25 de julho de 2011

Revista de História


As 10 maiores batalhas brasileiras é tema do debate da Revista de História da Biblioteca Nacional

FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA PARTICIPA DO ENCONTRO QUE ACONTECE DIA 26 DE JULHO NA BIBLIOTECA NACIONAL

A Revista de História da Biblioteca Nacional (RHBN) promove no próximo dia 26 de julho, terça-feira, às 16h, mais uma edição do Biblioteca Fazendo História. Com o tema “As 10 Maiores Batalhas Brasileiras”, matéria de capa da edição 70 da RHBN, o debate vai discutir as batalhas mais importantes para a história nacional, levando em consideração pontos relevantes da cultura militar e os diferentes tempos históricos que ocorreram.  O evento terá a participação do professor Francisco Carlos Teixeira e do historiador Adler Homero Fonseca de Castro.
O debate será realizado no auditório Machado de Assis da Biblioteca Nacional e terá transmissão pelo site www.institutoembratel.org.br e acompanhamento, em tempo real, pelo twitter da revista (@rhbn). A entrada é gratuita, sem necessidade de inscrição prévia. A presença no evento dá direito a certificados de participação que podem ser utilizados por alunos e professores como horas de atividades complementares.
Os palestrantes
Francisco Carlos Teixeira é professor titular de História Moderna e Contemporânea da UFRJ e professor da Escola Superior de Guerra e da Escola de Guerra Naval. Teixeira também é autor de diversas obras como: “Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX” e o “O Século Sombrio”. 
Adler Homero Fonseca de Castro é historiador e conselheiro-curador do Museu Militar Conde de Linhares e assina o artigo sobre a Batalha de Porongos na edição 70 da RHBN.
O evento
Biblioteca Fazendo História é uma série de debates mensal realizada pela Revista de História da Biblioteca Nacional, cujo objetivo é discutir temas relevantes da História do Brasil abordados em cada edição da revista.
A revista
Lançada em 2005, a Revista de História da Biblioteca Nacional é a única em seu segmento editorial especializada em História do Brasil e traz a cada mês reportagens e artigos assinados por importantes historiadores e sociólogos. A publicação é mensal e distribuída em bancas de todo o país. Seu conselho editorial é formado por Alberto da Costa e Silva, Caio César Boschi, João José Reis, José Murilo de Carvalho, Laura de Mello e Souza, Lilia Schwarcz, Luciano Figueiredo, Marcos Sá Corrêa, Marieta de Moraes Ferreira, Ricardo Benzaquen e Ronaldo Vainfas.
Serviço
Biblioteca Fazendo História. Auditório Machado de Assis, Fundação Biblioteca Nacional (Rua México s/nº, Centro, Rio de Janeiro). Dia 26 de julho, às 16h. Informações: (21) 2220-4300, ramal 215. Inscrições no próprio local. Entrada franca, com direito a certificado de participação.


Fudamentalismo


Yolande Knell , da BBC News em Jerusalém
 20 de julho, 2011

Centenas de judeus conservadores participaram de protestos nas proximidades da Suprema Corte de Israel contra a breve detenção de dois famosos rabinos que apoiaram a publicação de um livro que, entre outras coisas, justifica o assassinato de gentios (pessoas não-judias) em determinadas circunstâncias.
Os protestos realçaram as diferenças entre as comunidades religiosas e de judeus seculares do país. Os manifestantes entraram em choque com a polícia montada nas ruas de Jerusalém e muitos foram presos.
Os rabinos Dov Lior e Yacob Yousef apoiaram um livro polêmico, The King´s Torah, ou a Torá dos Reis, escrito por rabinos menos conhecidos que vivem em assentamentos. O livro justifica inclusive o assassinato de gentios em certas ocasiões, mesmo daqueles não envolvidos em violência.
Seu quinto capítulo, chamado "Assassinato de Não-Judeus em Tempos de Guerra", foi bastante citado pela imprensa israelense. Seu resumo afirma que "você pode matar aqueles que não estão apoiando ou encorajando assassinatos para salvar a vida de judeus".
Em determinado momento, o livro sugere que bebês podem ser justificadamente mortos se está claro que eles se tornarão uma ameaça, uma vez crescidos.
Policiais israelenses que investigam acusações de incitamento detiveram os rabinos depois que eles se recusaram a comparecer voluntariamente para um interrogatório.
Embora os dois rabinos tenham forte apoio entre colonos de orientação ideológica mais acentuada na Cisjordânia ocupada, eles também foram defendidos por integrantes de setores mais amplos da comunidade religiosa.
A acalorada reação às detenções realçaram a tensão entre as autoridades religiosas e civis em Israel e incentivou o debate sobre liberdade de expressão.
Alguns estudantes que se juntaram aos protestos de 4 de julho agora voltaram à tranquilidade da biblioteca de Raana Yeshiva, um seminário de estudos judaicos avançados, ao norte de Tel Aviv.
Eliyahu Gross, 21 anos, viajou com amigos para Jerusalém, mas diz que não leu a Torá dos Reis. 
"Estava apenas protestando contra a ideia de restringirem a Torá (texto sagrado dos judeus)", diz ele. "Na minha opinião, qualquer coisa que seja contra a liberdade da Torá é basicamente contra a minha liberdade como judeu."
O rabino Yehuda Amar, que ajudou a organizar o protesto, rejeita fortemente a maneira como o livro foi retratado.
"A lei judaica é muito, muito cuidadosa sobre qualquer coisa que represente uma ameaça para a vida", diz ele. Para o rabino, o livro apenas convida para uma análise teórica da escritura.
"Precisamos de liberdade para estudar a Torá tanto no nível espiritual quanto no democrático", diz Amar. "Tentamos mostrar que existe um contraste, as ideias espirituais são mantidas em separado da vida prática."
À medida em que avança a discussão, fica clara a sensação de que a comunidade se sente marginalizada.
O chefe de Raana Yeshiva, o rabino Haim Rehig, vê a Torá dos Reis como "um livro problemático" e escreveu sobre ele. Ele acredita que os protestos recentes foram basicamente sobre a exigência de judeus religiosos de ter "igualdade perante a lei".
"Toda vez que eles investigam o ‘lado direito do mapa’, se você quiser chamar desta forma, veem que existem choques culturais entre nós e a parte secular do país", diz ele.
Ele sugere que alguns acadêmicos de esquerda incitam o ódio entre colonos e judeus religiosos. "Ninguém os prende porque somos um tipo de minoria por aqui", diz.
Seculares
Uma enquete informal feita pela BBC no mercado Mahane Yehuda, em Jerusalém ocidental, ilustra a diferença entre a minoria religiosa e a maioria secular.
No mercado, há muito apoio à ação policial contra os rabinos que apoiaram o texto controverso. Muitos enxergam isso como uma prova de que a lei se aplica a todos.
"O papel de um rabino é muito importante, mas não está acima da lei", diz Avi Ben Yousef.
"Como cidadãos, todos seguimos as mesmas regras e regulamentos. Vivemos em uma democracia, e é assim que deve ser."
"Se alguém apoia o racismo, é contra a lei, portanto deve ser preso", diz um comerciante local, Eli. "Acredito que, mais do que isso, as pessoas que escreveram o livro devem ser julgadas. Me preocupo não apenas com o livro, mas com os religiosos", diz ele.
"Muitos estão preocupados, mas não falam. Este é um problema porque as pessoas cujas vozes são ouvidas o tempo todo são extremistas que apoiam o livro."
A retirada isralense de Gaza gerou choques entre colonos e forças de segurança
 Tensões
Vários episódios da história recente de Israel amplificaram as tensões entre judeus religiosos e seculares. Em 2005, a retirada unilateral de Israel da Faixa de Gaza fez as forças de segurança despejarem à força colonos judeus – em sua maioria, religiosos. Protestos se seguiram a isto.
Muitas pessoas nas comunidades religiosas viram as desocupações como uma traição do Estado e de suas instituições, em especial a Suprema Corte, que julgou que o plano do governo de saída de Gaza era constitucional.
Dez anos antes, o assassinato do então primeiro-ministro Yitzhak Rabin pelo judeu ultraortodoxo Yigal Amir também causou uma profunda divisão. Amir se opunha ao acordo de Oslo, de 1993, fechado entre Israel e os palestinos.
O pesquisador acadêmico do Instituto de Democracia de Israel Yair Sheleg, que estuda há tempos as tendências religiosas no país, afirma que os mal-entendidos entre diferentes grupos são perigosos.
Ele diz que os judeus seculares não devem enxergar todos os judeus religiosos da mesma forma. "Vejo uma disputa entre liberais e extremistas dentro do setor sionista religioso. Os extremistas ganham poder caso sintam que a maioria secular descreve todo o setor como extremista", diz ele.
"Quando jovens sentem que são odiados, isso os empurra mais para o extremo", afirma.
Mais judeus ultraortodoxos vêm ingressando no mercado de trabalho em vez de dedicarem suas vidas ao estudo exclusivo da Torá. Alguns fazem serviço militar e entram em unidades de combate.
Embora as forças armadas publiquem poucas informações sobre a origem dos alistados, em agosto do ano passado, a revista da Defesa israelense, Maarachot, informou que, em anos recentes, cerca de 30% dos graduados de cursos de oficiais de infantaria se definem como “religiosos sionistas”. Em 1980, esta taxa era de 2,5%. 
Os últimos protestos podem mudar as percepções, mas o episódio da Torá dos Reis é um lembrete do potencial antagonismo e choque de ideologias. 
Como muitos judeus religiosos vivem em assentamentos na Cisjordânia ou têm parentes neles, vários analistas os apontam como locais com potencial para futuros conflitos.
Enquanto a lei internacional considera os assentamentos ilegais, Israel contesta isso. Os palestinos querem a terra para seu futuro Estado.
Os chefes militares israelenses responsáveis pela Cisjordânia estariam preocupados sobre possíveis choques com colonos nos próximos meses, quando devem seguir uma decisão legal e desmantelar um assentamento julgado ilegal.
 Enquanto isso, se observa um aumento da violência entre judeus extremistas de direita e palestinos.
Em um artigo no jornal israelense Maariv, um comandante regional foi citado dizendo que as ações de judeus extremistas "está crescendo... para eles, um livro como a Torá dos Reis não é apenas uma discussão teórica".
 fonte:http://www.historianet.com.br

21 de julho de 2011

A Dívida Externa Brasileira

       Introdução

       Durante a última semana a imprensa emudeceu frente a organização do plebiscito em relação à dívida externa. O pouco espaço dedicado à questão foi ocupado por entrevistas do ministro Pedro Malan, para defender a posição neoliberal do governo ou por editoriais que iniciam-se chamando a idéia de "calote".



        Uma Questão de Cidadania

        Em momento algum a grande imprensa e aqueles que são contrários ao "calote" se preocuparam em falar sobre todos os calotes que foram dados na sociedade brasileira, quando, ao longo de mais de um século, o endividamento serviu para sustentar uma elite parasitária e criar uma economia subserviente ao capital internacional e ao F.M.I..
        Em momento algum a imprensa e os governantes preocuparam-se em defender a realização de um grande debate nacional, para que a sociedade que paga os empréstimos tenha consciência de sua origem e dos "benefícios" que trouxe à ela; percebem que qualquer movimento de discussão desse assunto representa um questionamento à política em andamento, assim como também percebem que qualquer discussão que possa envolver a sociedade como um todo, não interessa a essa minoria.
        A proposta da realização do plebiscito representa um grande avanço, exatamente por que pode envolver toda a sociedade num grande debate, que na verdade é muito maior do que a discussão da Dívida Externa, trata-se de discutir a cidadania. Independentemente da importância do tema, a participação da sociedade é que está em jogo e nesse sentido fica patente o que as elites pensam da cidadania: a ação do homem no sentido de respeitar as leis do Estado e em hipótese alguma participar, discutir, opinar.
        Ninguém é ingênuo em acreditar que o Plebiscito que ocorre nesse momento vá definir o encaminhamento da questão da dívida, porém cria um debate em toda a sociedade

       Origem da Dívida

        A Dívida Externa adquiriu proporções astronômicas durante o regime militar (1964-85), no entanto sua origem remonta à Independência do país, no século XIX.
        O primeiro empréstimo externo do Brasil foi obtido em 1824, no valor de 3 milhões de libras esterlinas e ficou conhecido como "empréstimo português", destinado a cobrir dívidas do período colonial e que na prática significava um pagamento à Portugal pelo reconhecimento de nossa independência. A independência não alterou as estruturas sócio econômicas e restringiu-se a um movimento político muito limitado, mantendo o regime monárquico e o herdeiro português no trono, aliado aos latifundiários conservadores sob o comando de José Bonifácio. A aceitação do pagamento da indenização está ligada aos vínculos mantidos com Portugal e ao mesmo tempo aos interesses ingleses, que somente reconheceu nossa soberania após o acordo com Portugal.
       Em 1829 foi realizado novo empréstimo que passou para a história como "o ruinoso" e serviu para cobrir parcelas não pagas do empréstimo anterior. Do total tomado emprestado, o Brasil recebeu apenas 52%, pois o restante serviu para cobrir os juros da dívida anterior.
        Dois novos empréstimos importantes foram realizados durante o Império -- em 1843 e 1852 -- utilizados ainda para pagar débitos relativos ao primeiro empréstimo, que somente foi saldado em 1890.
        Durante esse período o Brasil ainda endividou-se ainda mais com a Guerra contra o Paraguai. A Inglaterra forneceu os navios e empréstimos ao Brasil para o conflito que também interessava à ela.

        A Primeira República

        Durante a república do "café com leite" o endividamento aumentou ainda mais, porém a idéia central ainda era a mesma, garantir os privilégios da elite. O presidente Campos Salles, eleito em 1898, viajou à Inglaterra antes mesmo da posse, para renegociar a dívida com os banqueiros Rotshild, e firmou um acordo que ficou conhecido como "Funding Loan", que suspendia o pagamento por um período de 13 anos, sendo que o pagamento dos juros seria realizado em 3 anos, em títulos da dívida pública e obtinha um novo empréstimo. Como garantia do cumprimento do acordo, as rendas das alfândegas brasileiras ficaram hipotecadas aos credores ingleses.
       Novo endividamento surgiu em 1906, representando o início da "Política de Valorização do Café". Neste ano, foi assinado o Convênio de Taubaté, entre os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que, a partir de empréstimos tomados no exterior, comprariam e estocariam o excedente da produção de café. A valorização, como outras políticas protecionistas, resolvia o problema imediato da burguesia paulista e mantinha o nível de emprego nos setores da economia vinculados ao café, porém prejudicava a maioria da sociedade, na medida em que setores essenciais eram relegados a segundo plano em termos de investimento, além de promover a desvalorização da moeda, originando um processo que ficou conhecido como "socialização das perdas", quer dizer, a maioria da sociedade pagava pela política que beneficiava a minoria.
       Os governos do período continuaram a realizar empréstimos que beneficiavam a elite cafeeira, contrastando com a situação de crise nas exportações durante a Primeira Guerra Mundial e posteriormente, na metade da década de 20.

Com a crise iniciada nos EUA afetando a economia do país, o pagamento da dívida foi suspenso em 1931 por decisão unilateral do Brasil. Em 1934 a Assembléia Nacional Constituinte passou a investigar o endividamento brasileiro, que chegava a 237 milhões de libras esterlinas e já estava documentado de forma detalhada pelo ministro Oswaldo Aranha. O ministro não era um crítico dos empréstimos do exterior, nem defendia o não-pagamento da dívida. Depois de viver por alguns anos nos EUA, defendia um estreitamento das relações do Brasil com aquele país, em detrimento dos interesses ingleses, então nossos maiores credores. Condenava apenas a forma pela qual os empréstimos tinham sido aproveitados -- não em obras públicas, como achava que deveria Ter ocorrido. Pensava ainda que o país deveria parar de tomar emprestado para pagar empréstimos e deveria pagar com seus próprios recursos. O ministro destacava a característica básica do endividamento: "foram feitos uns para pagar os outros, em parte ou no todo, refundindo-se em novos empréstimos".

      As Últimas Décadas

        Apesar da ausência de empréstimos externos e das condições desfavoráveis do comércio exterior, nos anos 30 a economia brasileira se expandiu em ritmo maior que na década de 20, "época de maciço ingresso de capital externo.
No período posterior ao golpe militar os empréstimos voltam a aumentar substancialmente, devido a política econômica desenvolvida então, particularmente no período que ficou conhecido como "milagre econômico", quando a indústria brasileira cresceu a taxas elevadíssimas graças ao ingresso maciço de capitais estrangeiros, fazendo com que a dívida saltasse de 4 para 12 bilhões de dólares.
         O endividamento pós 64 tem dois estágios. O primeiro é o dos governos Costa e Silva e Médici, nos anos 68-73, do "milagre econômico". Nesse período, os empréstimos foram usados para, ao cabo de tudo, realizar ar operações de crédito na compra de geladeiras, secadores de cabelo, automóveis e outros bens supérfluos e também para financiar ar grandes obras urbanas e serviços que viabilizaram a existência dos automóveis e das geladeiras, tais como estradar, viadutos e redes de energia elétrica.
        No final de 1983, em depoimento na CPI da Dívida Externa, Celso Furtado, economista que fora ministro do Planejamento antes do golpe, mostrou como o Brasil pòs-64, graças a mudanças de política financeira e cambial -
nas regras de conversão do dólar em cruzeiros -, acabou na prática pagando, através do Banco Central, para os capitais estrangeiros, parte do preço de automóveis c secadores de cabelo, comprados a crédito obtido por dólares emprestados.
A Segunda fase do endividamento começa no governo do general Ernesto Geisel (1974-79). A partir de 74, a indústria de bens de consumo duráveis, com a produção de automóveis à frente, começa a encalhar, em grande parte devido a crise mundial do petróleo, que repercute na elevação nas taxas de juros, que somadas aos gastos dos grandes projetos de geração de energia.
        Em 1982 temos o ano da falência declarada do modelo brasileiro de desenvolvimento e o país recorre ao FMI e ao final do governo Figueiredo, que encerra a ditadura militar, a dívida externa chegava a casa de 100 bilhões de dólares.
A Dívida atual alcança a casa dos 231 bilhões de dólares.

Veja material usado na campanha do Plebiscito



Fonte: http://www.historianet.com.br

DITADURA MILITAR

Após o golpe militar, foi formada uma Junta de Governo, chefiada pelo general Pinochet, responsável por conduzir a contra revolução, ou seja, reestruturar as antigas bases sócio econômicas do Chile, garantindo os privilégios da burguesia, dos latifundiários e principalmente do capital internacional, controlador do processo de exploração mineral no país. Para tanto, a centralização do poder foi responsável por intensa repressão, caracterizada por prisões, tortura e extermínio de opositores ( cerca de 30 mil ).



O governo militar criou a DINA, polícia política, responsável pela repressão, inclusive fora do país, articulando o assassinato de opositores como o general Carlos Pratts e o ex-chanceler Orlando Letelier; toda a década de 70 foi caracterizada pelo fortalecimento das instituições e da legislação que apoiavam o novo regime. Somente na década de seguinte é que surgiram novas manifestações sociais, com a reorganização gradual - e muitas vezes ilegal - de setores da sociedade civil, que passaram a pressionar o regime militar. Mesmo assim, os militares prepararam cautelosamente a transição política, garantindo à Pinochet o comando da Nação até 1989 e o cargo de comandante-em-chefe do exército até 1997.

A eleição de Patrício Aylwin em 1989 representou o retorno à democracia, porém sob tutela de um exército ainda poderoso, que garantiu o cargo de senador vitalício para Pinochet.




Fonte: http://www.historianet.com.br

Guerra ao narcotráfico é nova desculpa humanitária


Colômbia é o próximo alvo dos Estados Unidos.

Marcelo Barba ( texto extraído do jornal Opinião Socialista )Poucos meses após a sua vitória sobre a Iugoslávia, o governo norte-americano já tem um novo alvo para sua intervenção "humanitária": a Colômbia. Como já afirmávamos em artigos durante a guerra da Iugoslávia, o imperialismo ianque quer construir uma nova ordem mundial baseada na sua absoluta e indiscutível liderança. Para isto, é necessário que eles acabem com as situações "problemáticas" que ainda existem nas regiões mais estratégicas do planeta.Agora é a vez de tentar acabar com os mais antigos grupos guerrilheiros ainda em ação no continente latino-americano: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) na Colômbia. Usando a desculpa de um suposto envolvimento destes grupos com o tráfico de drogas, os EUA estão, direta e indiretamente, aprofundando seu envolvimento no conflito.

Há mais de 40 anos, a Colômbia vive em uma guerra civil que já matou, somente nos últimos 15 anos, mais de 20 mil pessoas. O recente aumento dos choques entre guerrilha, exército (apoiado cada vez mais pelos EUA) e paramilitares de direita (apoiados por narcotraficantes, empresários e grandes latifundiários), junto com a crise econômica que assola todos os países latino-americanos adeptos do neoliberalismo, fez com que a produção industrial do país caísse, apenas no primeiro semestre, 14,3%. O caso mais grave é o das montadoras, que trabalham somente com um quarto da sua capacidade produtiva.

Os EUA tentam fortalecer a autoridade do presidente colombiano Andrés Pastrana, bastante abalada pela crise que vive o país. As iniciativas de diálogo entre o governo e a guerrilha ainda não avançaram nenhum milímetro. O exército norte-americano já tem organizado um cerco à Colômbia. Além das suas bases no Panamá, estão instaladas ou em fase de construção, bases militares em Aruba, na Venezuela, Peru e Equador, além da própria Colômbia.

Somente neste ano, US$ 300 milhões já foram enviados como ajuda financeira para "combater o narcotráfico".
Mas a guerra contra o narcotráfico (desculpa para toda esta intervenção) é uma completa hipocrisia. Hoje, a Colômbia sozinha é responsável por 80% da produção de cocaína no mundo. O dinheiro do narcotráfico está em todas as instituições do Estado colombiano. Mesmo que algumas vezes, autoridades tenham que prender um ou outro traficante ou destruir algum laboratório clandestino, isto só serve para "livrar a cara". Recentemente, a mulher de um coronel norte-americano, que é um dos coordenadores das ações anti-tráfico na Colômbia, foi presa por usar o serviço postal do exército para enviar cocaína para os EUA. Da mesma forma, todos os funcionários da embaixada norte-americana em Bogotá estão sendo investigados pelo mesmo motivo.

Os paramilitares que são patrocinados, entre outros, pelos narcotraficantes, contam com a impunidade e mesmo a ajuda do Exército e da justiça. O ex-presidente Ernesto Samper foi apoiado financeiramente pelos traficantes na sua campanha eleitoral.

Os EUA não estão preocupados com a produção de drogas, mas com a consolidação do seu domínio no "quintal" da América Latina. As desculpas podem mudar (ajuda humanitária em Kosovo, drogas na América Latina) mas o objetivo é sempre o mesmo: aprofundar o processo de recolonização mundial para garantir os lucros das grandes corporações norte-americanas.

EUA quer "força de paz" para intervir

Apesar de todo o aparato militar montado pelos EUA na Colômbia e nos países vizinhos, é improvável que haja a curto prazo uma intervenção direta norte-americana no país. Da mesma forma que em Kosovo, tudo estará bem enquanto nenhuma vida americana for perdida. É a síndrome do Vietnã ainda presente.

Por outro lado, a Colômbia é uma situação mais difícil de se resolver. Com uma guerrilha dominando 40% do território, embrenhada nas selvas e montanhas do país, não é difícil imaginar as dificuldades e estragos que uma intervenção direta à la Vietnã poderia trazer para os EUA.
Desta forma, a tática norte-americana é outra. Além do financiamento do exército nacional colombiano, do envio de "assessores" militares e de armas modernas, os EUA querem a participação dos países sul-americanos numa "força de paz" na Colômbia. Na verdade, querem uma intervenção sob sua direção, mas que sejam os soldados brasileiros, argentinos, peruanos, equatorianos e venezuelanos a tomarem os tiros. Os presidentes da Argentina, Carlos Menem e do Peru, Alberto Fujimori, já declararam que podem participar de uma suposta "força de paz" na região. Mas, eles sabem que isto não será nada fácil e poderia piorar a situação já problemática em seus próprios países, atolados na crise econômica e política. (M.B.)

Uma perspectiva equivocada

É fundamental que as organizações guerrilheiras tenham uma política direcionada ao movimento operário, estudantil e popular, chamando à solidariedade e apoio do conjunto dos movimentos populares do continente e em todo mundo para lutar contra essa ameaça de intervenção e barrar qualquer iniciativa dos governos latino-americanos de intromissão, mesmo que estejam disfarçadas de "iniciativas políticas".


Defesa de uma paz negociada?

Porém, um dos obstáculos para um triunfo da luta popular e da guerrilha é a orientação limitada da direção das organizações guerrilheiras. Elas parecem buscar uma paz negociada, com algumas diferenças da política oficial, mas aceitando conversações em que os árbitros sejam figuras dos governos burgueses latino-americanos, dos meios imperialistas ou da Igreja, e que não coloque em questão a natureza capitalista e submissa do Estado colombiano. Não se deve aqui cometer erros como a negociação entre a guerrilha de El Salvador e o governo local que na prática terminou numa verdadeira rendição política da Farabundo Marti e na manutenção das mesmas oligarquias no poder.

Bases capitalistas

As FARC, por exemplo, têm um programa que não coloca uma proposta socialista. Pelo contrário, sua perspectiva é a reconstrução do país sob bases capitalistas, aceitando até a grande propriedade e as multinacionais, limitando-se a defender uma nova distribuição da renda. O ELN tem um programa semelhante.
Essa limitação não impede que os revolucionários busquem estabelecer a mais ampla unidade de ação para derrotar a burguesia e o imperialismo que tentam afogar sua justa rebelião armada. (M.B.)

Fonte: http://www.historianet.com.br