31 de maio de 2010

A Conquista da América A questão do outro.

Nadir Costa

O autor, em seu livro, nos dá exemplos do problema do outro, o conquistado, e reconhece claramente os avanços tecnológicos do “eu” do conquistador. Segundo o autor, um dos grandes problemas dos indígenas é a incapacidade de seu sistema comunicativo; é dizer que eles não dominam a linguagem dos conquistadores nem entendem seus costumes. Em seu livro a conquista da América, se desenrola os diferentes problemas que tiveram os conquistadores e os indígenas. Sem dúvida, neste livro, aparecem algumas perspectivas dadas desde o ponto do “eu” colonizador. Um dos temas principais é que Todorov sugere que é necessário conhecer o outro para conhecer-se melhor. Seu desejo de compreender, unir e comparar os dois lados, desde uma perspectiva europeia, sugere que ainda hoje existem as separações de continentes, países e culturas. Além disso, Todorov nos apresenta o problema do outro: o conhecimento europeu ante o conhecimento indígena, tratando de comparar o uso das referências textuais e como estas contribuíram para a história da conquista das Américas. Por exemplo, Cristóvão Colombo, Hernam Cortez, Montezuma, La Malinche, os Astecas e os incas são representantes históricos que utiliza o autor para estabelecer o problema da conquista.
Todorov comenta a história da interação entre Cortez e Montezuma e a conquista dos astecas no México. Segundo o autor, o imperador dos astecas é um líder indeciso, incapaz de proteger a seu povo durante a conquista. O descreve como um herói débil, reservado e tímido (nunca queria que lhe vissem o rosto). Todorov explica precisamente a debilidade dos vencidos e seus problemas e reproduzindo outra versão do “outro”. Se examinarmos a história mexicana poderíamos ver que Montezuma era um dos líderes mais poderosos dos astecas e suas táticas de guerra eram diferentes por outro motivo. Os índios começavam a perder sua fé em seus próprios deuses porque não viam nenhuma ajuda, não lhes respondiam seus deuses para dar-lhes consolo. Todorov não comenta muito sobre o “outro”. Suas debilidades são por falta de comunicação física e espiritual. Ao contrário, se comenta muito o heroísmo de Hernam Cortez e suas capacidades extraordinária de manipular os signos e utilizar a linguagem como arma.
O calendário dos astecas consistia de13 meses e vinte dias em cada mês. Quando se sabia a data de nascimento se sabia também o destino dessa pessoa. Diz-se que um mundo sobredeterminado é um mundo sobre o interpretado. Os índios viam muitos signos que talvez lhes davam muitas ideias falsas do futuro, porém não menciona que às vezes lhes davam ideias corretas para o futuro. Isso não constrói seu futuro, não tem livre arbitro, sua vida considerava-se determinada desde o princípio. Uma vez de identificar-se com a forma de vida que levavam os astecas, seus avanços intelectuais e suas interpretações do futuro, Todorov só menciona as maneiras em que se separa o um do outro em vez de comparar como se assemelhavam as barreiras culturais que interferiram com o conhecimento do outro. Os astecas tinham uma ontologia distinta a da europeia e a demonstravam em forma de atuação, de modos mais simbólicos( sacrifícios, comunicação com a natureza, etc). Não eram algumas ideologias semelhantes a alguns pensamentos do velho continente? Sua filosofia de vida predestinada também forma parte do pensamento ocidental. Segundo o autor, a comunicação indígena entre homem e natureza era mais estreita e se via suas vidas refletidas nos sonhos, ideias.
Os incas, os Astecas e muitas tribos grandes tinham a mesma profecia que iria vir “Deuses” do oeste para conquistá-los. É misteriosa a uniformidade do tempo. Os indígenas tinham escolas em que aprendiam escrever, porém seu modo comunicativo, segundo o autor, não era tão avançado como o alfabeto. Esta forma de comunicação que parecia inadequada para um espanhol, era outro motivo que tinham os espanhóis para civilizar os indígenas. Talvez uma técnica desvantajosa para o guerreiro nativo. As maneiras em que se comunicavam para realizar os gritos de combate não ajudaram a dissimular as táticas de guerras dos indígenas. Suas interpretações da religião Católica eram sinônimas da mentira.
Este exemplo para demonstrar como o indígena é forçado a aceitar a religião católica porque os espanhóis ganharam a conquista por causa da comunicação simbólica entre o homem e não só entre homem e natureza.
Todorov nos mostra que Cortez se preocupava com a comunicação, ia atrás de interpretes, queria entender e se fazer entender “o que Cortez quer, imediatamente, não é tomar, mas compreender, são os signos que interessam a ele em primeiro lugar, não os referentes”. Sua expedição começa com uma busca por informação e não por ouro. A primeira ação que executa é procurar um interprete. Ouve falar de índios que empregam palavras espanholas, deduz que talvez haja espanhóis entre eles, suas suposições são confirmadas, um deles, Jerônimo de Aquilar se une á tropa de Cortez. Aquilar é transformado em interprete oficial, entretanto ele só fala o Maia, e na busca por interprete Cortez encontra Lá Malinche que lhe serviu de interprete durante todo o processo de conquista.
La Malinche como interpretadora é uma figura importante para a vitória dos espanhóis, sem ela a comunicação extraordinária que tinha com os indígenas não haveriam ganhado a guerra, ela representa uma mistura das culturas. Em parte foi um dos primeiros exemplos da importância de ter um interprete, e segundo em como utiliza o idioma como arma para manipular as conversações.
Cortez sabe explorar as divisões internas através do conhecimento dos índios e consegue fazer com que eles fiquem seus aliados
Os astecas veem uma intervenção divina e Cortez não o vê, só interpreta tudo o que está a seu favor. Por exemplo, Todorov diz que Cortez não gostava de derrubar os templos indígenas e a arquitetura dos indígenas porque queria preservar a cultura. Nota-se que quer preservar a cultura artificial da representação da cultura, porém não quer preservar as vidas dos astecas.
Menciona-se que a linguagem é o companheiro do império. No caso de Cortez sua linguagem era usada para manipular e fingir para poder conquistar. As ações do conquistador também serviam para conquistar, demonstra que estava débil quando na realidade estava forte. Alem disso os espanhóis tinham muitos aliados nos indígenas que haviam vivido sob o domínio dos astecas. Os signos de Cortez se projetavam num ponto de vista muito subjetivo e individual e os astecas eram mais regra e coletivos em sua maneira de comunicar.



TODOROV, Tzvetan – A Conquista da América A questão do outro.

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