23 de outubro de 2013
PAS - 2013 - Obras de Filosofia
Biblioteca "Castro Alves" do Colégio Estadual Desembargador Dilermando Meireles - Ceddim: PAS - 2013 - Obras de Filosofia: Para alunos que vão prestar o vestibular seriado da UnB (PAS) este ano, são as seguintes as obras de Filosofia: Descartes -...
14 de outubro de 2013
20 de setembro de 2013
A história como Re-presentação da experiência passada.
Nadir
Costa
A
História como re-representação da experiência passada”, in
Patrick Gardiner, Teorias
da História,
4ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,
Segundo o autor, o historiador estabelece o exterior e o interior de
um acontecimento, investigando as ações de um acontecimento numa
descoberta do exterior se imaginando dentro dessas ações.
Representando o passado criticando e corrigindo erros quando houver.
Se interessando pelos costumes sociais que os homens criam pelo
pensamento.
Para compreender a História o historiador parte do fato de que o
passado não é um dado que ele possa apreender empiricamente pela
percepção, visto que o único conhecimento do passado que lhe é
possível é dedutivo ou indireto, nunca empírico, e a mediação
não pode realizar-se por testemunha. Pois essa mediação forneceria
quando muito uma crença infundada e improvável. Além do mais sua
atitude é criticá-las e não acreditar nelas. Quando um homem pensa
historicamente, tem diante de si certos documentos ou relíquias do
passado, sua incumbência é descobrir que passado é esse que deixou
tais relíquias, e o que essa pessoa queria que elas significasse.
Para descobrir esse pensamento o historiador deve pensá-lo de novo
ele mesmo. Para Collingwwod, o historiador numa primeira
interpretação tratará apenas de cópias de pensamentos passados e
não dos próprios pensamentos passados, ou ainda de que ele nunca
pode repensar pensamentos passados, posto que o ato de pensar
representa experiência individual e nenhuma experiência é
rigorosamente igual a outra.
A história não pode existir daquilo que não é experiência, nem
pode haver, história da natureza. A natureza contém processos, está
submetida a eles. Ainda que a única condição que tornaria possível
uma história da natureza seria se os fenômenos da natureza fossem
ações praticadas por algum ou alguns seres pensantes. O autor cita
ainda que não pode existir história de nada que não seja
pensamento. O historiador procura dominar a história de um
pensamento em que não pode penetrar pessoalmente, acontecerá que em
vez de escrever a sua historia, se limitará a repetir os relatos que
registram os fatos externos de sua evolução. O conhecimento objeto
tem, pois, como verdadeiro objeto o pensamento, não coisas sobre que
se pensou, mas o próprio ato de pensar.
Para que qualquer ato de pensamento se torne objeto da história, é
preciso que ele seja um ato não só de pensamento, mas também de
pensamento refletivo. Um ato é algo mais do que um mero fenômeno
individual; é algo que tem um caráter universal. As características
destes atos é que eles sejam praticados, segundo a expressão
corrente, de propósito; que exista, como fundamento, um propósito
sobre o qual se erga toda a estrutura do ato e com o qual esteja de
acordo. Toda ação propositada tem de ser ação prática, conceber
o propósito, e depois, levá-lo a cabo, o que é uma atividade
prática que sobrevêm a teoria. O que vem a ser um erro, pois tem
influenciado a teoria e a prática da historiografia levando muita
gente a pensar que o único objeto possível da história é a vida
prática dos homens. Não é verdade que uma pessoa interessada em
pensamento teorético esteja agindo sem um propósito, uma vez que a
diferença entre conceber e realizar um propósito não ficou
corretamente definida quando se disse que era a diferença entre um
ato teorético e um prático.
O cientista, o historiador e o filósofo avançam não menos do que o
homem prático, nas suas atividades de acordo com planos pensando
intencionalmente, alcançando resultados planejados conforme
critérios originados dos próprios planos, e que o historiador seja
capaz de o interpretar, ou seja, de re-presentar no seu próprio
espírito o pensamento que é objeto do seu estudo, considerando o
problema, e reconstruindo os degraus através dos quais se foi
tentado a sua solução.
O engenho colonial.
Nadir Costa
Teixeira em seu livro O Engenho Colonial, relata o dia-a-dia da
sociedade canavieira na época colonial, ele cita a importância do
nascimento de descendente varão do senhor e que isso era motivo de
festa. O autor enfatiza o poder do senhor em relação aos seus
familiares, escravos e os agregados da propriedade.
No livro de Arruda; o senhor de Engenho era a pessoa que detinha o
maior poder dentro da família e da sociedade brasileira daquela
época. De forma idêntica; Maria Cristina Giovani diz em seu livro:
“ os senhores de engenhos eram os mais importantes e influentes
proprietários de terra, tinham grande poder econômico, social e
político, eram temidos. Todas as pessoas que viviam em suas
propriedades estavam sob seu domínio e deviam obedecê-lo, tinham
poder de vida e morte sobre seus escravos, trabalhadores livres e
seus familiares.
O autor cita que o trabalho dos escravos era duro e eram
constantemente vigiados pelos feitores e a qualquer deslize era
castigado a chicotadas, e se cometessem alguma falha ou fugissem eram
levados ao tronco e o castigo era visto por todos os que estivessem
na propriedade.
Piletti diz: “ que os escravos começavam a trabalhas ao raiar do
dia e só paravam ao escurecer. Quase não tinham descanso. Nos
engenhos as condições de trabalho eram extremamente duro, tanto nos
canaviais quanto nas moendas e nas caldeira”.
Tanto Piletti quanto Teixeira concordam em relação a alimentação
dos escravos; que eram insuficientes e de péssima qualidade, e que
eles aproveitavam as sobras das comida dos senhores, principalmente
nos dias de festa.
Quando havia festas as mulheres vestiam suas melhores roupas, os
escravos eram também vestidos para acompanhar seus donos ,
principalmente quando a festa era em outra propriedade.
Ao se comparar o autor com outros autores de livros didáticos
percebe-se que na maioria deles há uma certa semelhança dos fatos,
apesar de que os livros didáticos trazem os conteúdos muito
resumido, levando o leitor a ter que examinar várias obras para
completar o entendimento.
Os manuais erram pela omissão, redução e simplificação ao não
considerar todo o processo histórico em curso no continente. Sobre
a escravidão no Brasil, o exemplo mais claro disso é a forma como o
negro é tratado nos livros didáticos, mesmo os mais politicamente
corretos, acabam tratando o negro como objeto. “ A maioria das
figuras nos livros, mostram sempre o negro apanhando, em uma situação
constrangedora em relação ao branco”. Ignoram os casos de
ascensão social de negros. Há registro de negros que se tornaram
livres e compravam escravos.
Teixeira
Jr., Luiz Alexandre: O Engenho Colonial. O Cotidiano da
História. Editora Ática.
O que é etnocentrismo
Cada sociedade possui sua própria cultura, sua própria visão do
mundo. A comparação e o confronto entre estas diversas identidades
são objetivos do etnocentrismo, com isso busca compreender melhor o
próprio ser humano e sua relação com o mundo que o cerca. Com a
descoberta do Novo Mundo, começa a surgir modelos explicativos das
diferenças entre esses povos. Desses encontros, entre “eu” e a
sociedade do “outro”, surge a ideia de perplexidade por que ele o
“eu” não conhecia o “outro” e assim o século é marcado
pela perplexidade.
Talvez possamos comparar o etnocentrismo a nós mesmos, visto que
somos seres absolutamente voltados para nosso próprio “eu”. A
partir do momento que os seres humanos granjearam a capacidade de
pensar, passaram a considerar seu próprio “eu” como centro de
todo interesse, muitas vezes defendendo somente o que lhe é
conveniente e não o que talvez seja verdadeiro. Entretanto tais
formas de pensamentos só interessam a nós mesmos ou a uma minoria
restrita, esses valores são interpretados de acordo com o interesse
de um pequeno grupo de pessoas e quase nunca é visto pelo “senso
comum”, que talvez vá beneficiar um grande número de pessoas.
Etnocentrismo é algo que cada ser e cada sociedade carrega dentro de
si, são fórmulas avaliativas que nos coloca simplesmente em moldes
já preestabelecidas de condutas que já existem. Se olharmos para o
etnocentrismo sob uma ótica independente de valores estabelecidos,
vamos alcançar um dia uma sociedade quase utópica.
Se colocarmos o etnocentrismo de lado, vamos perceber que
absolutamente nada é regra, se ao julgarmos povos ou grupos
estrangeiros pelos padrões e práticas de sua própria cultura,
veremos que o etnocentrismo trouxe normas e valores a serem seguidos
e aprovados pela sociedade, não se preocupando nem um pouco com a
verificação do que realmente seria verdadeiro na organização de
uma sociedade.
Certos grupos são tidos como
exemplos a serem seguidos e outros como totais “aberrações da
natureza”, visto que durante muito tempo presumiu-se que era certo
somente aquilo que uma minoria tem como: costumes crenças, religião
e cultura, sem preocupação com a constatação do certo ou errado
na formação dos seres humanos, que se veem
obrigados a relacionarem com várias culturas existentes.
BANDEIRANTISMO: VERSO E REVERSO
Fichamento
Nadir Costa
INTRODUÇÃO
DAVIDOFF,
Carlos Henrique. Bandeirantismo:
verso e reverso. São
Paulo: Brasiliense, 1982. (Coleção Tudo é História)
Para boa parte das pessoas, o tema
Entrada e bandeiras provavelmente ainda evoque a imagem dos heróis
paulistas do século XVII, dos “construtores épicos do Brasil”,
dos “aventureiros” que expandiram as fronteiras e em cujo rastro
se fez a ocupação do interior e dos sertões. (p.07).
Destas três imagens, a mais cultivada
e que contou com maior poder de difusão para o público foi a
primeira, a dos “construtores épicos do Brasil”, a dos heróis
paulistas. (p. 08)
Hoje, passados já mais de 50 anos do
tempo em que se construía a epopéia dos bandeirantes, não é mais
possível navegar nas mesmas águas, pois, contrastada com o conjunto
mais amplo da produção historiográfica realizada sobre o Brasil
Colônia e sobre as próprias bandeiras, ela parece francamente
datada. (p.09).
São Vicente e São Paulo de Piratininga: o cenário histórico do bandeirante.
Como se sabe, o núcleo inicial da
cidade de São Paulo foi o Colégio fundado pelos jesuítas, em 1554,
(...). Seis anos depois de sua fundação, o novo núcleo incorporou
o vilarejo de Santo André da borda do Campo. (...). Tratava-se de
uma localidade que não apresentava boas condições naturais para o
plantio, estando também constantemente sujeita a ataques dos
indígenas, que utilizavam as matas da serra como ponto de apoio. (p.
16).
Durante os primeiros anos o novo
povoado teve uma existência instável, devido à resistência
indígena, e em 1562 esteve a pique de desaparecer, com o ataque das
tribos confederadas do planalto, situação que se repetiu em
1590.(p.17).
O primeiro aspecto a realçar é que
dentre os colonos que vieram para a distante capitania meridional,
(...) tratava-se de homens do campo, mercadores de poucos recursos e
aventureiros dos mais diversos tipos, seduzidos pelas oportunidades
eventualmente existentes nas novas terras.(p.18).
Outro foi o rumo tomado para o
aproveitamento do solo, e diferentemente do que ocorreu no
nordeste... a agricultura de subsistência constituiu seu ponto
forte. As relações mercantis eram limitadas, pouca a moeda
existente e raros os contatos com as outras capitanias e com a
própria Metrópole.(p.19).
A agricultura de subsistência incluía
o trigo, o algodão (...). As pereiras e figueiras eram mais raras e
os marmeleiros tinham uma importância especial, pois a conserva
desta fruta constituía o principal produto de exportação
paulista.(p.19)
Um item também importante na economia
paulista de subsistência da época era a criação de gado,
atividade a que se prestavam muito bem os campos do planalto, ao
contrário do que ocorria na faixa litorânea e mesmo em Santo André,
devido à ausência de um rio.(p.19).
Na segunda metade do século XVII
deixaram de ser avaliada os bens de pouco valor e passou a ser
assinalada a presença de novos implementos e mercadorias de luxo, o
que poderia estar associado a uma circulação maior de riqueza
devido à marcha do ciclo da mineração.(p.20).
Um dos aspectos que mais chamam
atenção no exame dos inventários paulistas é o pouco é o pouco
valor representado pela propriedade imobiliária, principalmente
durante o século XVI, surpreendente, à primeira vista quando
comparado a outros bens dos acervos.(p.20).
A desvalorização (...) encontra sua
explicação básica na carência do conjunto das condições
necessária para que aí se efetivasse uma exploração mercantil.
Faltavam capitais, escravos, implementos de todos os tipos e melhores
condições de transporte e comunicação com a Europa.(...). As
mercadorias e passageiros eram levados da marinha ao planalto pelos
escravos indígenas, alugados tanto pelos particulares como pelos
jesuítas, e o resultado final era um enorme encarecimento das
mercadorias.(p.21).
No período inicial de sua existência,
ao término do século XVI, São Paulo contava aproximadamente com
mil e quinhentos habitantes e cento e cinqüenta residências. O
número de ruas era muito pequeno e em seus primórdios as casas eram
meras choupanas cobertas por palha, substituídas posteriormente
pelas construções de taipa com telhados.(22).
A vida urbana (...), passados os
perigos iniciais de desaparecimento sob a ameaça indígena, (...).
Richard M. Morse indica que se realizavam pelo menos cinco procissões
religiosas anuais, que atraíam à cidade os chefes de família e
seus dependentes, e que as sessões da câmara e as assembleias extraordinárias garantiam, ainda que de forma instável, a
participação dos agricultores no governo local.(p.22 e 23).
Em resumo, (...) a situação material
e as condições de vida de São Paulo dos séculos XVI e XVII,
(...), a conclusão a que se chega é de que aí a vida do
colonizador se desenvolveu num cenário de extrema penúria. (p.23).
É preciso lembrar, no entanto, que
não são todos os autores que concordam com a visão de Alcântara
Machado sobre a sociedade paulista dos tempos da colônia.(p.23).
Apesar das vozes em contrário, a
tendência dos historiadores, incluindo Sérgio Milliet, é
considerar que São Paulo não conheceu nenhuma forma de riqueza
estável – nem mesmo mediana – até fins do século XVIII, com o
advento do café, que acabou por inaugurar uma fase duradoura de
prosperidade.(p. 24).
As bandeiras: solução de urgência para a pobreza dos paulistas
O bandeirante foi fruto social de uma
região marginalizada, de escassos recursos materiais e de vida
econômica restrita, e suas ações se orientaram ou no sentido de
tirar o máximo proveito das brechas que a economia colonial
eventualmente oferecia para a efetivação de lucros rápidos e
passageiros em conjunturas favoráveis.(p. 25).
Para empreender as suas incursões,
tanto no caso do apresamento e tráfico do indígena quanto na busca
das riquezas fantásticas, os paulistas se organizavam nas chamadas
“bandeiras”. Contudo a partir dos fins do século XVI até o
início do século XVII, essas milícias passaram por modificações,
transformando-se em corpos paramilitares de ataque ao sertão.(p.
24).
No tocante aos termos entradas e
bandeiras, a historiografia tradicional adota duas posições.(p.27).
A expedição bandeirante era
comandada por um chefe, branco ou mameluco, que encerrava em suas
mãos poderes absolutos sobre os subordinados.(p.27).
No que diz respeito ao carregamento,
os bandeirantes levavam pólvora, machados, balas, cordas para
amarrar os índios aprisionados, por vezes sementes, sal e um
apequena quantidade de alimentos.(p.27).
Ao que tudo indica caminhavam
descalços e não com as botas de montaria tão comuns nas estátuas
e figuras dos bandeirantes; o vestuário de restringia ao chapelão
de abas largas, à camisa, ceroulas e aos gibões de algodão
acolchoados, que serviam de anteparo às flechas dos indígenas.(p.28)
Do ponto de vista geográfico, as
bandeiras paulistas foram possíveis devido à posição de São
Paulo, centro de circulação fluvial e terrestre à “boca do
sertão”.(p.28 e 29).
São Paulo dominava ainda outra via de
comunicação, o caminho do Mar, a leste. Tratava-se de vereda
quase intransitável que levava à beira do mar, e que com o tempo se
tornaria uma das principais artérias da capitania, trajeto
indispensável para as comunicações entre o planalto e o
litoral.(p.30).
Escravidão indígena e violência: o bandeirantismo de apresamento
De qualquer modo, as novas disposições
também continuaram a ser burladas, através de vários
expedientes.(...).Outras vezes o colono induzia o casamento de um
índio livre com índia escrava, com o que em geral se conseguia mais
um cativo, o marido índio e os futuros filhos do casal.(p.37).
Os abusos mais gritantes praticados
contra os indígenas consistiam na substituição ou superposição
de um tributo ilegal em trabalho forçado ao tributo taxado, que
acabava redundando na “servidão infernal” dos índios a que se
referia o famoso defensor do... , o padre Bartolomé... (p.38 e 40).
Do ponto de vista das incursões
propriamente ditas, as bandeiras do século XVI atuaram, sobretudo na
região do Tietê, onde foram rapidamente dizimados os Tupiniquins,
no alto Paraíba, chamado pelos paulistas da época de rio
Surubis.(p.40).
Esta expansão das razzias paulistas
contra os indígenas, no início do século XVII, deparou com o
movimento da colonização espanhola que, a partir do Paraguai,
buscava o mar. (40).
Os moradores de Assunção, buscando
acesso a um caminho que facilitasse as comunicações com a Europa e
tentando estabelecer alguns anteparos à expansão vicentina,
procuravam estimular a fundação de cidades em pontos estratégicos
das rotas que interpunham entre eles e os paulistas.(p.41).
As reduções jesuíticas se
estruturavam em forma de vilas no centro do aldeamento, em volta de
uma praça quadrada, erigia-se a igreja e a moradia dos padres que,
em geral, eram as construções mais ricas.(p.42).
Quanto à utilização produtiva da
terra, fazia-se a divisão em lotes, de que as famílias indígenas
deviam retirar seu sustento, depositando-se a safra, contudo, no
armazém comum.(...). Neste caso, o produto gerado destinava-se à
manutenção dos padres, funcionários, artesãos e dos que de alguma
forma precisavam ser sustentados pelo trabalho coletivo. Nos tupambae
criava-se gado, fabricavam-se tecidos e plantava-se a erva-mate,
produtos negociados pelos padres para a obtenção dos artigos de que
necessitavam as missões, como ferramentas, sal e ornamentos
religiosos.(p.42).
A estrutura econômica missioneira
baseava-se fundamentalmente na organização coletiva da força de
trabalho e numa forma de distribuição dos produtos regulada pelos
critérios religiosos de devoção e pelos de produtividade.(p.43).
Desde logo, as missões foram alvos de
salteios vicentistas, e as razões para que isto ocorresse são
óbvias, como indica Capistrano de Abreu, pois não havia presa mais
tentadora para caçadores de escravos: “por que aventurar-se a
terras desvairadas, entre gente boçal e rara, falando línguas
travadas e incompreensíveis, se perto demoravam aldeamentos
numerosos, iniciados na arte da paz, afeitos ao jugo da
autoridade...? . (p.43).
Os colonos, por sua vez, desde o
século XVI, divisavam na ação dos jesuítas e nas suas aldeias uma
forma de subversão da ordem, uma inversão da ordem natural da
colonização, em que o indígena deveria necessariamente estar submetido aos desígnios do
colonizador, que requisitava como escravo.(p.44).
Com o advento do século XVII, o
conflito entre os colonos e jesuítas foi se tornando cada vez mais
intenso até adquirir contornos trágicos, (...).(p.45).
O outro fator a precipitar, de forma
indireta, o choque trágico entre os paulistas, índios e os padres
foi a desorganização do mercado português de e escravos africanos,
no início do século XVII, por parte da Holanda.(...).Nesta
conjuntura especial, os paulistas se viam estimulados a fazer um
grande negócio da preia e venda dos índios para as regiões que
sofriam carência da mercadoria, possível de ser explorado em
condições muito favoráveis e numa escala razoável, dada a
existência da ótima fonte de abastecimento de indígenas
representada pelas missões.(p.46).
Quanto à violência dessa razzias, é
exemplar o impressionante relato do padre Montoya, sobre a incursão
do bandeirante Raposo Tavares em Jesus Maria, no Rio Pardo; (...).
(p.47 e 48).
Á primeira vista, pode causar espanto
a denúncia de violência e genocídio feita pelo padre Montoya, pois
o seu relato revela uma face em geral oculta nos manuais tradicionais
de História do Brasil, freqüentemente tributários do cultivo da
imagem heróica do bandeirante e por isso pouco interessados em
divulgar a versão jesuítica, contraponto do ufanismo
imperante.(p.48).
Firmam seu ponto de vista; os tempos
eram violentos e, portanto eram naturais as “crueldades”
cometidas pelos colonizadores. Concede-se que houve violência, mas
cancela-se tal reconhecimento ao se invocar o espírito dos tempos
que, na sua generalidade, sanciona a violência que particularmente
se exerceu no Brasil.(...).a mentalidade imperante no século XVII,
segundo o historiador, tornava menos grave a hipocrisia piedosa do
arsenal jurídico da época, corporificada nas encomiendas,
“mitas”, nos “serviços de forros”, nos “administrados” e
nas “guerras justas”, etc...(cf.Affonso de E.Taunay, História
das Bandeiras Paulistas).(p.50)
Na verdade, a versão jesuítica da
época, que representa o contradiscurso das interpretações
triunfais do bandeirantismo, foi paulatinamente despojada do seu
caráter de denúncia, e com o tempo passou a ser encarada pela
corrente dominante da historiografia como expressão de interesses
secundários quando comparados aos frutos do movimento histórico dos
paulistas do século XVII.(P.53).
Tomando a questão em seus pontos
fundamentais, é muito difícil sofismar a violência praticada pelo
colono contra o indígena.(p.53).
O escambo pode se desenvolver
principalmente devido o valor, redefinido, que os indígenas davam às
mercadorias trazidas pelos brancos, como os machados, enxadas, facas,
foices, tecidos, espelhos, colares de vidro, etc. (p.54).
No entanto, ao se substituir o escambo
pela agricultura, as relações entre colonos e os índios sofreram
uma alteração profunda, e o sistema tribal não subsistiria mais na
sua forma tradicional.(p.54).
Escravidão indígena e violência: o bandeirantismo de apresamento
A obra dos jesuítas, para Jaeger,
representou a redenção material e espiritual dos indígenas, que,
nas missões, ficavam sob o amparo paternal dos seus mais dedicados e
decididos amigos, os missionários da Companhia, que os dirigiam com
mão suave, mas firme, para o bem-estar corporal e ainda os
encaminham para uma vida melhor no além-túmulo.(p.57).
Em resumo, esse é, para o autor, o
conjunto da visão do indígena não-missioneiro. É bastante
evidente que as justificativas dadas para enfatizar o papel
evangelizador dos padres da Companhia de Jesus são muito toscos,
quase uma transposição literal e freqüentemente exagerada de
determinados preconceitos às vezes arraigados no senso comum.(p.58).
Em realidade, e voltando ao ponto
inicial, o branco não desenvolveu nenhuma outra alternativa para o
indígena nos quadros da colonização que não fosse ou a submissão
total ou o seu isolamento – (p.58).
Quanto às condições de vida do
escravo indígena em São Paulo, eram das piores e os documentos da
época se referem aos conselhos – inúteis – para que se desse
bom tratamento às “peças”, para que não fugissem e não
“andasse” a morrer.(p.59)
Contudo a atividade do indígena que
parece ter sido a mais rentável para o colono paulista da época era
a de caça ao próprio índio, pois tratava-se de “bons sertanistas
cursados no sertão”.(p.59).
O processo de perda de identidade
cultural do indígena foi se acentuando cada vez mais com o passar do
tempo e com a estabilização das práticas de escravização e
submissão dos autóctones por parte do colonizador.(p.60).
Quanto ao rendimento bruto das
bandeiras apresadoras, é muito difícil se ter uma ideia exata,
pois como já disse anteriormente, os índios escravizados não
podiam constar nem ser avaliados nos inventários.(p.60).
Com a transladação dos jesuítas
para as margens dos rios Uruguai e Paraná, tiveram início o
armamento dos índios missioneiros, reivindicação constante dos
jesuítas à Coroa espanhola.(p.61).
Contudo, o período da caça ao índio
em larga escala chegava ao seu fim, e para isso concorreram vários
fatores.(p.61, 62).
Novas tentativas de fortuna: o ouro das Gerais.
O período de ouro das minas gerais
está intimamente associado ao bandeirantismo paulista. (p.63).
Na ausência, em São Paulo, de uma
atividade agrícola plenamente inserida nos desígnios mercantis da
colonização portuguesa, que fornecesse os bens tropicais exóticos
exportáveis para a Europa, como era o caso do açúcar produzido em
outros pontos da colônia, e com o declínio da atividade de caça ao
índio, os paulistas procuravam redirecionar e concentrar seus
esforços em busca de alternativas econômicas.(p.63 e 64).
Quanto à localização dessas
riquezas, supunha-se que não ficavam as grandes distâncias, já que
se considerava que as minas de prata de potosi estavam próximas das
fronteiras brasileiras. Desse modo, a penetração pelo sertão
deveria naturalmente conduzir a elas. (p. 64,65).
Desde o início da colonização
pensava-se que a capitania de São Vicente constituía um lugar
privilegiado para a procura de ouro e Martin Afonso de Sousa teria
escolhido a região entre a ilha de São Vicente e o planalto de
Piratininga para o estabelecimento dos primeiros núcleos de
provocação porque se tratava da provável “costa do ouro e da
prata”.(p.65)
As primeiras pesquisas de metal
precioso, na capitania de São Vicente, tiveram maior sucesso,
chegando-se a fazer, desde o início, alguma mineração
incipiente.(p.66).
A.J. Antonil refere-se, para o período
em questão, à existência de outro em Parnaíba, Paraguai, Curitiba
e Jaraguá, lembrando asa dificuldades para “cantar” e “juntar”
o metal explorado de forma muito rudimentar.(p.67).
Concretamente, esse período inicial
de pesquisa de metais preciosos na capitania de São Vicente não
chegou a descobrir mais do que ouro em pequenas quantidades, e tudo
indicam que não se fizeram fortunas pessoais com esses
achados.(p.67).
As grandes descobertas auríferas só
se produziram efetivamente no final do século XVII e início do
século XVIII, num contexto bastante diferente do período do ouro de
lavagem, e que se caracterizava por modificações nas relações
entre Metrópole e Colônia no seu conjunto.(p. 68).
Tendo em conta a perspectiva das
relações internacionais, Celso Furtado, na Formação Econômica do
Brasil, sintetiza o dilema com que Portugal necessariamente tinha que
se defrontar: era impossível manter a neutralidade em face das
nações poderosas do momento.(p.69).
O tratado que vinculou definitivamente
o destino de Portugal aos desígnios dos interesses ingleses foi o de
Methuen, celebrado em 1703.(p.70
Em ultimo instância, é esta
subordinação econômica e política de Portugal à Inglaterra que
explica o destino que posteriormente sofreu o ouro de origem
brasileira.(p.71).
Analisando as mudanças ocorridas
neste período, que se segue à recuperação da autonomia
portuguesa, Caio Prado Jr. Fala no surgimento de um novo sistema
político e administrativo que, em ultima instância, visava
assegurar que a colônia americana fosse estritamente uma produtora e
fornecedora de gêneros úteis para a Metrópole, que lhe rendessem
grandes lucros no mercado europeu.(p.71)
Quanto à política de monopólios,
Portugal continuou, após a recuperação de sua autonomia, a seguir
uma orientação bastante rígida, que se manifestou, por exemplo, na
criação das companhias privilegiadas do comércio, em 1647 e 1682,
a que se atribuía o direito de exclusividade no comércio
colonial.(p.72).
A retomada das iniciativas de estímulo
oficial aos paulistas para que procurasse as pedras coradas e os
metais preciosos, única riqueza de que “se podia esperar remédio”
(...) desde os fins do século XVI que se esperava particularmente
dos paulistas a descoberta de tais riquezas, pois era conhecida sua
experiência como sertanistas.(p.73).
Contudo, as primeiras convocações
para que os paulistas efetivamente se empenhassem nessa busca não
chegaram a trazer frutos concretos, o que se explica por duas ordens
de fatores.(p.73).
A rebeldia dos paulistas frente às
injunções metropolitanas pode ser observada no caso da flagrante
desobediência ou escamoteamento das leis sobre a escravidão
indígena e no caso do conflito com os jesuítas que, após serem
expulsos de São Paulo, só puderam voltar à capitania adotando uma
atitude conciliatória para com os interesses escravagistas aí
imperantes.(p.74).
Foi somente em 1672, quando já se
encontravam esgotadas as possibilidades de apresamento dos indígenas
com resultados compensadores, que reclamos da Coroa para que se
efetivassem os achados de metais preciosos começaram a surtir efeito
entre os habitantes do planalto.(p.75,76).
Quanto à sequência dos primeiros
achados, Capistrano de Abreu menciona o de Antônio Dias, próximo a
Ouro Preto, o de João de Farias, o de Bueno e Bento Rodrigues um
pouco mais distante, os do ribeirão do Carmo e do Ibupiranga, todos
nas cercanias de Ouro Preto e Mariana.(p.77).
Referindo-se ao período inicial da
descoberta da minas, Saint-Hilaire relata que bandos numerosos de
homens de todas as idades e de todas as condições saíram de São
Paulo e das Vilas vizinhas à cata de ouro.(p.77).
No que diz respeito à forma de
ocupação da área mineradora, de início os paulistas não formaram
nenhum estabelecimento fixo.(p.77,78).
Nas áreas em que as riquezas eram
maiores se demoravam mais, chegando a erigir casas e constituir
aldeias que, com o tempo, se transformaram em arraiais e,
posteriormente, em cidades, como foi o caso de Mariana, Ouro Preto,
Sabará, Caeté, Pitangui e São José. (p.78).
Somente em 1723 apareceram os
primeiros porcos e galinhas e em 1725 um frasco de sal chegava a
obter por pagamento meio libra de ouro.(p.78).
A situação só começou a melhorar
paulatinamente a partir de 1725, com a abertura de novos caminhos por
terra e o início de atividades agrícolas e pastoris mais
estáveis.(p.78).
Com relação às repercussões das
novas descobertas em outros pontos da Colônia, não se pode deixar
de enfatizar a grande migração de brancos e dos escravos negros
para a região das minas.(p.79).
Mas não foram apenas os habitantes da
colônia que afluíram em massa para as Minas Gerais. O fluxo
imigratório de Portugal para o Brasil, que se iniciara em meados do
século XVII, ganhou novo ímpeto com a notícia das descobertas
auríferas.(p.80).
Na perspectiva das autoridades
coloniais, os novos achados despertaram reações contraditória: por
um lado, entrevia-se um século de prosperidade para a Metrópole, e
por outro colocava-se de forma premente a questão do controle
administrativo, fiscal e policial da área mineradora e de sua
população.(p.80).
Diferentemente do que ocorreu no
período da caça aos índios, em que os paulistas se ausentavam pelo
sertão e depois retornavam, revivendo continuamente o binômio
sertão – (...). Os que se dirigiam para a região mineradora à
busca de enriquecimento rápido não voltavam, e a agricultura e a
criação foram abandonadas por falta de escravos.(p. 81 e 82).
Quanto às riquezas das minas,
passaram de maneira muito fugaz, por São Paulo.(p.82).
Agravando o quadro crítico da
economia paulista, em 1758 foi abolida a escravidão indígena em
todo o Brasil, através do decreto de D. José I, de que era ministro
o marquês de Pombal.(p.82).
A questão do heroi bandeirante
Tanto Southey, como Sani-Hilaire e
posteriormente Oliveira Martins, Oliveira Vianna, A.R.Taunay,
Alfredo Ellis e Cassiano Ricardo contribuíram de alguma forma
para a consolidação da imagem heroica do bandeirante. (P.85).
Para os estudiosos das bandeiras da
primeira metade do nosso século, o bandeirante era considerado
exatamente em elo fundamental da constituição e permanência do
povo brasileiro e do Estado nacional, em última instância, de sua
unidade geográfica e política: “De qualquer maneira... é certo
que aos paulistas vetustos das eras passadas deve o Brasil o que é
como grande nação continental” (Alfredo Ellis Júnior, O
Bandeirismo Paulista). (p. 86).
Uma forma mais acabada deste tipo de
concepção é dada por Cassiano Ricardo em seu livro Marcha para o
Oeste. O autor sustenta a tese de que o fenômeno social bandeira é
fundamentalmente um processo, em que os paulistas, através de seus
vários avanços geográficos, tiveram que se adaptar a várias
mudanças, à pressão das condições e a circunstâncias
determinadas.(p.87).
Na versão dos estudiosos das
bandeiras, o bandeirante, que em suas ações é homem de seu tempo,
na perspectiva histórica realmente rompe com o curso dos eventos,
ele altera as disposições de Portugal, Espanha e da Santa Sé sobre
a distribuição geográfica do Novo Mundo, modifica os desígnios da
expansão espanhola e jesuítica, faz descobertas que redirecionam o
curso da história e – aspecto crucial - é a corporificação
individual de um novo tempo histórico de que é o prenúncio - o da
nacionalidade.(p.88).
Encontramos uma visão crítica da
figura heroica do bandeirante, a partir de uma perspectiva que
recoloca em cena a violência cometida contra o indígena, em
Capistrano de Abreu, considerado por Taunay como pioneiro
sertanejo.(p.89).
Numa outra perspectiva, que poderíamos
denominar de “crítica ética e espiritual” temos a visão da
figura heroica do bandeirante contida no famoso livro de Viana Moog
Bandeirantes e Pioneiros. p.90).
Como se pode perceber, este autor
procurou inverter os sinais do culto do herói bandeirante, tentando
cercá-lo criticamente nas suas múltiplas manifestações, como se
estivesse diante de um símbolo dotado de um poder de ubiquidade e
de permanência histórica que pudesse corporificar e revelar as
várias faces do que acreditava serem os males da nacionalidade.(p.
90 e 91).
Do ponto de vista da historiografia
das bandeiras, outra versão crítica do bandeirantismo na
perspectiva de uma história social rigorosa do bandeirante, com
visíveis efeitos desmistificadores, encontra-se no livro de
Alcântara Machado Vida e Morte do Bandeirante. (p.91).
O bandeirante que Alcântara Machado
nos mostra é o simples morador de uma região secundária da
Colônia, sem importância econômica, distante dos centros mais
dinâmicos do Brasil e da Europa, que levava uma vida quase
indigente, lutando com as injunções mais imediatas e prementes de
uma existência material extremamente difícil.(p.93).
Dentre os vários pontos levantados
nestas versões da figura do bandeirante, há um aspecto que parece
particularmente importante recuperar e recolocar em cena, isto é, o
da violência e genocídio praticados por ele contra o indígena,
pois trata-se do contraponto histórico necessário da imagem
triunfal.(p.93)
A rigor – e basta examinar os textos
para se certificar a construção da figura do herói bandeirante só
avançou na proporção exata em que se encobriu ou descartou a
questão da violência cometida contra os grupos locais, abrindo
caminho, deste modo, para que se exaltasse a ideia de expansão
territorial e heroísmo, desvinculando-a da interpretação de seu
verdadeiro contexto histórico e social do século XVII, que
necessariamente envolve a consideração do destino que sofreu a
população indígena que esteve sob a área de ação das
bandeiras.(p.94).
A Conquista da América A questão do outro.
Resenhando
Nadir Costa
O autor, em seu livro, nos dá exemplos do problema do
outro, o conquistado, e reconhece claramente os avanços tecnológicos
do “eu” do conquistador. Segundo o autor, um dos grandes
problemas dos indígenas é a incapacidade de seu sistema
comunicativo; é dizer que eles não dominam a linguagem dos
conquistadores nem entendem seus costumes. Em seu livro a conquista
da América, se desenrola os diferentes problemas que tiveram os
conquistadores e os indígenas. Sem dúvida, neste livro, aparecem
algumas perspectivas dadas desde o ponto do “eu” colonizador. Um
dos temas principais é que Todorov sugere que é necessário
conhecer o outro para conhecer-se melhor. Seu desejo de compreender,
unir e comparar os dois lados, desde uma perspectiva europeia, sugere
que ainda hoje existem as separações de continentes, países e
culturas. Além disso, Todorov nos apresenta o problema do outro: o
conhecimento europeu ante o conhecimento indígena, tratando de
comparar o uso das referências textuais e como estas contribuíram
para a história da conquista das Américas. Por exemplo, Cristóvão
Colombo, Hernam Cortez, Montezuma, La Malinche, os Astecas e os incas
são representantes históricos que utiliza o autor para estabelecer
o problema da conquista.
Todorov comenta a história da interação entre Cortez
e Montezuma e a conquista dos astecas no México. Segundo o autor, o
imperador dos astecas é um líder indeciso, incapaz de proteger a
seu povo durante a conquista. O descreve como um herói débil,
reservado e tímido (nunca queria que lhe vissem o rosto). Todorov
explica precisamente a debilidade dos vencidos e seus problemas e
reproduzindo outra versão do “outro”. Se examinarmos a história
mexicana poderíamos ver que Montezuma era um dos líderes mais
poderosos dos astecas e suas táticas de guerra eram diferentes por
outro motivo. Os índios começavam a perder sua fé em seus próprios
deuses porque não viam nenhuma ajuda, não lhes respondiam seus
deuses para dar-lhes consolo. Todorov não comenta muito sobre o
“outro”. Suas debilidades são por falta de comunicação física
e espiritual. Ao contrário, se comenta muito o heroísmo de Hernam
Cortez e suas capacidades extraordinária de manipular os signos e
utilizar a linguagem como arma.
O calendário dos astecas consistia de13 meses e vinte
dias em cada mês. Quando se sabia a data de nascimento se sabia
também o destino dessa pessoa. Diz-se que um mundo sobre o
determinado é um mundo sobre o interpretado. Os índios viam muitos
signos que talvez lhes davam muitas ideias falsas do futuro, porém
não menciona que às vezes lhes davam ideias corretas para o futuro.
Isso não constrói seu futuro, não tem livre arbitro, sua vida
considerava-se determinada desde o princípio. Uma vez de
identificar-se com a forma de vida que levavam os astecas, seus
avanços intelectuais e suas interpretações do futuro, Todorov só
menciona as maneiras em que se separa o um do outro em vez de
comparar como se assemelhavam as barreiras culturais que interferiram
com o conhecimento do outro. Os astecas tinham uma ontologia
distinta a da europeia e a demonstravam em forma de atuação, de
modos mais simbólicos( sacrifícios, comunicação com a natureza,
etc). Não eram algumas ideologias semelhantes a alguns pensamentos
do velho continente? Sua filosofia de vida predestinada também forma
parte do pensamento ocidental. Segundo o autor, a comunicação
indígena entre homem e natureza era mais estreita e se via suas
vidas refletidas nos sonhos, ideias.
Os incas, os Astecas e muitas tribos
grandes tinham a mesma profecia que iria vir “Deuses” do oeste
para conquistá-los. É
misteriosa a uniformidade do tempo. Os indígenas tinham escolas em
que aprendiam escrever, porém seu modo comunicativo, segundo o
autor, não era tão avançado como o alfabeto. Esta forma de
comunicação que parecia inadequada para um espanhol, era outro
motivo que tinham os espanhóis para civilizar os indígenas. Talvez
uma técnica desvantajosa para o guerreiro nativo. As maneiras em que
se comunicavam para realizar os
gritos de combate não ajudaram a dissimular as táticas de guerras
dos indígenas. Suas interpretações da religião Católica eram
sinônimas da mentira.
Este exemplo para demonstrar como o indígena é forçado
a aceitar a religião católica porque os espanhóis ganharam a
conquista por causa da comunicação simbólica entre o homem e não
só entre homem e natureza.
Todorov nos mostra que Cortez se preocupava com a
comunicação, ia atrás de interpretes, queria entender e se fazer
entender “o que Cortez quer, imediatamente, não é tomar, mas
compreender, são os signos que interessam a ele em primeiro lugar,
não os referentes”. Sua expedição começa com uma busca por
informação e não por ouro. A primeira ação que executa é
procurar um interprete. Ouve falar de índios que empregam palavras
espanholas, deduz que talvez haja espanhóis entre eles, suas
suposições são confirmadas, um deles, Jerônimo de Aquilar se une
á tropa de Cortez. Aquilar é transformado em interprete oficial,
entretanto ele só fala o Maia, e na busca por interprete Cortez
encontra Lá Malinche que lhe serviu de interprete durante todo o
processo de conquista.
La Malinche como interpretadora é uma figura importante para a
vitória dos espanhóis, sem ela a comunicação extraordinária que
tinha com os indígenas não haveriam ganhado a guerra, ela
representa uma mistura das culturas. Em parte foi um dos primeiros
exemplos da importância de ter um interprete, e segundo em como
utiliza o idioma como arma para manipular as conversações.
Cortez sabe explorar as divisões internas através do
conhecimento dos índios e consegue fazer com que eles fiquem seus
aliados
Os astecas veem uma intervenção divina e Cortez não o
vê, só interpreta tudo o que está a seu favor. Por exemplo,
Todorov diz que Cortez não gostava de derrubar os templos indígenas
e a arquitetura dos indígenas porque queria preservar a cultura.
Nota-se que quer preservar a cultura artificial da representação da
cultura, porém não quer preservar as vidas dos astecas.
Menciona-se que a linguagem é o companheiro do império.
No caso de Cortez sua linguagem era usada para manipular e fingir
para assim poder conquistar. As ações do conquistador também
serviam para conquistar, demonstra que estava débil quando na
realidade estava forte. Além disso os espanhóis tinham muitos
aliados nos indígenas que haviam vivido sob o domínio dos astecas.
Os signos de Cortez se projetavam num ponto de vista muito subjetivo
e individual e os astecas eram mais regra e coletivos em sua maneira
de comunicar.
TODOROV, Tzvetan
– A Conquista da América A
questão do outro.
19 de agosto de 2013
8 de maio de 2013
Biblioteca "Castro Alves" do Colégio Estadual Desembargador Dilermando Meireles - Ceddim: Inscrições Enem 2013 têm datas divulgadas pelo MEC...
Biblioteca "Castro Alves" do Colégio Estadual Desembargador Dilermando Meireles - Ceddim: Inscrições Enem 2013 têm datas divulgadas pelo MEC...: Os estudantes interessados poderão efetuar inscrição já na próxima segunda-feira, 13 de maio. O período para se inscrever no Enem 2013 se en...
16 de abril de 2013
Demonização e medo na política contemporânea brasileira.
A demonização sempre foi um eficaz mecanismo utilizado pela
narrativa religiosa para silenciar os seus adversários. Fundados numa
perspectiva a-histórica de conhecimento, que não admite a determinação
social do homem, voltada para a naturalização da condição humana, os
religiosos apresentaram um universo discursivo pautado numa verdade
metafísica. Não há espaço para uma ressignificação da condição humana de
acordo com o desenvolvimento histórico e social. Nos últimos anos,
devido ao fortalecimento de uma matriz conservadora, em compasso com a
cultura política brasileira, a religiosidade vem criando obstáculos
significativos para o estabelecimento de uma perspectiva que perceba uma
vivência marcada pelo dinamismo, pelo conflito e pela interação
cultural, próprias de sociedades democráticas que convivem com a
diversidade.
Podemos afirmar que há um crescimento de setores que podem ser
classificados como fundamentalistas, devido a posturas que publicamente
assumem contrários a qualquer tipo de questionamento de suas tradições
religiosas e da sua fundamentação teológica. Seus discursos são por um
radicalismo que demonstra a dificuldade com que estes segmentos lidam
com a questão da diversidade e da multiplicidade cultural, revelando
traços que negam a possibilidade da afirmação de segmentos que durante
anos se viram forçados, literalmente, a esconder a sua condição e agora,
quando entram em campo aberto, conscientes do seu papel e da sua
capacidade política, forçam o debate e exigem o reconhecimento de seus
direitos, obrigando a sociedade a rever os fundamentos éticos e morais
que norteiam a estrutura social e determinam os comportamentos.
É neste ponto, onde o conflito surge com toda a sua dimensão e
dramaticidade, que o fundamentalismo religioso aparece com um discurso
que contraria as premissas da política que norteia o Estado Democrático
de Direito. Surgem, também, todos os limites da teologia da
prosperidade, legitimação teórica do pensamento religioso
neopentecostal, limitada pela falta de parâmetros conceituais mais bem
desenvolvidos e preocupada em oferecer uma sensação de conforto adequada
aos valores da sociedade de consumo. Os fundamentos dessa reflexão que
pauta a religiosidade de milhões de pessoas estão centrados numa
recompensa que gira em torno da prosperidade financeira, reduzindo as
relações sacras a uma lógica mercadológica. Esse fundamentalismo
teológico oferece um discurso que alimenta o preconceito e
marginalização, oferecendo amparo, inclusive, para a disseminação de
práticas violentas de silenciamento das minorias que lutam pelos seus
direitos.
Nesse sentido não é de se estranhar que um dos recursos utilizados
pelo fundamentalismo religioso seja o da demonização dos adversários. O
demônio, na perspectivas dos principais representantes destes segmentos,
se encarnam naqueles que desafiam publicamente o fundamento de
legitimação das posturas conservadoras defendidas em púlpitos e
tribunas. O compromisso com o autoritarismo e a discriminação emergem
brutalmente na fala de personagens que se deleitam com a arrogância
típica dos que desprezam a democracia.
Surge um vínculo entre política e medo. A ideia é disseminar o medo
em torno da possibilidade da destruição de valores considerados naturais
e fundamentais para sobrevivência da espécie humana. Ele assume um
papel pedagógico no esquema teológico do fundamentalismo religioso
contemporâneo. Não há uma preocupação com a determinação histórica e
social e só pode existir uma forma de ordenação da sociabilidade.
Qualquer ameaça tem de ser, de alguma forma, silenciada, neutralizada
devido a sua natureza subversiva. Os padrões de controle comportamental
são entendidos como categorias estanques, frutos de uma vontade que
está, inclusive, acima da capacidade de entendimento dos homens. Somos
apenas seres subservientes, atentos à vontade do divino e não somos
capazes de entender os seus desígnios. Esse discurso idílico assume,
publicamente, que não transformar nossa condição social e, dentro deste
contexto, se coloca como uma grande estrutura de conformação, que faz
das instituições religiosas que se pautam pelo fundamentalismo, um dos
grandes aparelhos ideológicos de legitimação do conservadorismo
brasileiro, repaginado, repito, por uma teologia vulgar e simplista, a
chamada teologia da prosperidade, que na sua essência, carrega o
sexismo, o desprezo pela participação política dos marginalizados, a
homofobia e o racismo. São estes parâmetros que pautam e determinam o
discurso do presidente da CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias
da Câmara dos Deputados), Deputado Marcos Feliciano, que, demonstrando
todo o seu compromisso com o conservadorismo, no seu último lance
político, determina que as reuniões da Comissão sejam realizadas a
portas fechadas. Tudo isso em nome da ordem, da moral e dos bons
costumes.
20 de fevereiro de 2013
Como a primeira exumação de Dom Pedro I e suas mulheres muda a História
A arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel abriu os caixões e examinou os restos mortais do imperador, de Dona Leopoldina e de Dona Amélia. Entenda o que ela descobriu
Dois séculos depois, os restos mortais de Dom Pedro I e de suas duas mulheres, Dona Leopoldina e Dona Amélia, foram pela primeira vez exumados para estudo. Realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de 2012 pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, os estudos revelam fatos até então desconhecidos da família imperial brasileira e compõem um retrato jamais visto dos personagens históricos, cujos corpos estão na cripta do Parque da Independência, na cidade de São Paulo, desde 1972.
Após removerem os tampões de granito de 400 quilos que cobriam os caixões de Dom Pedro I e de Dona Leopoldina, e aberto o nicho de parede de Dona Amélia, os pesquisadores fizeram uma lista minuciosa do que havia dentro de cada urna. Encontraram medalhas e insígnias de ordens de Portugal, joias de surpreendente baixa qualidade e até cartões de visita deixados por gente que acompanhou os traslados até o Ipiranga
Ao longo de três madrugadas, os restos mortais da família imperial
foram ainda transportados à Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP), para passarem por sessões de tomografias e ressonância
magnética. Pela primeira vez, o maior complexo hospitalar do Brasil foi
usado para pesquisar personagens históricos. Dom Pedro I, Dona
Leopoldina e Dona Amélia foram transformados em ilustres pacientes, com
fichas cadastrais, equipe médica e direito à bateria de exames.
Os resultados de toda essa pesquisa foram divulgados nesta
segunda-feira (18), durante a defesa do mestrado de Valdirene, no Museu
de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).
Dom Pedro I
Foi descoberto que a roupa militar com que Dom Pedro I foi enterrado, uma túnica provavelmente marrom e calça branca, tinha 54 botões ao todo, a maioria de metal, com brasão da coroa portuguesa em alto relevo. Ele usava botas, que entraram quase completamente em decomposição por causa da umidade. Restaram apenas dois saltos de couro e duas esporas de metal. Havia também botões feitos de osso, usados na época principalmente em cuecas.
Foi descoberto que a roupa militar com que Dom Pedro I foi enterrado, uma túnica provavelmente marrom e calça branca, tinha 54 botões ao todo, a maioria de metal, com brasão da coroa portuguesa em alto relevo. Ele usava botas, que entraram quase completamente em decomposição por causa da umidade. Restaram apenas dois saltos de couro e duas esporas de metal. Havia também botões feitos de osso, usados na época principalmente em cuecas.
A partir dos exames realizados na USP, descobriu-se ainda que, ao longo
de sua vida, Dom Pedro I fraturou quatro costelas, todas do lado
esquerdo, fato que praticamente inutilizou um de seus pulmões e pode ter
ajudado a piorar a tuberculose que o matou aos 36 anos de idade, em
1834. Os ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a
cavalo (queda e quebra de carruagem), em 1823 e 1829, ambos no Rio de
Janeiro.
Mas o que deixou os cientistas mais surpresos foi o fato de não haver
nenhuma comenda de ordens brasileiras entre as insígnias com que o
imperador foi enterrado. "Esperava pelo menos a Ordem da Rosa, criada
pelo próprio Dom Pedro I aqui no Brasil, para homenagear Dona Amélia.
Foi uma pequena decepção", diz Valdirene. A única menção ao período que
governou o país foi uma expressão gravada na tampa do caixão: “Primeiro
Imperador do Brasil”.
Dona Leopoldina
A pesquisa arqueológica revelou que a imperatriz Leopoldina foi enterrada exatamente com a mesma roupa que vestiu na coroação do marido, Dom Pedro I, em 1822, até mesmo com a faixa de imperatriz do Brasil. A informação foi obtida ao comparar as tomografias realizadas no Hospital das Clínicas com um retrato da imperatriz de 1826. O exame mostrou ornamentos idênticos aos da pintura. "O tomógrafo fatiou a imagem para que só aparecesse o bordado com fios de ouro e prata. Comparando com o retrato, entendemos que era a ‘carteira de identidade’ de Leopoldina", afirma o diretor do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) Carlos Augusto Pasqualucci.
A pesquisa arqueológica revelou que a imperatriz Leopoldina foi enterrada exatamente com a mesma roupa que vestiu na coroação do marido, Dom Pedro I, em 1822, até mesmo com a faixa de imperatriz do Brasil. A informação foi obtida ao comparar as tomografias realizadas no Hospital das Clínicas com um retrato da imperatriz de 1826. O exame mostrou ornamentos idênticos aos da pintura. "O tomógrafo fatiou a imagem para que só aparecesse o bordado com fios de ouro e prata. Comparando com o retrato, entendemos que era a ‘carteira de identidade’ de Leopoldina", afirma o diretor do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) Carlos Augusto Pasqualucci.
O estudo também desmente a versão histórica – já quase tratada como
"lenda" – de que Leopoldina teria caído ou sido derrubada por Dom Pedro
de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista, então residência da
família real. Segundo a versão, propalada por alguns historiadores, ela
teria fraturado o fêmur. Nas análises no Instituto de Radiologia da USP,
porém, não foi constatada nenhuma fratura nos ossos da imperatriz.
Dona Amélia
No caso da segunda mulher de Dom Pedro I, Dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua biografia. O corpo da imperatriz, embora enegrecido, está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um crucifixo de madeira e metal.
No caso da segunda mulher de Dom Pedro I, Dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua biografia. O corpo da imperatriz, embora enegrecido, está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um crucifixo de madeira e metal.
Em meio ao material histórico, houve espaço para curiosidades mais
recentes: dentro do caixão do imperador foram colocados 24 cartões de
visita, de militares, dentistas, diplomatas, brasileiros e portugueses.
"Foram colocados no traslado dos restos do imperador ao Brasil, em 1972.
É gente que gostaria de ser ‘lembrada’, mas não vamos divulgar os
nomes", diz a pesquisadora.
Exposição
As medalhas, botões e fragmentos de vestes recolhidos dos caixões do imperador e de suas mulheres, que agora fazem parte do acervo do Departamento de Patrimônio Histórico da capital, devem ser expostos ao público em breve. A Secretaria Municipal de Cultura afirmou que há intenção de expor as peças em vitrines blindadas dentro do próprio Monumento à Independência. Ainda não há data prevista para a exposição.
As medalhas, botões e fragmentos de vestes recolhidos dos caixões do imperador e de suas mulheres, que agora fazem parte do acervo do Departamento de Patrimônio Histórico da capital, devem ser expostos ao público em breve. A Secretaria Municipal de Cultura afirmou que há intenção de expor as peças em vitrines blindadas dentro do próprio Monumento à Independência. Ainda não há data prevista para a exposição.
A pesquisa será ainda transformada em documentário. Cerca de 800 horas
de imagens foram produzidas pelo cinegrafista Valter Muniz, que está em
fase de captação de patrocínios.
Para saber mais
14 de fevereiro de 2013
Mensagem
"Pensar que o homem nasceu sem uma história
dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o
homem não nasceu da noite para o dia.Nasceu num contexto histórico
específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é
completo quando tem relações com essas coisas.Se um indivíduo cresce sem
ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e
tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo que
mutilá-lo."
Carl Jung
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Fonte:
13 de fevereiro de 2013
A renúncia do Papa Bento XVI e a História
por Deusdedith Alves Rocha Junior
A ideia de unidade religiosa, a ideia de unidade da Igreja
Cristã, e outras ideias que apresentam a instituição social Igreja
Católica e o comportamento religioso envoltos pelas explicações
fundadoras que retiram da história, da temporalidade e da simplicidade
da vida comum os fatos religiosos estão entre os principais ingredientes
que explicam a surpresa que toma a todos quando um ato mundano é
verificado onde, quase que por uma inversão, a regra do extraordinário
prevalecia.
A renúncia do Papa Bento XVI, anunciada para
expirar o seu pontificado em 28 de fevereiro de 2013, nesse caso,
combina não somente com a renúncia do Papa Gregório XII em 1415, como
também com a do Papa Ponciano em 235, a do Papa Silvério em 535, que foi
exilado, ou ainda com ainda o Papa João XVIII, em 1009, o Papa Bento
IX, em 1045 e ainda o Papa Celestino V, que renunciou em 1294.
Para cada caso podemos verificar uma razão
distinta, unidas somente pelo ato da renúncia e pelo caráter mundano que
inclui corrupção, exílio forçado, contenção de dissenções, motivos de
saúde etc.
O fato é que a lei canônica prevê em seu artigo
332.2 que o Papa pode renunciar, desde que seja de livre e espontânea
vontade, não podendo mais voltar atrás depois de tê-lo feito, o deixa
vago o cargo até que um novo conclave tenha eleito um novo Papa.
No caso de Bento XVI, a par das razões, especula-se
sobre o gesto ousado de um papa que era conhecido por seu
conservadorismo; e ao mesmo tempo o espanto de todos demonstra o quanto a
pós-modernidade ainda não diluiu o seu caráter mundano sobre todas as
instituições sociais.
23 de janeiro de 2013
Em 72,5% das escolas públicas não há biblioteca
País precisa construir 130 mil bibliotecas até 2020 para cumprir lei
que prevê obrigatoriedade de acervo de pelo menos um livro por aluno
O Brasil precisa construir 130 mil bibliotecas até 2020 para cumprir a
Lei 12.244, que estabelece a existência de um acervo de pelo menos um
livro por aluno em cada instituição de ensino do país, tanto de redes
públicas como privadas. Hoje, na rede pública, apenas 27,5% das escolas
têm biblioteca.
Para equipar todas as 113.269 escolas públicas sem biblioteca, seria
necessária a construção de 34 unidades por dia, segundo levantamento
realizado pelo movimento Todos Pela Educação com base no Censo Escolar
2011. O estudo também faz uma comparação com números do Censo 2008 e
mostra que, mesmo as escolas construídas nos três anos seguintes (foram
7.284 novas unidades) não contemplam o espaço: apenas 19,4% dessas novas
instituições têm biblioteca.
Os Estados mais carentes são os das regiões Norte e Nordeste, que
tradicionalmente têm infraestrutura escolar precária, com escolas que
chegam a funcionar em construções sem energia elétrica e saneamento
básico. Na rede municipal do Maranhão, por exemplo, só 6% das escolas
têm biblioteca.
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