Resenhando
Nadir Costa
O autor, em seu livro, nos dá exemplos do problema do
outro, o conquistado, e reconhece claramente os avanços tecnológicos
do “eu” do conquistador. Segundo o autor, um dos grandes
problemas dos indígenas é a incapacidade de seu sistema
comunicativo; é dizer que eles não dominam a linguagem dos
conquistadores nem entendem seus costumes. Em seu livro a conquista
da América, se desenrola os diferentes problemas que tiveram os
conquistadores e os indígenas. Sem dúvida, neste livro, aparecem
algumas perspectivas dadas desde o ponto do “eu” colonizador. Um
dos temas principais é que Todorov sugere que é necessário
conhecer o outro para conhecer-se melhor. Seu desejo de compreender,
unir e comparar os dois lados, desde uma perspectiva europeia, sugere
que ainda hoje existem as separações de continentes, países e
culturas. Além disso, Todorov nos apresenta o problema do outro: o
conhecimento europeu ante o conhecimento indígena, tratando de
comparar o uso das referências textuais e como estas contribuíram
para a história da conquista das Américas. Por exemplo, Cristóvão
Colombo, Hernam Cortez, Montezuma, La Malinche, os Astecas e os incas
são representantes históricos que utiliza o autor para estabelecer
o problema da conquista.
Todorov comenta a história da interação entre Cortez
e Montezuma e a conquista dos astecas no México. Segundo o autor, o
imperador dos astecas é um líder indeciso, incapaz de proteger a
seu povo durante a conquista. O descreve como um herói débil,
reservado e tímido (nunca queria que lhe vissem o rosto). Todorov
explica precisamente a debilidade dos vencidos e seus problemas e
reproduzindo outra versão do “outro”. Se examinarmos a história
mexicana poderíamos ver que Montezuma era um dos líderes mais
poderosos dos astecas e suas táticas de guerra eram diferentes por
outro motivo. Os índios começavam a perder sua fé em seus próprios
deuses porque não viam nenhuma ajuda, não lhes respondiam seus
deuses para dar-lhes consolo. Todorov não comenta muito sobre o
“outro”. Suas debilidades são por falta de comunicação física
e espiritual. Ao contrário, se comenta muito o heroísmo de Hernam
Cortez e suas capacidades extraordinária de manipular os signos e
utilizar a linguagem como arma.
O calendário dos astecas consistia de13 meses e vinte
dias em cada mês. Quando se sabia a data de nascimento se sabia
também o destino dessa pessoa. Diz-se que um mundo sobre o
determinado é um mundo sobre o interpretado. Os índios viam muitos
signos que talvez lhes davam muitas ideias falsas do futuro, porém
não menciona que às vezes lhes davam ideias corretas para o futuro.
Isso não constrói seu futuro, não tem livre arbitro, sua vida
considerava-se determinada desde o princípio. Uma vez de
identificar-se com a forma de vida que levavam os astecas, seus
avanços intelectuais e suas interpretações do futuro, Todorov só
menciona as maneiras em que se separa o um do outro em vez de
comparar como se assemelhavam as barreiras culturais que interferiram
com o conhecimento do outro. Os astecas tinham uma ontologia
distinta a da europeia e a demonstravam em forma de atuação, de
modos mais simbólicos( sacrifícios, comunicação com a natureza,
etc). Não eram algumas ideologias semelhantes a alguns pensamentos
do velho continente? Sua filosofia de vida predestinada também forma
parte do pensamento ocidental. Segundo o autor, a comunicação
indígena entre homem e natureza era mais estreita e se via suas
vidas refletidas nos sonhos, ideias.
Os incas, os Astecas e muitas tribos
grandes tinham a mesma profecia que iria vir “Deuses” do oeste
para conquistá-los. É
misteriosa a uniformidade do tempo. Os indígenas tinham escolas em
que aprendiam escrever, porém seu modo comunicativo, segundo o
autor, não era tão avançado como o alfabeto. Esta forma de
comunicação que parecia inadequada para um espanhol, era outro
motivo que tinham os espanhóis para civilizar os indígenas. Talvez
uma técnica desvantajosa para o guerreiro nativo. As maneiras em que
se comunicavam para realizar os
gritos de combate não ajudaram a dissimular as táticas de guerras
dos indígenas. Suas interpretações da religião Católica eram
sinônimas da mentira.
Este exemplo para demonstrar como o indígena é forçado
a aceitar a religião católica porque os espanhóis ganharam a
conquista por causa da comunicação simbólica entre o homem e não
só entre homem e natureza.
Todorov nos mostra que Cortez se preocupava com a
comunicação, ia atrás de interpretes, queria entender e se fazer
entender “o que Cortez quer, imediatamente, não é tomar, mas
compreender, são os signos que interessam a ele em primeiro lugar,
não os referentes”. Sua expedição começa com uma busca por
informação e não por ouro. A primeira ação que executa é
procurar um interprete. Ouve falar de índios que empregam palavras
espanholas, deduz que talvez haja espanhóis entre eles, suas
suposições são confirmadas, um deles, Jerônimo de Aquilar se une
á tropa de Cortez. Aquilar é transformado em interprete oficial,
entretanto ele só fala o Maia, e na busca por interprete Cortez
encontra Lá Malinche que lhe serviu de interprete durante todo o
processo de conquista.
La Malinche como interpretadora é uma figura importante para a
vitória dos espanhóis, sem ela a comunicação extraordinária que
tinha com os indígenas não haveriam ganhado a guerra, ela
representa uma mistura das culturas. Em parte foi um dos primeiros
exemplos da importância de ter um interprete, e segundo em como
utiliza o idioma como arma para manipular as conversações.
Cortez sabe explorar as divisões internas através do
conhecimento dos índios e consegue fazer com que eles fiquem seus
aliados
Os astecas veem uma intervenção divina e Cortez não o
vê, só interpreta tudo o que está a seu favor. Por exemplo,
Todorov diz que Cortez não gostava de derrubar os templos indígenas
e a arquitetura dos indígenas porque queria preservar a cultura.
Nota-se que quer preservar a cultura artificial da representação da
cultura, porém não quer preservar as vidas dos astecas.
Menciona-se que a linguagem é o companheiro do império.
No caso de Cortez sua linguagem era usada para manipular e fingir
para assim poder conquistar. As ações do conquistador também
serviam para conquistar, demonstra que estava débil quando na
realidade estava forte. Além disso os espanhóis tinham muitos
aliados nos indígenas que haviam vivido sob o domínio dos astecas.
Os signos de Cortez se projetavam num ponto de vista muito subjetivo
e individual e os astecas eram mais regra e coletivos em sua maneira
de comunicar.
TODOROV, Tzvetan
– A Conquista da América A
questão do outro.
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