros superiores mais curtos, o Habilis não se locomovia com o auxílio das mãos. Ele não era ainda um grande caçador, mas rapinante (cortava cadáveres de grandes animais, como hipopótamos).
A aquisição da linguagem desenvolveu o pensamento e a construção de cultura. Com a evolução do tamanho do cérebro, o homem ganhou maior consciência e raciocínio. O desenvolvimento da linguagem oral é uma conseqüência da adaptação e evolução do cérebro.

Na seqüência evolutiva, Homo erectus – postura ereta – dominou o fogo. O primeiro conjunto fóssil do erectus foi encontrado em Java, depois na China, na África e na Europa. O mais conhecido fóssil de erectus é o Homem de Pequim. O certo é que o erectus, nascido na África, se dispersou e se diversificou segundo as regiões em que habitou.
O domínio do fogo aconteceu a aproximadamente 800 mil anos, segundo evidências em uma caverna próximo a cidade de Pequim na China. O fogo foi de extrema importância, pois possibilitou afastar as feras, partir pedras, fabricar cerâmicas, iluminar-se, aquecer-se e cozer os alimentos. As chamas davam luz à noite, permitia a realização de atividades não somente determinada pela luz solar, além de explorar o interior de cavernas. O homem pôde controlar o processo de queima e o mistério do calor. O fogo ainda conferiu um sentimento novo, uma nova liberdade, fonte de alegria e segurança. O homem se afirmou em relação ao animal. A vida passou a organizar-se de maneira mais estável, complexa e organizada, contribuindo com a organização social.
Com o “surgimento” da caça, o homem pôde imaginar novas armas. Foi uma importante atividade que devia ser planejava e pensada no coletivo. Com ela o homem aprendeu a trazer a caça ao “acampamento” e a partilhar, trocar, etc.
A passagem do Homo erectus ao Homo sapiens foi acompanhada por transformações. Do Homo sapiens há duas subespécies: o Homo sapiens neandertalensis e o Homo sapiens sapiens.

O homem de Neandertal viveu na Europa e na Ásia. Seu nome é o de um vale alemão onde foi encontrado a primeira espécie, em 1856. O neandertal é caracterizado como de altura baixa (menos de 1,6 m), musculatura vigorosa, poderosa dentadura e crânio desenvolvido. Ele era do frio, já que na Europa havia glaciações. Para se proteger do frio, ele se instalava em grutas voltadas para o sul ou construía tendas de pele. Caçava animais pequenos e grandes, pescava e comia moluscos, cozinhava seu alimento e fabricava instrumentos de pedra. Além disso, o Neandertal enterrava os seus mortos. Este fato é importante, uma vez que o cuidado com os mortos antes não existia. Traços de ritual funerário foram encontrados, sendo que o cerimonial incluía o enterro dos corpos deitados de lado e cercados de oferendas. Seu desaparecimento permaneceu inexplicado.
O sapiens sapiens se espalhou por toda a terra, a cerca de 20 a 40 mil anos atrás: a América, a Nova Guiné, a Austrália e o Japão possuem registros. A sua cultura evoluiu de maneira a nos revelar as primeiras manifestações artísticas indiscutíveis. Era coletor e caçador. Os vegetais, frutos, moluscos (possivelmente comiam caracóis, pelo grande número de conchas encontradas por arqueólogos), mel e ovos de aves faziam parte de seu regime alimentar – e não eram apenas complementos, uma vez que a caça nem sempre se concretizava. Como não podia conservar seus alimentos, consumia-os rapidamente.
O sapiens sapiens aperfeiçoou a linguagem, e os instrumentos criados anteriormente foram melhor utilizados graças a uma aceleração técnica e cultural. O crânio desenvolveu-se, as maxilas passaram a ser menos poderosas. Possuía espírito criativo, desenvolvendo a arte com pinturas gravadas nas paredes das cavernas.

O homem passou a usar instrumentos cada vez mais sofisticados e especializados pelo trabalho, ‘pedra polida’, arco e flecha, harpão, agulha de costura.. O homem passou a dominar a natureza, procurando vencê-la. Aos poucos, arte, religião e magia relacionaram-se na expressão de sentimentos e emoções da vida cotidiana que passaram a ser ordenados para satisfazer as suas necessidades psicológicas.
Referências bibliográficas:
BOURGUIGNON, André. História Natural do homem. Vol.1: O homem imprevisto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
CHILDE, Gordon. A Evolução cultural do homem. 5ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
CLARKE, Robert. O Nascimento do homem. Lisboa: Gradiva, 1980.
GUGLIELMO, Antônio Roberto. A Pré-história. Uma abordagem ecológica. São Paulo: Brasiliense, 1991.
LEAKEY, Richard & LEWIN, Roger. O Povo do Lago. São Paulo: Melhoram0entos, 1988.
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