A ILÍADA
A Ilíada situa-se no último ano da guerra de Tróia e narra a história do herói grego Aquiles e a derrota de Heitor, filho do rei Príamo.
A ODISSEIA
A Odisseia narra a viagem de retorno do herói grego Odisseu até sua ilha natal, Ítaca, os diversos perigos que enfrentou e sua vingança sangrenta contra os pretendentes de sua esposa Penélope.
ADÓNIS
Formoso jovem amado pelas deusas Afrodite e Perséfone. Nascido da união incestuosa entre o rei Cíniras de Chipre e sua filha.
AFRODITE
Deusa do amor e da beleza, equivalente a Vénus romana. Na Ilíada de Homero aparece como filha de Zeus e Dione, uma de suas companheiras, mas em lendas posteriores é descrita brotando da espuma do mar e seu nome pode ser traduzido como "nascida da espuma".
AGAMENON
Rei de Micenas e chefe das forças gregas na guerra de Tróia. Era filho de Atreu e padeceu a maldição lançada sobre sua casa. Quando os gregos reuniram-se em Áulide para sua viagem a Tróia, viram-se obrigados a retroceder por causa dos ventos adversos. Para acalmar os ventos, Agamenon sacrificou sua filha Ifigénia à deusa Artémis.
AJAX, FILHO DE OILEU
Chefe de Locris na Grécia Central, que lutou na guerra de Tróia. Depois da queda de Tróia, violou o templo de Atena ao arrastar a profetisa Cassandra do altar da deusa. Atena recorreu ao deus do mar Poséidon para vingar este sacrilégio.
AJAX, FILHO DE TÉLAMON
Poderoso guerreiro que lutou na guerra de Tróia. Era filho de Télamon, rei de Salamina, e conduziu as forças desta ilha até Tróia.
ALCESTE
Filha de Pélias, rei de Iolco em Tessália. Casou-se com Admeto, rei de Feras e amigo do deus Apolo.
AMAZONAS
Uma raça de mulheres guerreiras que excluíam os homens de sua sociedade.
ANDRÓMACA
Mulher de Heitor, herói da guerra de Tróia. Matou seu esposo, o guerreiro grego Aquiles, pouco antes dos gregos tomarem a cidade na guerra de Tróia. O único filho de Andrómaca com Heitor, Astíanax, foi atirado do alto das muralhas da cidade e ela foi entregue a Neoptólemo, filho de Aquiles.
ANDRÓMEDA
Princesa da Etiópia. Sua mãe Cassiopéia irritou o deus Poséidon por se vangloriar de ser mais bonita do que as ninfas do mar, as nereidas. Como castigo, Poséidon enviou um horrível monstro marinho para devastar a Terra. Os etíopes souberam, através de um oráculo, que seriam libertados do monstro se oferecessem Andrómeda em sacrifício. A donzela foi acorrentada a uma rocha junto ao mar e resgatada pelo herói Perseu, que matou o monstro e reivindicou a mão de Andrómeda como recompensa.
ANFITRIÃO
Príncipe de Tirinto. Casou-se com Alcmena, filha do rei Eléctrion de Micenas. Durante sua ausência por causa de uma expedição militar, o deus Zeus visitou Alcmena disfarçado de Anfitrião. Alcmena deu à luz a dois filhos gémeos: Hércules, filho de Zeus, e Íficles, filho de Anfitrião.
ANFITRITE
Deusa do mar, filha de Nereu e mulher de Poséidon.
ANTÍGONA
Filha de Édipo, rei de Tebas, e da rainha Jocasta. Antígona acompanhou seu pai no exílio mas voltou a Tebas depois de sua morte.
APOLO
Filho de Zeus e Leto. Era um músico talentoso que deliciava os deuses tocando a lira. Também ficou famoso como arqueiro e atleta veloz e foi o primeiro vencedor dos Jogos Olímpicos. Deus da agricultura e da pecuária, da luz e da verdade, ensinou aos humanos a arte da medicina.
AQUILES
Na mitologia grega, o maior dos guerreiros gregos na guerra de Tróia. Era filho da ninfa Tétis, e de Peleu, rei dos mirmidones de Tessália. Quando era criança, sua mãe mergulhou-o no Estige para fazê-lo imortal. As águas o tornaram invulnerável, menos no calcanhar, que era por onde sua mãe o segurava.
ARACNE
Uma jovem tão hábil na arte de tecer que se atreveu a desafiar a deusa Atena e esta transformou-a em aranha.
ARCÁDIA
Região na parte central do Peloponeso, Grécia. Na mitologia grega, era a residência de Pã, deus da natureza e padroeiro dos pastores, e centro do seu culto. Na literatura posterior, converteu-se em pretexto de evocações poéticas da vida pastoril. Enquanto o terreno real da Arcádia era áspero e montanhoso, a paisagem idealizada era amena e fértil, onde vivia uma comunidade intocada de pastores e deidades rústicas. O primeiro a expressar as qualidades desta Arcádia imaginária foi o poeta romano Virgílio.
ARES
Deus da guerra e filho de Zeus, rei dos deuses, e de sua esposa Hera. Os romanos o identificavam com Marte, também um deus da guerra. Agressivo e sanguinário, personificava a brutal natureza da guerra, e era impopular tanto entre os deuses quanto entre os seres humanos.
ARGONAUTAS
O grupo de heróis que zarparam na nave Argo para buscar o Velocino de Ouro. O chefe da expedição foi Jasão, que reuniu os 50 jovens mais nobres da Grécia para que o acompanhassem na viagem. O grupo escolhido incluía Hércules, Orfeu, Castor, Pólux e Peleu.
ARGOS
Um gigante de cem olhos (também chamado Panoptes) que foi designado pela deusa Hera, mulher de Zeus, para vigiar Io, da qual tinha ciúmes.
ARIADNE
Na mitologia grega, filha de Minos, rei de Creta, e de Pasífae, filha de Hélio. Ajudou Teseu a sair do labirinto, depois que este matou o Minotauro.
ARISTEU
Filho do deus Apolo e da ninfa Cirene. Era venerado como protetor dos caçadores, pastores e rebanhos e como inventor da apicultura e do cultivo das oliveiras.
ÁRTEMIS
Uma das principais deusas, equivalente à deusa romana Diana. Era filha do deus Zeus e de Leto e irmã gémea do deus Apolo. Era a que regia os deuses e deusas da caça e dos animais selvagens, especialmente dos ursos, e também era a deusa do parto, da natureza e das colheitas.
ASCLÉPIO
Deus da medicina. Era filho do deus Apolo e de Corónide, uma formosa mulher de Tessália.
ATALANTA
Filha de Esqueneu da Beócia ou de Yaso da Arcádia. Contrariado por não ser um menino, o pai abandonou-a na encosta de uma montanha pouco depois do seu nascimento. Foi resgatada e amamentada por uma ursa e, posteriormente, criada por caçadores. A façanha pela qual ficou especialmente famosa foi sua participação na caçada ao javali em Caleidon, uma cidade da Etólia na Grécia central.
ATENA
Uma das deusas mais importantes da mitologia grega. Na mitologia romana, chegou a ser identificada com a deusa Minerva, também conhecida como Palas Atenéia. Saiu já adulta da protecção do deus Zeus e foi sua filha favorita. Ele confiou a Atena seu escudo, adornado com a horrorosa cabeça da górgona Medusa, sua "égide" e o raio, sua arma principal.
ATLAS
Filho do titã Jápeto e da ninfa Clímene, e irmão de Prometeu. Atlas lutou com os titãs na guerra contra as divindades olímpicas. Como castigo, foi condenado a carregar para sempre nas costas a Terra e o firmamento, e em seus ombros, a grande coluna que os separava.
ATREU
Na mitologia grega, filho de Pélops. Quando o rei de Micenas morreu sem deixar herdeiro, os notáveis do reino elegeram Atreu como seu novo soberano.
Atreu, Casa de, família real de Micenas designada com o nome de Atreu, que foi eleito rei pelos notáveis micênicos.
AUGIAS, OS ESTÁBULOS DE,
Os estábulos pertencentes a Augias, um dos filhos do deus Hélio e rei de Élis, a noroeste do Peloponeso.
BELEROFONTE
Filho de Glauco, rei de Corinto; foi o herói que domou o cavalo alado Pégaso com a ajuda de uma rédea dada pela deusa Atena.
CADMO
Príncipe fenício, fundador da cidade de Tebas na Grécia. Quando sua irmã Europa foi raptada pelo deus Zeus, recebeu de seu pai, rei da Fenícia, a incumbência de encontrá-la; caso fracassasse, não poderia retornar para casa. Sem conseguir encontrar a irmã, consultou o oráculo de Delfos, que o aconselhou a abandonar a busca e fundar uma cidade. As instruções do oráculo acrescentavam que ele encontraria uma bezerra quando deixasse Delfos. Deveria segui-la e construir uma cidade onde ela parasse para descansar.
CADUCEU
Bastão simbólico coroado por duas asas e com duas serpentes entrelaçadas. Entre os gregos antigos, o caduceu era levado pelos heraldos e pelos mensageiros como emblema de seu ofício e como marca de inviolabilidade pessoal, porque era o símbolo de Hermes.
CALCAS
O adivinho mais famoso entre os gregos na época da guerra de Tróia. Era muito respeitado pela precisão de suas profecias; sugeriu que os gregos construíssem o cavalo de Tróia, e graças a isso as forças gregas penetraram na cidade.
CALIPSO
Ninfa do mar e filha do titã Atlas. Vivia sozinha na mítica Ilha de Ogígia, no mar Jónico.
CARONTE
Filho da Noite e de Érebo, era o velho barqueiro que transportava as almas dos mortos pela lagoa Estige até as portas do mundo subterrâneo.
CASSANDRA
Filha do rei Príamo e da rainha Hécuba de Tróia. O deus Apolo, que amava Cassandra, lhe deu o dom da profecia, mas quando ela se negou a corresponder ao seu amor, Apolo tornou inútil o dom, fazendo com que ninguém acreditasse em suas profecias.
CASSIOPÉIA
Mulher de Cefeu, rei da Etiópia. Quando Cassiopéia se gabou de ser mais bela do que as nereidas, estas se queixaram com Poséidon, que enviou um monstro marinho para destruir a terra. Poséidon pediu que a filha de Cassiopéia, Andrómeda, fosse dada em sacrifício ao monstro, mas ela foi salva pelo herói Perseu.
CASTOR E PÓLUX
Filhos gémeos de Leda, mulher do rei de Esparta, Tindareo. Eram irmãos de Clitemnestra, rainha de Micenas, e de Helena de Tróia. Ambos eram conhecidos como os Dióscuros, ou Filhos de Zeus, mas na maior parte das narrativas somente Pólux é considerado imortal, porque foi concebido quando Zeus seduziu Leda sob a forma de um cisne.
CAVALO DE TRÓIA
Grande cavalo oco de madeira, usado pelos gregos para conseguir penetrar na cidade de Tróia e, assim, terminar a guerra. Os gregos recorreram a este estratagema por não terem conseguido tomar a cidade após dez anos de sítio.
CÉCROPE
Fundador de Atenas e da civilização grega. Acreditava-se que havia nascido da terra, metade homem, metade serpente. Chegou a ser o primeiro rei de Ática, e dividiu-a em 12 comunidades.
CÉRBERO ( CEROS )
Cão de três cabeças, com cauda de dragão, que guardava a entrada do mundo subterrâneo do deus Hades.
CENTAUROS
Raça de monstros que, segundo a crença, habitava as regiões montanhosas de Tessália e Arcádia. Eram normalmente representados com forma humana da cabeça à cintura, e com o baixo ventre e as pernas de cavalo.
CÍCLOPES
Cada um dos gigantes com um enorme olho no meio da testa.
CILA E CARIBDES
Na mitologia grega, dois monstros marinhos que moravam nos lados opostos de um estreito, personificação dos perigos da navegação perto de rochas e redemoinhos.
CIMÉRIOS
Na poesia de Homero, povo mítico que vivia no noroeste da Europa, junto ao oceano, onde reinava uma perpétua obscuridade.
CIRCE
Feiticeira, filha do deus Hélio e da nereida Perseis. Vivia na ilha de Eéia, que possivelmente ficava na costa oeste da Itália. Com poções e encantamentos, Circe era capaz de transformar seres humanos em animais.
CLITEMNESTRA
Rainha de Micenas, esposa de Agamenon e filha de Tíndaro, rei de Esparta, e de sua mulher Leda. Teve quatro filhos com Agamenon: Electra, Ifigénia, Orestes e Crisótemis.
CREONTE
Irmão de Jocasta, rainha de Tebas. Governou Tebas após o exílio do rei Édipo, até que seu sobrinho Etéocles, filho mais novo de Édipo, reivindicou o trono.
CRONOS
Governador do Universo durante a idade de ouro. Um dos doze titãs, filho mais novo de Urano e Géia, as personificações do céu e da terra. Seus primeiros filhos foram os três hecatonquiros, monstros de cem mãos e cinquenta cabeças, que Urano mantinha prisioneiros num local secreto. Géia tentou resgatá-los e pediu ajuda a seus outros filhos, inclusive os ciclopes. Somente Cronos aceitou o desafio. Atacou Urano e o feriu gravemente; desta forma, Cronos converteu-se no senhor do Universo.
DAFNE
Ninfa filha do deus do rio Peneu. Era uma caçadora companheira de Ártemis, deusa da caça, e, como ela, se negava a casar-se. O deus Apolo quis possuí-la e, como ela não queria, foi transformada por seu pai em um loureiro.
DAFNIS
O pastor siciliano que inventou a poesia pastoril, nascido da união do deus Hermes com uma ninfa.
DÂNAE
Filha de Acrisio, rei de Argos, e, por sua união com o deus Zeus, mãe de Perseu.
DÂNAO
Filho de Belo, rei do Egito, e de Aquinoe. Egito, irmão gémeo de Dânao. Desejava casar seus cinquenta filhos com as cinquenta filhas de Dânao. Suas filhas, que se opunham a esse acordo, fugiram do Egito para Argos, onde Dânao converteu-se em rei. Os jovens perseguiram-nas e Dânao finalmente concordou, porém deu a cada filha uma adaga para que matassem seus maridos na noite de núpcias.
DÁRDANOS
Antepassado dos troianos e filho do deus Zeus e da plêiade Electra. Casou-se com a filha de Teucro, que governava uma região da Ásia Menor.
DÉDALO
Arquitecto e inventor que projectou para o rei Minos de Creta o labirinto onde o Minotauro foi aprisionado.
DEMÉTER
Deusa dos grãos e das colheitas, filha dos titãs Crono e Réia.
DEUCALIÃO
Filho do titã Prometeu. Era rei de Pítia em Tessália quando o deus Zeus, por causa dos depravados costumes da raça humana, castigou-a com um dilúvio. Somente Deucalião e sua mulher, Pirra, sobreviveram à inundação porque eram os únicos que levaram uma vida correcta e se mantiveram fiéis às leis dos deuses.
DIDO
Fundadora lendária e rainha de Cartago, filha de Belo, rei de Tiro.
DIONÍSIO
Deus do vinho e da vegetação, que ensinou aos mortais como cultivar a videira e como fazer vinho.
DIOMEDES
Rei de Argos e filho de Tideu, um dos guerreiros conhecidos como os Sete contra Tebas. Foi um dos heróis gregos que se sobressaíram na guerra de Tróia.
DÓDONA
O mais antigo dos santuários gregos, no interior da região do Épiro, a 80 km a leste de Corfu. Na mitologia grega, era consagrado a Zeus e sua amante Dione.
ÉACO
Rei de Egina. Era filho da ninfa Egina, que deu nome à ilha na qual reinava, e do deus Zeus.
ECO
Ninfa da montanha. O deus supremo, Zeus, persuadiu Eco a entreter Hera com uma conversa incessante, para que esta não pudesse vigiá-lo. Irritada, Hera tirou de Eco o poder de falar, deixando-lhe somente a faculdade de repetir a última sílaba que ouvisse.
ÉDIPO
Rei de Tebas, filho de Laio e Jocasta, rei e rainha de Tebas, respectivamente. Um oráculo predisse que Édipo mataria Laio, seu pai. Durante sua viagem, encontrou e matou Laio, pensando que o rei e seus acompanhantes fossem um bando de ladrões, e assim, inesperadamente, cumpriu-se a profecia.
ÉGIDA
Uma espécie de armadura de Zeus e de Atena. Era uma capa curta feita de pele de cabra, coberta de escamas e com serpentes nas bordas, colocada sobre os ombros. A égida servia como símbolo do poder de Zeus; não só o protegia, mas também aterrorizava seus inimigos.
EGISTO
Filho de Tiestes e de sua filha Pelópia. Desejando vingar-se de seu irmão Atreu e agindo sob o conselho do oráculo de Delfos, Tiestes consumou uma união incestuosa com Pelópia. Pouco depois, Atreu, sem saber que Pelópia era sua sobrinha, casou-se com ela. Quando Egisto nasceu, Atreu aceitou-o como seu próprio filho, porém Egisto descobriu sua verdadeira identidade e, pressionado por Tiestes, matou Atreu.
ELECTRA
Filha de Agamenon, rei de Micenas, e da rainha Clitemnestra.
ELÍSIO
Também conhecido como Campos Elísios, na mitologia grega, um paraíso pré-helênico, uma terra de paz e felicidade plenas.
Na mitologia romana, Elísio era uma parte do mundo subterrâneo e um lugar de recompensa para os mortos virtuosos.
ENDIMIÃO
Jovem de beleza excepcional que dorme eternamente. É descrito como o rei de Élis, que segundo as fontes era um caçador ou um pastor. De acordo com a maioria dos textos, era pastor no monte Lamos, em Cária.
ÉOLO
Nome de duas figuras da mitologia grega. A mais conhecida era a do guardião dos ventos. Vivia na ilha flutuante de Eólia com seus seis filhos e suas seis filhas. Outro Éolo da mitologia grega foi o rei de Tessália. Era o filho de Heleno, antepassado dos helenos, os antigos habitantes da Grécia.
ERÍNIAS
Também Fúrias, as três deusas vingadoras: Tisífone (a vingadora do crime), Megera (a vingadora dos céus) e Aleto (a sempre irada). Na maioria dos relatos são filhas de Géia e Urano e às vezes recebem o nome de filhas da Noite.
EROS
Deus do amor equivalente ao romano Cupido. Na mitologia mais antiga era representado como uma das forças primitivas da natureza, o filho de Caos, e a encarnação da harmonia e do poder criativo no universo. Posteriormente foi considerado um belo e apaixonado jovem, acompanhado por Poto, o Hímero (o Desejo). A mitologia posterior fez dele o companheiro permanente de sua mãe, Afrodite, deusa do amor.
ESFINGE
Monstro com cabeça e tronco de mulher, corpo de leão e asas de ave. Agachada em cima de uma rocha, abordava os que iam entrar na cidade de Tebas apresentando-lhes o seguinte enigma: O que é que tem quatro pés pela manhã, dois ao meio-dia e três à noite? Caso os interpelados não resolvessem o enigma, ela os matava.
No Egito antigo, as esfinges eram estátuas que representavam as divindades, com corpo de leão e cabeça de algum outro animal ou humana, com frequência uma réplica do rei.
ESTIGE
Rio que serve de entrada ao outro mundo. Costuma-se descrevê-lo como o rio fronteiriço por onde o ancião barqueiro Caronte transportava as almas dos mortos.
EUMÉNIDES
Antigos espíritos ou deusas da terra, associados à fertilidade, mas também possuidores de certas funções morais e sociais.
EURÍDICE
Formosa ninfa, esposa de Orfeu, o poeta e músico.
EUROPA
Filha de Agenor, o rei fenício de Tiro, e irmã de Cadmo, o lendário fundador de Tebas. O deus Zeus se apaixonou por ela e, com a aparência de um touro, raptou-a e possuiu-a, tendo com ela dois filhos, Minos e Radamantis.
FAETONTE
Filho de Hélio e da ninfa Clímene.
FILOCTETES
Famoso arqueiro, amigo do herói Hércules, que lhe deu seu arco e suas flechas envenenadas. A caminho da guerra de Tróia, foi picado no pé por uma serpente, como a ferida demorava a curar, tiveram que deixá-lo na ilha de Lemnos.
GALATÉIA
Uma das 50 nereidas, as filhas de Nereu, o velho homem do mar. Galatéia havia despertado o amor do ciclope Polifemo; todavia, não correspondeu ao seu amor.
GANIMEDES
Um jovem e belo príncipe troiano. O deus Zeus, transformado em águia, raptou Ganimedes quando este estava no meio de seus companheiros, e levou-o ao monte Olimpo. O deus supremo lhe outorgou a imortalidade e fez com que substituísse Hebe, deusa da juventude, como copeiro dos deuses.
GÉIA
Personificação da mãe-Terra e filha de Caos. Foi mãe e esposa do pai-Céu, personificado como Urano. Ambos foram os pais das primeiras criaturas vivas: os titãs, os ciclopes e os hecatonquiros, gigantes com cem mãos e 50 cabeças.
GÓRGONAS
Eram as filhas monstruosas de Forcis, deus do mar, e de Ceto, sua esposa. Duas delas eram imortais, Ésteno e Euríale, mas Medusa, que era mortal, foi morta por Perseu. Eram criaturas terríveis, parecidas com dragões, cobertas de escamas douradas e com serpentes ao invés de cabelos.
GRAÇAS
Eram as três deusas da alegria, do feitiço e da beleza. Filhas do deus Zeus e da ninfa Eurínome, seus nomes são Aglaé (resplendor), Eufrosina (alegria) e Tália (a que leva flores). Presidem os banquetes, as danças e outros acontecimentos sociais prazeirosos e proporcionam alegria e boa vontade tanto a deuses quanto a mortais.
GUERRA DE TRÓIA
Guerra lavrada pelos gregos contra a cidade de Tróia. Acredita-se que a lenda é baseada em fatos verídicos, episódios de uma guerra real entre os gregos do último período micénico e os habitantes de Tróada, em Anatólia, parte da actual Turquia.
HADES
Na mitologia grega, deus dos mortos. Filho do titã Cronos e da titã Réia e irmão de Zeus e Poséidon. Os três filhos uniram-se para derrotar o pai Cronos e, posteriormente, dividiram o universo entre eles; para Hades ficou o mundo subterrâneo. Lá, com sua rainha Perséfone, que tinha sida raptada por ele do mundo superior, erigiu o reino dos mortos.
HARPIAS
Monstros alados com cabeça e peito de mulher, corpo e garras de aves predadoras; na crença popular, eram agentes da vingança divina.
HEBE
Deusa da juventude, filha de Zeus e Hera. Durante muito tempo, desempenhou a função de copeira dos deuses e servia-lhes néctar e ambrósia. O príncipe troiano Ganimedes substituiu-a nesta tarefa. Em outra versão, ela deixou de ser copeira dos deuses quando casou-se com o herói Hércules que acabara de ser deificado.
HÉCATE
Deusa da obscuridade e filha dos titãs Perses e Astéria. Era também deusa da feitiçaria e das coisas ocultas, e era especialmente venerada por magos e bruxas.
HÉCUBA
Mulher de Príamo, rei de Tróia, com quem teve, além de outros 16 filhos, Heitor, Páris e Cassandra.
HEFESTO
Deus do fogo e da metalurgia, filho do deus Zeus e de sua esposa Hera ou, em algumas versões, apenas filho de Hera. Diferente dos outros deuses, Hefesto era manco e desajeitado. Pouco depois de nascer foi expulso do Olimpo. Era o artesão dos deuses, para os quais fabricava armaduras, armas e jóias. Frequentemente, Hefesto é identificado com o deus romano do fogo, Vulcano.
HEITOR
Filho mais velho do rei Príamo e da rainha Hécuba de Tróia, e esposo de Andrómaca. Na Ilíada, de Homero, que narra a guerra de Tróia, Heitor é o melhor guerreiro troiano.
HELENA DE TRÓIA
A mulher mais bela da Grécia, filha do deus Zeus e de Leda, mulher do rei Tíndaro de Esparta. Quando criança foi raptada pelo herói Teseu, que esperou o tempo necessário para se casar com ela, mas foi resgatada por seus irmãos, Castor e Pólux. Mais tarde, sua beleza fatal foi a causa directa da guerra de Tróia.
HELENO
Antepassado dos helenos ou gregos. Era filho de Pirra e Deucalião, os quais, por causa de sua piedade, conseguiram se salvar de um devastador dilúvio que destruiu toda a criação. Acreditava-se que era pai das principais nações da Grécia.
HÉLIO
Antigo deus do Sol, filho dos titãs Hipérion e Téia, irmão de Selene e de Eos, deusa da aurora. Todo dia conduzia seu carro de ouro através do céu, proporcionando luz a deuses e mortais.
HERA
Rainha dos deuses, filha dos titãs Crono e Réia, irmã e mulher do deus Zeus. Era a deusa do matrimónio e a protectora das mulheres casadas. Mãe de Ares, Hefesto, Hebe e Ilítia, costuma ser identificada com a deusa romana Juno.
HÉRCULES
Herói conhecido pela sua força e valor, assim como pelas suas muitas e lendárias façanhas. Hércules é o nome romano de Heracles. Era filho do deus Zeus e de Alcmena, mulher do general tebano Anfitrião. Hera, a ciumenta esposa de Zeus, decidida a matar o filho do seu marido infiel, enviou-lhe pouco tempo depois do seu nascimento duas grandes serpentes incumbidas de matá-lo. A criança, embora muito pequena, estrangulou as duas serpentes. Quando jovem, matou um leão com as próprias mãos. Como troféu dessa aventura colocou a pele da sua vítima como uma capa e sua cabeça como um elmo. Posteriormente o herói conquistou uma tribo que exigia o pagamento de um tributo. Como recompensa, foi-lhe concedida a mão da princesa tebana Megara, com quem teve três filhos. Hera, implacável no seu ódio, fez com que tivesse um surto de loucura durante o qual matou sua mulher e seus filhos. Horrorizado e arrependido desse ato, teria se suicidado, mas o oráculo de Delfos comunicou-lhe que poderia purgar seu crime convertendo-se em servo de seu primo Euristeu, rei de Micenas. Euristeu, compelido por Hera, impôs-lhe o desafio de vencer doze provas difíceis, os doze trabalhos de Hércules.
HERMAFRODITA
Jovem transformado pelos deuses em um ser metade homem e metade mulher.
HERMES
Mensageiro dos deuses, filho do deus Zeus e de Maia, a filha do titã Atlas. Como especial servidor e carteiro de Zeus, usava sandálias e capacete alados e levava um caduceu de ouro, ou vara mágica, com serpentes enroladas e asas na parte superior.
HERMIONE
Filha de Helena de Tróia e Menelau, rei de Esparta. Mesmo estando prometida a Orestes, rei de Micenas, depois da guerra de Tróia Hermione se casou com Neoptólemo, filho do herói grego Aquiles. Depois Orestes matou Neoptólemo e se tornou o segundo marido de Hermione.
HESPERIDES
Filhas do titã Atlas ou de Hesper, a estrela vespertina. Ajudadas por um dragão, as hesperides vigiavam uma árvore com galhos e folhas de ouro, que dava maçãs também de ouro.
HÉSTIA
Deusa virgem do lar, filha mais velha dos titãs Crono e Réia. Presidia todos os fogos dos altares de sacrifício e lhe eram oferecidas preces antes e depois das refeições.
HESÍODO (SÉCULO VIII A.C.)
Poeta que ocupa um lugar excepcional na literatura grega, tanto por seus princípios morais como por seu estilo coloquial. Autor de Os trabalhos e os dias, primeiro exemplo de poesia didáctica, e a Génese dos deuses poema que narra o nascimento dos deuses.
HIDRA
Monstro de nove cabeças que vivia em um pântano perto de Lerna, Grécia. Uma ameaça para todos os habitantes de Argos, tinha um sopro mortalmente peçonhento e quando cortavam uma de suas cabeças, cresciam duas no lugar; a cabeça do meio era imortal.
HIPÓLITA
Rainha das amazonas e filha de Ares. Foi morta pelo herói Hércules quando, como um de seus trabalhos, ele tomou o cinturão que Hipólita havia ganhado de seu pai. De acordo com outra lenda, foi a mulher do herói grego Teseu, com quem teve um filho, Hipólito.
HIPÓLITO
Filho do herói tebano Teseu e de sua mulher Hipólita, rainha das amazonas. Era um excelente caçador e cocheiro, devoto servidor de Ártemis, deusa da caça. Desprezava todas as mulheres e, quando sua madrasta Fedra se apaixonou por ele, rejeitou suas insinuações.
HOMERO
Nome tradicionalmente atribuído ao famoso autor da Ilíada e da Odisseia, as duas grandes epopeias da Antiguidade na Grécia.
ÍCARO
Filho de Dédalo.
IDOMENEUS
Rei lendário de Creta, filho de Deucalião e neto do rei Minos de Creta. Pretendente de Helena de Tróia, foi um dos gregos mais valentes na guerra de Tróia.
IFIGÉNIA
Filha mais velha de Agamenon e de Clitemnestra, que foi sacrificada pelo próprio pai.
IO
Filha do deus do rio Ínaco; de sua união com o deus Zeus, nasceu Épafo, antepassado do herói grego Hércules.
ÍRIS
Deusa do arco-íris, filha do titã Taumante e da plêiade Electra, filha do titã Oceano. Como mensageira do deus Zeus e de sua mulher, Hera, Íris abandonou o Olimpo para transmitir as ordens divinas à humanidade.
ÍTACA
Situada a oeste da Grécia, é uma das ilhas Jónicas. Encontra-se no departamento de Kefallinía (Cefalónia), do qual Ítaca é a capital e principal porto. Acredita-se que poderia ter sido o legendário reino de Ulisses, o herói da Odisseia de Homero.
JASÃO
Filho de Esão, rei de Yolco. Quando Pelias, meio-irmão de Esão, arrebatou-lhe o trono, Jasão, herdeiro legítimo, ainda criança, foi enviado aos cuidados do centauro Quiron. Quando atingiu a idade adulta, retornou à Grécia resolvido a recuperar seu reino. Pelias simulou estar disposto a deixar o trono, porém disse ao jovem que antes deveria empreender a busca do velocino de ouro, que era propriedade legítima da família. Pelias não acreditava que Jasão pudesse sair vitorioso dessa busca nem que retornaria vivo, porém o jovem conseguiu vencer todos os perigos que se apresentaram.
JOCASTA
Mulher de Laio, rei de Tebas, e mãe de Édipo, rei de Tebas. Quando um oráculo predisse que o filho de Jocasta mataria o próprio pai, Laio abandonou o menino em uma montanha.
LAIO
Rei de Tebas, marido de Jocasta e pai de Édipo. Quando o oráculo de Delfos predisse que seu próprio filho o mataria, abandonou o recém-nascido na ladeira de uma montanha. O menino, no entanto, foi encontrado e adoptado por um pastor. A profecia se cumpriu quando Édipo, já adulto, matou Laio sem saber que este era seu pai.
LAOCOONTE
Sacerdote de Apolo ou de Poséidon. No último ano da guerra de Tróia, os gregos fabricaram um cavalo de madeira gigante e ofereceram-no como presente aos troianos. Laocoonte advertiu os chefes troianos para destruírem o presente. Enquanto se decidiam sobre a conveniência de arriscarem-se a introduzir o cavalo na cidade, em função das previsões favoráveis que supostamente estavam associadas a ele, Poséidon, a divindade mais implacável com Tróia, enviou duas horríveis serpentes marinhas que estrangularam-no juntamente com seus filhos.
LETO
Filha da titânida Febe e do titã Ceo, e mãe de Ártemis. Foi uma das muitas amantes de Zeus, que, por temer o ciúmes de Hera, sua mulher, exilou-a quando estava a ponto de dar à luz.
MÁRSIAS
Um dos sátiros. Encontrou a flauta que Atena inventara e que depois abandonaria porque, ao tocá-la, suas maçãs do rosto inchavam e seus traços se deformavam.
MEDÉIA
Feiticeira, filha de Eetes, rei da Cólquida. Quando o herói Jasão, à frente dos argonautas, chegou à Cólquida procurando o velocino de ouro, apaixonou-se desesperadamente por ele. Em troca da promessa de Jasão de uma fidelidade duradoura e de levá-la à Grécia com ele, utilizou seus poderes mágicos para enganar seu pai e obter o velocino de ouro.
MÉMNON
Rei da Etiópia, filho do príncipe troiano Títono e de Eos, deusa da aurora. No décimo ano da guerra de Tróia, levou seu exército em auxílio a Tróia. Lutou valorosamente, mas acabou morto pelo herói grego Aquiles.
MENELAU
Rei de Esparta, irmão de Agamenon, rei de Micenas, e marido de Helena de Tróia.
MENTOR
Velho amigo e conselheiro do herói Odisseu e mentor de seu filho Telémaco.
MIDAS
Rei da Frígia, na Ásia Menor. O sátiro Sileno, grato pela hospitalidade e pelo cortejo com que Midas o havia apresentado ao deus do vinho Dionísio, ofereceu concedê-lo um pedido. O rei pediu que tudo que tocasse se transformasse em ouro, mas logo se arrependeu de seu pedido pois até a comida e a água se tornavam ouro com seu toque.
MINOS
Lendário soberano de Creta. Era filho de Zeus e da princesa Europa. A partir da cidade de Cnossos, colonizou muitas ilhas do Egeu e, em geral, era considerado um governante justo.
MINOTAURO
Monstro com cabeça de touro e corpo de homem. Era filho de Pasífae, rainha de Creta, e de um touro branco. Vivia em um labirinto construído pelo arquitecto Dédalo. O herói grego Teseu foi quem conseguiu matá-lo.
MIRMIDONES
Habitantes da ilha de Egina, no golfo Sarónico, seguidores de Aquiles durante a guerra de Tróia. O nome deriva da palavra grega que significa formigas (myrmêkes).
MISTÉRIOS DE ELÊUSIS
Rituais sagrados das festas religiosas na antiga Grécia, em honra a Deméter e Perséfone, na cidade de Elêusis, perto de Atenas. Muito antes de Atenas alcançar seu esplendor, já se celebravam os mistérios. A iniciação ao sacerdócio era a parte fundamental do ritual. Teodósio aboliu o culto e ordenou o fechamento do santuário.
MNEMOSINE
Deusa da memória. Ela e Zeus eram os pais das nove musas. Foi uma das titânidas, irmãs dos titãs pré-olímpicos, filhas e filhos de Urano e Géia.
MORFEU
Deus dos sonhos, filho de Sonho, deus do sono. Morfeu controlava os sonhos de quem dormia, e também representava seres humanos nos sonhos.
MUSAS
Nove deusas e filhas do deus Zeus e de Mnemosine. As musas presidiam as Artes e as Ciências e acreditava-se que inspiravam os artistas, em especial poetas, filósofos e músicos. Calíope era a musa da Poesia épica, Clio da História, Euterpe da Poesia lírica, Melpómene da Tragédia, Terpsícore da Música e da Dança, Erato da Poesia amorosa, Polimnia da Poesia sagrada, Urania da Astronomia e Talia da Comédia.
NARCISO
Jovem formoso, filho do rei do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Devido à sua grande beleza, moças e rapazes apaixonavam-se por ele, que rejeitava todas as insinuações. Entre as jovens feridas pelo seu amor encontrava-se a ninfa Eco. Narciso rejeitou-a e Némesis fez com que ele se apaixonasse pela própria imagem reflectida numa fonte.
NÉMESIS
Personificação da justiça divina e da vingança dos deuses, às vezes chamada filha da Noite. Representava a legítima ira dos deuses contra a arrogância e a altivez, e contra os transgressores da lei; distribuía a boa ou má fortuna a todos os mortais. Ninguém podia escapar de seu poder.
NEREIDAS
Ninfas do mar Mediterrâneo. Eram as 50 formosas filhas de Nereu.
NEREU
Deus do mar, filho do deus marinho Ponto e de Géia, chamado o velho homem do mar. Casou-se com Dóris, filha do titã Oceano, com quem teve 50 belas filhas chamadas nereidas.
NESSO
Centauro que Hércules expulsou da Arcádia.
NESTOR
Rei de Pilos, filho de Neleu e Clóris. Desde pequeno se destacou como guerreiro e participou de muitos dos grandes acontecimentos de seu tempo.
NIKE
Deusa da vitória, filha do titã Palante e do rio Estige.
NINFAS
Divindades menores ou espíritos da natureza, que vivem em arvoredos, fontes, bosques, pradarias, rios e águas do mar, e são representadas por jovens e belas donzelas que gostam da música e da dança.
NÍOBE
Filha de Tântalo e da rainha de Tebas. Seu marido era o rei Anfion. Níobe deu-lhe seis filhos e seis filhas muito belos. Ordenou que o povo de Tebas a cultuasse no lugar da deusa Leto, que só tinha dois filhos. No monte Olimpo, os deuses ouviram suas palavras e castigaram-na matando seus filhos e transformando-a em pedra.
NÓ GÓRDIO
Complicado nó, feito por Gordias, rei da Frígia e pai de Minos. Dizia-se que quem fosse capaz de desatar o difícil nó tornar-se-ia o governador da Ásia. Muitos tentaram, em vão. Segundo a lenda, o próprio Alexandre Magno ( Alexandre o Grande ) foi incapaz de desatar o nó e, assim, cortou-o com um golpe de espada.
OCEANO
Um dos titãs, filho de Urano e Géia. Com sua mulher, Tétis, dominava o Oceano, um grande rio que circundava a terra, que era considerada um círculo plano.
ODISSEU (ULLISSES)
Herói grego, governador da ilha de Ítaca e um dos chefes do exército grego durante a guerra de Tróia. Homero, na Odisseia, narra as aventuras de Odisseu e seu retorno ao lar, dez anos após a queda de Tróia. No início, acreditava-se que fosse filho de Laertes, rei de Ítaca; posteriormente considerou-se Sísifo, rei de Corintos, como seu pai verdadeiro.
OLIMPO
Montanha de 2.917 m de altitude, a mais elevada da Grécia, situada na fronteira da Tessália com a Macedónia, próximo ao mar Egeu. Segundo a antiga mitologia grega, este era o lugar onde moravam os deuses. No cume, ficavam seus palácios, construídos por Hefesto. A entrada para o Olimpo era uma porta de nuvens protegida pelas deusas conhecidas como as Estações.
ORESTES
Filho de Agamenon, rei de Micenas, e de Clitemnestra. Era ainda uma criança quando sua mãe e seu amante, Egisto, assassinaram Agamenon. Quando ficou adulto, vingou a morte de seu pai cometendo matricídio.
ORFEU
Poeta e músico, filho da musa Calíope e de Apolo ou de Eagro, rei da Trácia. Recebeu a lira de Apolo e chegou a ser tão bom músico que não teve rival entre os mortais. É mais conhecido pelo seu desafortunado matrimónio com a ninfa Eurídice. Pouco depois da cerimónia de casamento, a noiva sofreu uma picada de cobra e morreu.
ORFISMO
Na religião clássica, culto místico da antiga Grécia, fundamentado nos escritos do lendário poeta e músico Orfeu.
Segundo os princípios do orfismo, os seres humanos procuram com esforço libertar-se do elemento titânico, ou representação do mal, próprio da sua natureza, e procuram preservar o dionisíaco ou divino, natureza do seu ser. O triunfo do elemento dionisíaco pode ser atingido seguindo os rituais órficos de purificação e ascetismo.
ÓRION
Gigante belo e caçador poderoso, filho de Poséidon e Euríale, a górgona. Depois de sua morte, Ártemis transformou-o em uma constelação.
OS HINOS HOMÉRICOS
Junto à Ilíada e à Odisseia figuram os chamados Hinos homéricos, uma série de poemas relativamente breves que celebram as façanhas de diversos deuses, compostos em um estilo épico similar e também atribuídos a Homero.
Os achados arqueológicos realizados durante os últimos 125 anos, em especial os de Heinrich Schlieman, têm demonstrado que grande parte da civilização descrita por Homero não era fictícia. Os poemas são, de certo modo, documentos históricos, e a discussão sobre este aspecto tem estado presente em todo momento no debate sobre sua criação.
PÃ
Deus dos bosques, dos campos e da fertilidade, filho de Hermes com uma ninfa. Sendo parte animal, com chifres, patas e orelhas de bode, era uma divindade vigorosa, deus dos pastores.
PANDORA
Primeira mulher sobre a terra, criada pelo deus Hefesto por ordem do deus Zeus.
PARCAS
As três deusas que determinavam a vida humana e o destino. Eram Cloto (a que tecia o fio da vida), Láquesis (a que distribui sortes) e Átropo (a inexorável), que levava as temíveis tesouras que cortavam o fio da vida no momento apropriado.
PÁRIS
Também chamado Alexandre, filho de Príamo e de Hécuba, rei e rainha de Tróia. Uma profecia havia antecipado que Páris causaria a ruína de Tróia, e por isso Príamo abandonou-o no monte Ida. Segundo o mito grego, Páris tinha que decidir qual das três deusas (Hera, Atena e Afrodite) era a mais bela. Segundo a mitologia, este acontecimento fez estourar a guerra de Tróia.
PÁTROCLO
Acompanhou o herói Aquiles, seu melhor amigo, na guerra de Tróia. Morreu nas mãos do capitão troiano Heitor. Para vingar a morte do seu amigo, Aquiles retornou à luta e matou Heitor.
PÉGASOS
Cavalo alado, filho de Poséidon e da górgona Medusa. Nasceu do pescoço de Medusa, depois que ela foi vencida e morta pelo herói Perseu.
PELEU
Rei dos mirmidones de Tessália, filho de Éaco, rei de Egina. Participou da caça ao javali de Cálidon e da viagem dos argonautas em busca do velocino de ouro, mas é especialmente famoso por seu matrimónio com Tétis, uma das nereidas.
PÉLIAS
Filho de Poséidon. Apoderou-se do trono de Iolco, de seu tio Éson, e enviou Jasão, filho e legítimo herdeiro de Éson, a Colquida em busca do Velocino de Ouro, confiando que nunca regressaria.
PELOPSÉ
Filho de Tântalo. Ainda menino, foi morto por seu pai e sua carne foi cozida e servida aos deuses em um banquete.
PENÉLOPE
Filha de Icário, rei de Esparta, mulher de Odisseu, rei de Ítaca, e mãe de Telémaco. Seu marido esteve ausente por mais de 20 anos, como consequência da guerra de Tróia, mas ela nunca duvidou que ele regressaria e se manteve fiel.
PERSÉFONE
Na mitologia grega, filha de Zeus e de Deméter. Hades, deus do mundo inferior, se apaixonou e quis casar-se com ela. Mesmo Zeus dando seu consentimento, Deméter era contrária ao casamento, então Hades raptou-a.
PERSEU
Herói que acabou com a górgona Medusa; era filho de Zeus e de Dânae, filha de Acrísio, rei de Argos.
PÍTON
Grande serpente, filha de Géia, nascida do barro que caiu na terra após o grande dilúvio.
PLÊIADES
As sete filhas de Atlas e de Plêione, a filha de Oceano. Seus nomes eram Electra, Maia, Taígeta, Alcíone, Celeno, Astérope e Mérope.
POLIFEMO
Ciclope, filho de Poséidon, deus do mar, e da ninfa Toosa. Depois da guerra de Tróia, o herói grego Odisseu conseguiu matá-lo.
POSÉIDON
Deus do mar, filho do titã Cronos e da titã Réia, irmão de Zeus e Hades. Marido de Anfitrite, com quem teve um filho, Tritão. Teve numerosos amores, especialmente com ninfas, e foi pai de vários filhos famosos pela sua crueldade, entre eles o gigante Órion e o príncipe Polifemo. Poséidon e a górgona Medusa foram os pais de Pégasos.
PRÍAMO
Rei de Tróia. Foi pai de 50 filhos, entre os quais se sobressaiu o grande guerreiro Heitor, e de 50 filhas, entre elas a profetisa Cassandra. Quando era jovem, lutou ao lado dos frígios contra as amazonas. Nos últimos anos da guerra de Tróia, foi morto por Neoptólemo, filho de Aquiles.
PROMETEU
Um dos titãs, conhecido como amigo e benfeitor da humanidade, filho do titã Jápeto e da ninfa do mar Climene ou de Témis. Prometeu e seu irmão Epimeteu receberam a incumbência de criar a humanidade e de prover aos seres humanos e a todos os animais da terra os recursos necessários para sobreviverem.
Proteu, filho de Poséidon ou seu servente e criador de suas focas. Conhecia todas as coisas passadas, presentes e futuras, mas era capaz de transformar voluntariamente seu aspecto para evitar os que requeriam sua capacidade profética.
QUIMERA
Monstro que soltava fogo pela boca, com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. Aterrorizou Lícia, uma região da Ásia Menor, mas o herói grego Belerofonte finalmente conseguiu matá-lo.
RÉIA
Mãe dos deuses. Era uma titânida, filha de Urano e de Géia, irmã e mulher do titã Crono, e mãe de Zeus. Durante muito tempo, Crono e Réa governaram o Universo. Na mitologia romana, Réa se identifica com Cibele, a grande mãe dos deuses.
SÁTIROS
Divindades dos bosques e montanhas, com chifres e caudas e às vezes com pernas de bode. Os sátiros eram os companheiros de Dionísio e passavam seu tempo perseguindo as ninfas, bebendo vinho, dançando e tocando siringa, flauta ou gaita.
SELENE
Deusa da Lua, filha do titã Hipérion e da titânida Téia, e irmã de Hélio, deus do Sol. Apaixonou-se pelo jovem pastor Endimião, a quem castigou com um sono eterno para que nunca pudesse abandoná-la.
SÉMELE
Filha de Cadmo e Harmonia, rei e rainha de Tebas. Zeus se apaixonou por Sémele e teve com ela o deus Dionísio.
SETE CONTRA TEBAS
Fracassada expedição contra a cidade de Tebas empreendida por sete chefes e seus seguidores, sob o comando de Adrastro, rei de Argos, e Polinice, filho de Édipo, rei de Tebas.
SIBILA
Qualquer mulher agraciada com poderes proféticos pelo deus Apolo. As sibilas viviam em grutas ou perto de correntes de água e, em estado de transe, faziam suas profecias, habitualmente, em hexâmetros gregos, que eram transmitidos por escrito.
SILENO
O maior dos sátiros, filho de Hermes, ou de Pã, tutor do jovem deus Dionísio.
SIRÉNIOS
Ninfas do mar, com corpo de ave e cabeça de mulher, ainda que desde a Idade Média sejam representadas pela iconografia com cabeça e torso de mulher e cauda de peixe; eram filhas do deus marinho Fórcis. Tinham uma voz de tal doçura que os marinheiros que ouviam suas canções eram atraídos até as rochas sobre as quais as ninfas cantavam.
SÍSIFO
Rei de Corinto, filho de Éolo, rei de Tessália. Sísifo observou como o deus Zeus se encontrava com a bela ninfa Egina e contou a seu pai o que tinha visto. Enfurecido, Zeus condenou-o ao Tártaro.
TÂNTALO
Rei de Lídia e filho de Zeus, matou seu único filho, Pélope; cozinhou-o em um caldeirão e serviu-o num banquete aos deuses; porém, estes perceberam a natureza do alimento e nem sequer o experimentaram. Devolveram a vida a Pélope e resolveram dar a Tântalo um castigo exemplar. Penduraram-no para sempre em uma árvore no Tártaro e foi condenado a sofrer sede e fome angustiantes.
TÁRTARO
A região mais baixa dos infernos. Segundo Hesíodo e Virgílio, o Tártaro é fechado por portas de ferro e está tão abaixo do mundo subterrâneo de Hades quanto a terra está em relação ao céu.
TÉLAMON
Rei de Salamina, filho de Éaco, rei de Egina, e pai do herói e guerreiro conhecido como o Grande Ajax. Ajudou Hércules a matar Laomedonte, rei de Tróia. Outros acontecimentos famosos dos quais participou foram a caçada ao javali de Cálidon e a viagem dos Argonautas em busca do Velocino de Ouro.
TELÉMACO
Filho de Odisseu, rei de Ítaca, e de sua mulher, Penélope. Constante companheiro de sua mãe durante os longos anos das travessias de Odisseu após a queda de Tróia.
TÉMIS
Uma das titânidas, filha de Urano e Géia, mãe das três Parcas e das Estações. Deusa da justiça e da lei divinas, era a companheira constante do deus Zeus e se sentava ao seu lado no Olimpo.
TESEU
O maior herói ateniense, filho de Egeu, rei de Atenas, ou de Poséidon, deus do, mar, e de Etra, filha de Piteu, rei de Trezena. Entre suas aventuras estão o encontro com o Minotauro, a caça do javali de Cálidon e a busca dos argonautas ao velocino de ouro.
TÉTIS (NEREIDA)
Filha das divindades marinhas Nereu e Dóris e a mais famosa das nereidas. Foram seus pretendentes Zeus, o deus supremo, e Poséidon, deus do mar, que lhe comunicaram a profecia de que daria à luz um filho que seria mais poderoso que seu pai.
TÉTIS (TITÃ)
Uma titânida filha de Urano e de Géia. Era mulher de seu irmão Oceano e, dessa união, mãe das 3 mil oceânides ou ninfas do oceano e de todos os deuses dos rios.
TIRÉSIAS
Vidente tebano. Contava-se que a deusa Atena o havia deixado cego porque ele a observou enquanto se banhava, mas que o havia compensado, dando-lhe o dom da profecia.
TITÃ
Nome dado aos 12 filhos de Urano e Géia e alguns de seus próprios filhos. Às vezes chamados de "deuses maiores", foram durante muito tempo os supremos governadores do Universo. Possuíam uma estatura descomunal e uma grande força.
TÍTONO
Filho de Laomedonte, rei de Tróia, e irmão de Príamo, sucessor de Laomedonte. Era amado pela deusa da aurora, Eos, com quem teve um filho, o herói Mêmnon, rei da Etiópia.
TRIPTOLEMUS
Sacerdote de Deméter e fundador dos mistérios de Elêusis, celebrados em honra a essa divindade.
TRITÃO
Benéfico deus dos abismos marinhos, filho de Poseidon, deus do mar, e de sua mulher Anfitrite. Ajudou os argonautas em sua busca ao Velocino de Ouro.
URANO
Deus dos céus, casado com Géia. Era o pai dos titãs, dos ciclopes e dos hecatonquiros, gigantes de cem mãos e cinquenta cabeças. Os titãs, guiados pelo seu soberano, Cronos, destronaram e mutilaram Urano e do seu sangue que caiu sobre a terra surgiram as três Erínias ou Fúrias que vingaram os crimes de parricídio e perjúrio.
VELOCINO DE OURO
O velocino do carneiro alado Crisomalo. O deus Hermes havia enviado o carneiro para resgatar Frixo e Hele de sua madrasta Ino. Muitos anos depois, os argonautas, conduzidos pelo primo de Frixo, o herói grego Jasão, recuperaram o velocino.
ZÉFIRO
Na mitologia grega, deus do vento do Oeste. Era filho do titã Astreu e de Eos, a deusa da aurora. Contava-se que era casado com Íris. Seus irmãos eram Bóreas e Noto, respectivamente deuses dos ventos do Norte e do Sul.
ZEUS
Deus do céu e soberano dos deuses olímpicos. Corresponde ao deus romano Júpiter.
Segundo Homero, Zeus era considerado pai dos deuses e dos mortais. Não foi seu criador; era seu pai no sentido de proteger e ser o soberano tanto da família olímpica, como da raça humana. Zeus presidia os deuses no monte Olimpo, na Tesália.
Zeus era o filho menor do titã Cronos e da titã Réia e irmão das divindades Poséidon, Hades, Héstia, Deméter e Hera.
1 de agosto de 2009
DICIONÁRIO DE SOCIOLOGIA
SOCIOLOGIA DICIONARIO
AÇÃO SOCIAL. De forma ampla, pode ser conceituada como todo esforço organizado, visando alterar as instituições estabelecidas. De forma particular, é conceituada pelos autores que utilizam a abordagem da ação na análise sociológica da sociedade, sendo que os principais representantes são Max Weber e Talcott Parsons. Para Weber, a ação social seria a conduta humana, pública ou não, a que o agente atribui significado subjetivo; portanto, é uma espécie de conduta que envolve significado para o próprio agente. Por sua vez, Parsons tem como ponto de partida a natureza da própria ação: toda a ação é dirigida para a consecução de objetivos. Um indivíduo (ator), esforçando-se por atingir determinado objetivo, tem de possuir algumas idéias e informações sobre os "objetos" que são relevantes para a sua consecução, além de ter alguns sentimentos a respeito deles, no que concerne às suas necessidades; e, finalmente, tem de fazer escolhas. Outro aspecto é a necessidade de possuir certos padrões de avaliação e seleção. Todos esses elementos ou aspectos de motivação e avaliação podem tornar-se sociais por intermédio do processo de interação. Assim, a ação social é vista por Parsons como comportamento que envolve orientação de valor e como conduta padronizada por normas culturais ou códigos sociais.
ACOMODAÇÃO. É um processo social com o objetivo de diminuir o conflito entre indivíduos ou grupos, reduzindo o conflito ou mesmo encontrando um novo modus vivendi. É um ajustamento formal e externo, aparecendo apenas nos aspectos externos do comportamento, sendo pequena ou nula a mudança interna, relativa a valores, atividades e significados.
ACULTURAÇÃO. Processo pelo qual duas ou mais culturas diferentes, entrando em contato contínuo, originam mudanças importantes em uma delas ou em ambas.
ADAPTAÇÃO. De maneira ampla, significa o ajustamento biológico do ser humano ao ambiente físico em que vive. Pode também ser aplicada à vida em sociedade, que ocasiona o surgimento de certo denominador comum entre os componentes de uma sociedade particular, certo grau de adesão e conformidade às normas estabelecidas, que varia com a margem de liberdade e de autonomia que o meio social permite ao indivíduo.
AGREGADOS. Constituem uma reunião de pessoas frouxamente aglomeradas que, apesar da proximidade física, têm um mínimo de comunicação e de relações sociais. Apresentam as seguintes características: anonimato, não-organização, limitado contacto social, insignificante modificação no comportamento dos componentes, são territoriais e temporários. 0s principais agregados são: manifestações públicas (agregados de pessoas reunidas deliberadamente com determinado objetivo); agregados residenciais (apesar dos seus componentes estarem próximos, mantêm-se relativamente estranhos; não há, entre eles, contacto e interação e também não possuem organização); agregados funcionais (constituem uma zona territorial onde os indivíduos têm funções específicas); multidões (agregados pacíficos ou tumultuosos de pessoas ocupando determinado espaço físico).
AGRUPAMENTOS SOCIAIS. Englobam os grupos (veja GRUPOS) e os "quase grupos": agregados (incluindo as multidões), público e massa.
ALIENAÇÃO. Processo que deriva de uma ligação essencial à ação, à sua consciência e à situação dos indivíduos, pelo qual se oculta ou se falsifica essa ligação de modo que o processo e os seus produtos apareçam como indiferentes, independentes ou superiores aos homens que são, na verdade, seus criadores. No momento em que a uma pessoa o mundo parece constituído de coisas – independentes umas das outras e não relacionadas – indiferentes à sua consciência, diz-se que esse indivíduo se encontra em estado de alienação. Condições de trabalho, em que as coisas produzidas são separadas do interesse e do alcance de quem as produziu, são consideradas alienantes. Em sentido amplo afirma-se que é alienado o indivíduo que não tem visão – política, econômica, social – da sociedade e do papel que nela desempenha.
ANIMISMO. Consiste na crença de que todas as coisas, animadas ou inanimadas, estão dotadas de almas pessoais que nelas residem; é a crença em seres espirituais, isto é, almas, espíritos e espectros.
ANOMIA. Ausência de normas. Aplica-se tanto à sociedade como a pessoas: significa estado de desorganização social ou pessoal ocasionado pela ausência ou aparente ausência de normas.
ANTINOMIA. Situação em que as normas de um grupo ou sociedade são contraditórias ou opostas entre si.
ANTROPOMORFISMO. É um tipo de pensamento religioso, ou crença, que estende atributos humanos, tanto físicos como psíquicos, à divindade.
ÁREAS CULTURAIS. Áreas geográficas onde há semelhança, em relação aos traços, complexos e padrões de culturais de grupos humanos.
ASSIMILAÇÃO. Processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes aceitam e adquirem padrões comportamentais, tradição, sentimentos e atitudes de outra parte. É um ajustamento interno e indício da integração sócio-cultural, ocorrendo principalmente nas populações que reúnem grupos diferentes. Em vez de apenas diminuir, pode terminar com o conflito.
ASSOCIAÇÕES. São organizações sociais cuja característica é ser mais especializada e menos universal do que as instituições; em consequência, apresentam, em geral, determinadas adaptações às classes sociais, grupos profissionais, categorias biológicas, grupos de interesses, etc.
ATITUDE. Processo da consciência individual que determina a real ou possível atividade do indivíduo no mundo social. Para alguns autores é ainda a tendência de agir da maneira coerente com referência a certo objeto (Thomas).
AUTORIDADE. É dotado de autoridade o indivíduo que exerce um poder legítimo.
BUROCRACIA. Organização com cargos hierarquizados, delimitados por normas, com área específica de competência e de autoridade, dotados tanto de poder de coerção quanto da limitação desta, onde a obediência é devida ao cargo e não à pessoa que o ocupa; as relações devem ser formais e impessoais, sem apropriação do cargo que, para ser preenchido, exige competência específica; todos os atos administrativos e decisões têm de ser formulados por escrito.
CAPITALISMO. Sistema em que os meios de produção são de propriedade privada de uma pessoa (ou grupo de pessoas) que investe o capital; o proprietário dos meios de produção (capitalista) contrata o trabalho de terceiros que, portanto, vendem a sua força de trabalho para a produção de bens. Estes depois de vendidos permitem ao capitalista, não apenas a recuperação do capital investido, mas também a obtenção de um excedente - o lucro. Tanto a compra dos meios e fatores de produção quanto a venda dos produtos, resultantes da atividade empresarial, realizam-se no mercado de oferta e procura de bens e serviços, existente na sociedade capitalista.
CASTA. Um sistema de castas compõe-se de um número muito grande de grupos hereditários, geralmente locais, rigidamente endogâmicos, dispostos numa hierarquia de inferioridade e superioridade; correspondem geralmente a diferenciações profissionais, são impermeáveis a movimentos de mobilidade social são reconhecidos por lei e possuem quase sempre um fundo religioso.
CATEGORIAS. Pluralidade de pessoas que são consideradas como uma unidade social pelo fato de serem efetivamente semelhantes em um ou mais aspectos (Fichter). Não há necessidade de proximidade ou contacto mútuo para que as pessoas pertençam a uma categoria social.
CIDADE. É um aglomerado permanente, relativamente grande e denso, de indivíduos socialmente heterogéneos (Wirth).
CIÊNCIA. É todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação (Trujillo).
CIVILIZAÇÂO. Grau de cultura bastante avançado no qual se desenvolvem bem as Artes e as Ciências, assim como a vida política (Winick). Características essenciais da civilização: as hierarquias sociais internas, a especialização, as cidades e as grandes populações, o crescimento das matemáticas e a escrita (Childo).
CLÃ. Grupo de parentes baseado numa regra de descendência, geralmente medida tanto pela linha masculina quanto pela linha feminina (parentesco através de um dos pais) e numa regra de residência (mesma localidade). Os membros do clã traçam a sua linha de ascendência a partir de um antepassado original, que pode existir somente no passado mitológico: um animal, um ser humano, um espírito ou uma característica da paisagem.
CLASSE SOCIAL. É um agrupamento legalmente aberto, mas na realidade semifechado; solidário; antagônico em relação a outras classes sociais; em parte organizado, mas principalmente semi-organizado; em parte consciente da sua unidade e existência, e em parte não; característico da sociedade ocidental a partir do Século XVIII; é multivinculado, unido por dois liames univinculados, o ocupacional e o econômico (ambos tomados no sentido mais lato) e por um vínculo de estratificação social no sentido da totalidade dos seus direitos e deveres basicamente diferentes das outras classes sociais (Sorokin).
CÓDIGOS. Representam modelos culturais que exercem determinado "constrangimento" sobre a ação de indivíduos e grupos; são normas de conduta, cujo poder de persuasão ou de dissuasão repousa, em parte, nas sanções, positivas ou negativas, de aprovação ou desaprovação, que as acompanham.
COMPETIÇÃO. Forma mais elementar e universal de interação, consistindo na luta incessante por coisas concretas, por status ou prestígio; é contínua, e geralmente inconsciente e impessoal.
COMPLEXOS CULTURAIS. Conjunto de traços ou um grupo de traços associados formando um todo integral.
COMPORTAMENTO COLECTIVO. É um comportamento que caracteriza os componentes dos agregados, especificamente das multidões, e que não se constitui na simples soma dos comportamentos individuais, mas que se configura com um comportamento determinado ou influenciado pela presença física de muitas pessoas, com certo grau de interação entre elas. Apresenta geralmente (quando a multidão se torna ativa) as seguintes fases: controle exercido pela presença de outrem (modificando os comportamentos individuais); "reação circular" (influência de cada indivíduo sobre o comportamento do outro e vice-versa); "milling" (movimento de indivíduos, uns em redor dos outros, ao acaso e sem meta); excitação coletiva (o comportamento excitado fixa poderosamente a atenção dos integrantes; sob a sua influência os indivíduos tornam-se emocionalmente excitáveis; a decisão pessoal dos indivíduos é mais rapidamente quebrada); contágio social (disseminação rápida, impensada e irracional de um estado de espírito, de um impulso ou de uma forma de conduta que atraem e se transmitem aos que originalmente se constituíam em meros espectadores e assistentes).
COMUNICAÇÃO. Processo pelo qual idéias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando possível a interação social . É fundamental para o homem, enquanto ser social, e para a cultura. Pode dar-se através de meios não vocais, sons
COMUNIDADE. É essencialmente ligada ao solo, em virtude dos seus componentes viverem de maneira permanente em determinada área, além da consciência de pertencerem, ao mesmo tempo, ao grupo e ao lugar, e de partilharem o que diz respeito aos principais assuntos das suas vidas. Têm consciência das necessidades dos indivíduos, tanto dentro como fora do seu grupo imediato e, por essa razão, apresentam tendência para cooperar estritamente.
COMUNISMO. Como o socialismo, o comunismo é mais uma doutrina econômica do que política. Consiste numa filosofia social ou sistema de organização social baseada no principio da propriedade pública, coletiva, dos meios materiais de produção e de serviço econômico; encontra-se unido a doutrinas que se preocupam em formular os procedimentos mediante os quais pode ser estabelecido e conservado. Sob este aspecto, difere do socialismo, por preconizar a impossibilidade da reforma e de a sua instauração em medidas fragmentárias e de caráter lento. Outro ponto de discordância apresenta-se no que se refere ao rendimento: se ambos os sistemas consideram válidos os rendimentos advindos do trabalho (não aqueles, porém, que derivam da propriedade), o socialismo admite que o rendimento seja medido pela capacidade pessoal ou pelo rendimento social manifestado pela competência dentro do sistema coletivo, ao passo que o comunismo aspira suprimir até mesmo este último tipo de competência: o lema comunista é "de cada um segundo a sua capacidade e a cada um segundo as suas necessidades". Nenhum dos países simplificadamente denominados comunistas, atingiram este estágio; ficaram na fase de "ditadura do proletariado" ou "democracia popular". A perestroika, palavra russa que significa reestruturação e que designa a política iniciada por Gorbachov na ex-URSS, marcou o princípio do fim destes regimes.
CONDUTA. Consiste no comportamento humano autoconsciente, isto é, comportamento controlado pelas expectativas de outras pessoas.
CONFLITO. Luta consciente e pessoal, entre indivíduos ou grupos, em que cada um dos contendores almeja uma condição, que exclui a desejada pelo adversário.
CONFORMIDADE. Seria a ação orientada para uma norma (ou normas) especial, compreendida dentro dos limites do comportamento por ela permitidos ou delimitados. Desta maneira, dois fatores são importantes no conceito de conformidade: os limites de comportamento permitidos e determinadas normas que, consciente ou inconscientemente, são parte da motivação da pessoa.
CONSCIÊNCIA DE CLASSE. Consiste no fato de dar-se conta ou perceber as diferenças que existem entre a própria situação de classe e a de outro indivíduo ou indivíduos. Essas atitudes podem consistir num sentimento de inferioridade ou de superioridade, respectivamente, se os outros pertencem a classes sociais superiores ou inferiores. Podem dar lugar a um sentimento de oposição ou de hostilidade, à medida que se percebem as diferenças de interesses, em sociedades que possuem a luta de classes, ou simplesmente um sentimento de afastamento ou reserva, devido à diferença de usos sociais, costumes e ideologias das diferentes classes.
CONSCIÊNCIA COLETIVA. Soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros da comunidade, formando um sistema autônomo, isto é, uma realidade distinta que persiste no tempo e une as gerações (Durkheim).
CONSENSO SOCIAL. Conformidade de pensamentos, sentimentos e ações que caracterizam os componentes de determinado grupo ou sociedade (Willians).
CONTATO. É a fase inicial da interestimulação, sendo as modificações resultantes denominadas interação. É um aspecto primário e fundamental do processo social porque do contato dependerão todos os outros processos ou relações sociais. Divide-se em: contactos diretos (aqueles que ocorrem por meio da percepção física, portanto, realizados face a face); contactos indiretos (realizados através de intermediários - com os quais se terá um contacto direto - ou meios técnicos de comunicação); contactos voluntários (derivados da vontade própria dos participantes, de maneira espontânea, sem coação); contactos involuntários (derivam da imposição de uma das partes sobre a outra); contactos primários (pessoais íntimos e espontâneos, em que os indivíduos tendem a compartilhar das suas experiências particulares; envolvem elemento emocional, permitindo certa fusão de individualidades que dão a origem ao "nós"); contactos secundários (são contactos formais, impessoais, calculados e racionais, geralmente superficiais, envolvendo apenas uma faceta da personalidade); contactos do "nosso grupo" (fundamentados no fenômeno do etnocentrismo com a sobrevalorização da cultura e dos costumes. Há uma tendência para a identificação com os elementos do grupo, mantendo relações baseadas em simpatia, sentimento de lealdade, amizade e até mesmo de altruísmo); contactos do "grupo alheio" (contacto com pessoas estranhas, cuja cultura e costumes são menosprezados. Considerados estranhos, forasteiros, adversários ou inimigos, os sentimentos que eles despertam são de indiferença ou inimizade); contactos categóricos (resultam da classificação que fazemos de uma pessoa desconhecida, baseada na sua aparência física, cor da pele, feições, profissão, etc., de acordo com as características atribuídas a ela pelo "nosso grupo"); contatos simpatéticos (baseados em qualidades manifestadas pelos indivíduos e não em características de categorias.
CONTROLE SOCIAL. Conjunto das sanções positivas e negativas a que uma sociedade recorre para assegurar a conformidade das condutas aos modelos estabelecidos (Rocher). O controle social pode ser informal (natural, espontâneo, baseado nas relações pessoais e íntimas que ligam os componentes do grupo) e Formal (artificial, organizado, exercido principalmente pelos grupos secundários), onde as relações são formais e impessoais).
COOPERAÇÃO. É o tipo particular de processo social em que dois ou mais indivíduos ou grupos atuam em conjunto para a consecução de um objetivo comum. É requisito especial e indispensável para a manutenção e continuidade dos grupos e sociedades.
COSTUMES. Normas de conduta coletiva, obrigatória, dentro de um grupo social.
CRENÇA. Aceitação como verdadeira de determinada proposição, que pode ou não ser comprovada. Tem a possibilidade de ser tanto intelectual (crença científica) como emocional, falsa ou verdadeira. A realidade da crença independe da verdade intrínseca e objetiva de dada proposição (ou a ausência dela).
CRESCIMENTO. Transformação definida e contínua, determinada quantitativamente, com relação à magnitude; difere do desenvolvimento por ser uma variação unidimensional, que se limita a determinado sector da organização social, ao passo que desenvolvimento abrange os diferentes sectores da sociedade, de forma harmônica, constituindo-se num fenômeno multidimensional.
CULTURA. Forma comum e aprendida da vida, que compartilham os membros de uma sociedade, e que consta da totalidade dos instrumentos, técnicas, instituições, atitudes, crenças, motivações e sistemas de valores que o grupo conhece (Foster).
CULTURA DE "FOLK". É pequena, homogênea, isolada; economicamente auto-suficiente e de tecnologia simples; com divisão do trabalho rudimentar e baseada, principalmente, no sexo, parentesco e idade; ágrafa ou com escrita rudimentar e, nesse último caso, constituindo-se em mero complemento da tradição oral; relativamente integrada, com modos de vida intimamente relacionados, e possuindo uma concordância mútua; comportamento fortemente padronizado, em bases convencionais; tradicional, espontânea, não crítica e com forte senso de solidariedade grupal; mudança cultural e social lenta, possuindo formas de controlo tradicionais e não organizadas, com cunho de espontaneidade, isto é, informais; sociedade familiar e sagrada, com animismo e antropomorfismo manifestos; ausência de mercado, de moedas e do conceito "lucro", com economia baseada na troca (Redfield). Opõe-se à civilização.
CULTURA DE MASSA. É a divulgação, sem que se possa contestá-las ou debatê-las, de mensagens pré-fabricadas, cuja mediocridade prevê a sua aceitação por pessoas de qualquer nível de conhecimento e idade mental, nivelando "por baixo" as informações, uniformizando o uniforme e sintetizando os lugares-comuns, com a finalidade de tornar a cultura um conjunto semelhante, constante e não questionado.
DEMOCRACIA. Filosofia ou sistema social que sustenta que o indivíduo, apenas pela sua qualidade de pessoa humana, e sem consideração às suas qualidades, posição, status, raça, religião, ideologia ou patrimônio, deve participar dos assuntos da comunidade e exercer nela a direção que proporcionalmente lhe corresponde.
DESEJO. Expressão de impulsos inatos insatisfeitos; na busca de satisfação, o desejo seria a força motivadora, a base de todas as ações.
DESENVOLVIMENTO. Ocorre como uma inter-relação de contraponto entre a diferenciação (fator de divisibilidade da sociedade estabelecida) e a integração (fator de unificação, em novas bases, das estruturas diferenciadas). Desta maneira, para haver desenvolvimento, é necessário que haja uma integração adequada dos elementos diferenciados, abrangendo as seguintes etapas: processo (qualquer transformação definida e contínua, que ocorra numa estrutura preexistente); segmentação (tipo intermediário entre processo e as transformações da estrutura social); transformação estrutural (surgimento de complexos de organizações e papéis qualitativamente novos); integração (elemento unificador das estruturas diferenciadas) (Smelser).
DESORGANIZAÇÃO SOCIAL. É um estado relativo e, como a estabilidade, existe em diferentes graus. Em toda a sociedade, sempre operam dois conjuntos de forças, os que criam estabilidade e os que produzem instabilidade. Numa sociedade estável há um equilíbrio entre ambos. Quando os últimos se tornam mais poderosos do que os primeiros, ocorre a desorganização social; esta é, portanto, uma perturbação no equilíbrio das forças, o que produz uma desintegração das instituições ) e um enfraquecimento do seu controlo. A sociedade é, então, envolvida por todos os tipos de problemas sociais (veja PROBLEMAS SOCIAIS) (Koenig).
DESVIO. O comportamento de um desvio é conceituado não apenas como um comportamento que infringe uma norma por acaso, mas também como um comportamento que infringe determinada norma para a qual a pessoa está orientada naquele momento; o comportamento de um desvio consiste, pois, em infração motivada.
DIFUSÃO CULTURAL. Processo de transferência dos traços culturais de uma região para outra ou de uma parte da cultura para outra
DISTÂNCIA SOCIAL. É a medida das diferenças de posições sociais ou status (veja STATUS) entre indivíduos e grupos. Existe pouca ou nenhuma distância social entre pessoas com posição social semelhante ou idêntica e, ao contrário, a distância social revelar-se-á grande entre pessoas com posições sociais diferentes, tendendo a aumentar à medida que essas diferenças forem maiores e mais numerosas.
DIVISÃO DO TRABALHO. Distribuição de seres humanos, pertencentes á mesma comunidade, em ocupações interdependentes e complementares.
EDUCAÇÃO. É a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram preparadas para a vida social; tem como objeto suscitar e desenvolver, na criança, um certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destina (Durkheim).
EFEITOS PERVERSOS. Efeitos não desejados, e geralmente opostos, de ações intencionais, visando a um objetivo específico.
ELITE. Compreende as pessoas e os grupos que, graças ao poder que detêm ou à influência que exercem, contribuem para a ação histórica de uma coletividade, seja pelas decisões tomadas, seja pelas idéias, sentimentos ou emoções que exprimem ou simbolizam (Rocher).
EMPRESA. Complexo de atividades econômicas, desenvolvidas sob o controlo de uma entidade jurídica (pessoa ou pessoas físicas, sociedade mercantil ou cooperativa, instituição privada sem fins lucrativos e organizações públicas).
ENDOCULTURAÇÃO. Processo de aprendizagem e educação de uma cultura, desde a infância até à idade adulta.
ESPAÇO SOCIAL. É uma espécie de universo constituído pela população humana; sem haver seres humanos, ou existindo apenas um, não há espaço social. Sendo assim, o espaço social é totalmente contrário do espaço geográfico, cuja existência de seres humanos é indiferente.
ESTADO. É uma nação politicamente organizada. É constituído, portanto, pelo povo, território e governo. Engloba todas as pessoas dentro de um território delimitado - governo e governados.
ESTAMENTO. Constitui uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas do que as classes e mais abertas do que as castas, reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra.
ESTEREÓTIPOS. São construções mentais falsas, imagens e idéias de conteúdo alógico, que estabelecem critérios socialmente falsificados. Os critérios baseiam-se em características não comprovadas e não demonstradas, atribuídas a pessoas, a coisas e a situações sociais, mas que, na realidade, não existem.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL. Diferenciação de indivíduos e grupos em posições (status), estratos ou camadas, mais ou menos duradouros e hierarquicamente sobrepostos. Características: tem caráter social, é antiga, é onipresente, é diversa nas suas formas, tem influência, isto é, as coisas mais importantes, mais desejadas e, frequentemente, mais escassas na vida humana constituem os materiais básicos, que são desigualmente distribuídos entre os componentes das diversas camadas.
ESTRUTURA DA CIDADE. Consiste num produto da interação competitiva entre as pessoas, as facilidades de mercado, as agências de transporte e de comunicação, os tipos de funções exercidas e a sua localização (Hollingshead).
ESTRUTURA SOCIAL. Partindo da constatação de que os membros e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de relações de obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios) recíprocos, aceites e praticados entre si, a estrutura social refere-se à colocação e à posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema de relações de obrigação. Por outras palavras, o agrupamento de indivíduos, de acordo com posições, que resulta dos padrões essenciais de relações de obrigação, constitui a estrutura social de uma sociedade (Brown e Barnett).
ETNOCENTRISMO. Atitude emocional que sustenta o grupo, a raça ou a sociedade a que uma pessoa pertence, superiores a outras entidades raciais, sociais ou culturais. Esta atitude encontra-se associada ao desprezo pelo estrangeiro ou pelo forasteiro, assim como pelos seus costumes.
EXPECTATIVA DE COMPORTAMENTO. Consiste no que as pessoas ao redor do indivíduo esperam dele, no que se refere à sua conduta em determinadas situações sociais.
FAMÍLIA. Grupo social caracterizado pela residência comum, pela cooperação econômica e pela reprodução. A família é constituída pelos pais e pelos filhos.
FATO SOCIAL. É toda a maneira de agir, fixa ou não, susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral numa dada sociedade, apresentando uma existência própria, independentemente das manifestações individuais que possa ter (Durkheim).
FEUDALISMO. Sistema social vigente na Europa Ocidental, aproximadamente entre os séculos X e XVIII, com características políticas, econômicas, jurídicas e militares, particulares. Sob este aspecto, abrange outras regiões que, à semelhança da Idade Média européia, possuíam instituições do estilo feudal (Egito antigo, Índia, Império Bizantino, mundo árabe, Império Turco, Japão, etc.). As características determinantes do feudalismo apresentam: um desenvolvimento extremo dos laços de dependência de homem para homem, com uma "classe" de guerreiros especializados que ocupam os escalões superiores da hierarquia - juridicamente fundamentada; um parcelamento máximo do direito da propriedade; uma hierarquia oriunda dos direitos sobre a terra (proveniente do parcelamento), e que corresponde à hierarquia dos laços de dependência pessoal; um parcelamento de poder público, criando em cada região uma hierarquia de instâncias autônomas que exercem, no seu próprio interesse, poderes normalmente atribuídos ao Estado e, em épocas anteriores, quase sempre da efetiva competência deste. A concepção política baseia-se, portanto, nas relações individuais e na fidelidade entre vassalos e suseranos, com pouca autoridade central, sendo o rei, na maioria dos casos, o mais alto suserano. Economicamente, a terra é o elemento fundamental da riqueza: a sua fragmentação, acompanhada do estabelecimento de laços pessoais, cria o sistema de suserania e vassalagem: quem doa a terra é o senhor feudal ou suserano; quem a recebe, podendo transmiti-la aos seus descendentes, é o vassalo.
FOLCLORE. Conjunto orgânico de modos de sentir, pensar e agir peculiares às camadas populares das sociedades "civilizadas" ou históricas, caracterizado pela espontaneidade.
FOLKWAYS. Padrões não obrigatórios de comportamento social exterior, que constituem os modos coletivos de conduta, convencionais ou espontâneos, reconhecidos e aceites pela sociedade; regem a maior parte da vida quotidiana, mas não são impostos.
FORÇAS PRODUTIVAS. As relações de produção são constituídas, numa sociedade de classes, por uma dupla relação que engloba as relações dos homens com a natureza de produção material. São elas: relações de agentes de produção com o objeto e relação com os meios de trabalho, sendo que a última origina as forças produtivas.
FORÇAS SOCIAIS. De modo geral, pode ser entendida como todo o estímulo ou impulso efetivo que conduz a uma ação social. De forma concreta, uma força social, representa o consenso por parte de um número suficiente de membros de uma sociedade, que tenha a finalidade de acarretar uma ação ou mudança social de certa índole. No plural - forças sociais - é utilizada para designar os impulsos básicos típicos, ou motivos, que conduzem aos tipos fundamentais de associação e de formação de grupos.
FUNÇÕES LATENTES. Consequências não pretendidas, não esperadas e inclusive, não reconhecidas.
FUNÇÕES MANIFESTAS. Finalidades pretendidas e esperadas das organizações.
GOVERNO. Como entidade objetiva, refere-se aos indivíduos e órgãos que têm a responsabilidade de conduzir a ação do Estado. Um governo exerce um controle imperativo no âmbito de um território definido onde reivindica, com êxito, o monopólio da força.
GRUPOS. Formam uma coletividade identificável, estruturada, contínua, de pessoas sociais que desempenham papéis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais, para a consecução de objetivos comuns (Fichter).
GRUPOS PRIMÁRIOS. São caracterizados por uma íntima cooperação e associação face a face. São primários sob vários aspectos, principalmente porque são fundamentais na formação da natureza social e nos ideais do indivíduo. O resultado dessa associação íntima é, psicologicamente, certa fusão das individualidades num todo comum, de modo que o próprio ego individual se identifica, pelo menos para vários fins, com vida e os propósitos comuns ao grupo. Possivelmente a maneira mais simples de descrever essa totalidade consiste em apresentá-la como "nós", porque envolve a espécie de simpatia e de identificação mútuas para os quais o "nós" é a expressão natural (Cooley).
GRUPOS DE REFERÊNCIA. Exercem ascendência sobre os indivíduos pela natureza e modo de identificação que neles despertam. Geralmente, a pessoa não pertence (mas pode pertencer) ao grupo de referência, que tem o condão de influenciá-lo, originando uma "assimilação" psicológica, funcionando como quadro de referência para as aspirações, tomada de consciência, opiniões, atitudes e padrões de comportamento do indivíduo.
GRUPO SECUNDÁRIO. Possui certas características que se apresentam como opostas às do grupo primário. As relações geralmente são estabelecidas por contato indireto e, no caso de serem por contato direto, são passageiras e desprovidas de intimidade; as relações são ainda formais e impessoais. No grupo secundário, a consciência do "nós" é fraca, o tipo de contato predominantemente secundário e categórico , a posição dos membros define-se em relação aos papéis que lhes cabem, sendo sua participação limitada à contribuição que prestam.
HABITAT. Área apropriada para ocupação por uma espécie, grupo ou pessoa. Pode ter alguma significação associativa, porquanto se refere a uma área em que se realizam todas as atividades essenciais à vida (Anderson).
HÁBITO. Forma de conduta individual, mecanizada ou automatizada pelo indivíduo.
HINTERLAND. Área que é fonte de sustento e de matérias-primas para uma outra área, geralmente uma metrópole industrial, e que se constitui, ao mesmo tempo, em mercado para os seus produtos.
HIPÓTESES. São formulações provisórias do que se procura conhecer, de cuja ajuda necessitamos para explicar os fatos, descobrindo o seu ordenamento; são supostas respostas para o problema ou assunto de pesquisa. A hipótese, uma vez verificada (com certeza de ser válida ou plausível e sustentável) pela pesquisa empírica, pode-se transformar em teoria.
HOMO FERUS. Animal humano que, devido ao isolamento total de outros seres humanos, foi privado, durante os primeiros anos de vida, de interação com eles, fator essencial para a sua socialização, e que, por este motivo, não adquiriu, ou o fez apenas de forma rudimentar, personalidade e cultura.
IDEOLOGIA. Sistema de idéias peculiar a determinado grupo social, condicionado quase sempre pela experiência e interesses desse grupo. A função da ideologia consiste na conquista ou conservação de determinado status social no grupo Atitudes ou doutrinas políticas, econômicas ou filosóficas desempenham, geralmente, funções de ideologia. Mais precisamente, é o conjunto de crenças, idéias, doutrinas próprias a uma sociedade ou a uma classe. No contexto de uma sociedade, a ideologia pode estar em harmonia com valores que prevalecem na própria sociedade, ou opor-se a eles. Não deixa, entretanto, de ficar afetada pela experiência dentro dessa sociedade. Assim, há uma ideologia do socialismo, uma ideologia da livre empresa, uma ideologia da sociedade industrial, marcadas pelas variáveis dos momentos históricos que percorrem (Delorenzo).
IMITAÇÃO. O ato de copiar, conscientemente e intencionalmente, determinado comportamento.
IMPERIALISMO. Domínio ecológico, econômico, político ou cultural de um grupo sobre outro.
INDIVÍDUO. O ser apenas biológico, que se distingue de pessoa social (veja PESSOA SOCIAL).
INDUSTRIALISMO. Fase de aperfeiçoamento técnico avançado, alcançado por intermédio da ciência aplicada, cujas características típicas são a produção em larga escala e o emprego da energia mecânica, um mercado amplo, uma mão-de-obra especializada com uma complexa divisão de trabalho e uma industrialização acelerada. O processo de industrialização seria o início do industrialismo; este também ocasiona profundas modificações sociais e no âmbito do trabalho propriamente dito, criando novas linhas de estratificação entre os trabalhadores, institucionalizando a mobilidade social e originando nova estrutura diferenciada de classes, fazendo surgir novas formas de vida especificamente industriais; mediante a institucionalização da oposição de classes, transforma os trabalhadores, de assalariados necessitados, em portadores industriais de uma função. O industrialismo estende a mecanização não somente à maior parte da indústria, senão também, em certa medida, à agricultura; origina, em grau cada vez mais amplo, a produção em grande escala, a extrema especialização e a extensa e complexa divisão do trabalho; acelera o desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte; produz profundas alterações nos grupos primários e secundários e nos processos sociais.
INDUSTRIALIZAÇÃO. Consiste na aplicação da mecanização em larga escala à produção industrial, propiciando a emergência dos fenômenos de urbanização (e sendo por ela influenciada), o aumento rápido da população (explosão populacional) e da mobilidade (geográfica e social) dessa população, a ruptura das hierarquias tradicionais de posição, a transformação das sociedades de castas, estamentos e classes sociais fechadas em sociedades abertas de classe, a alteração dos sistemas de valores e padrões de comportamento e, até, a criação de uma situação de inadaptação aguda e de alienação para o trabalhador, inicialmente estranho à indústria; também se observam alterações do status profissional, das capacidades (qualificações) dos trabalhadores (operários e empregados), da vida familiar, da situação jurídico-social das mulheres, da tradição e do hábito de consumo de bens; da mesma maneira, a oposição entre empresários e trabalhadores torna mais aguda a luta de classes.
INFRA-ESTRUTURA. É a estrutura econômica formada pelas relações de produção e forças produtivas.
INTERAÇÃO. É a ação social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em contato. Distingue-se da mera interestimulação em virtude envolver significados e expectativas em relação às ações de outras pessoas. Podemos dizer que a interação é a reciprocidade de ações sociais.
INTERESSES. Desenvolvem-se quando o indivíduo tem conhecimento de algo, sente algo ou deseja algo; encarados subjetivamente, os interesses são desejos (veja DESEJO); objetivamente, são carências.
INSTITUIÇÕES SOCIAIS. Consistem numa estrutura relativamente permanente de padrões, papéis e relações que os indivíduos realizam segundo determinadas formas sancionadas e unificadas, com o objetivo de satisfazer as necessidades sociais básicas (Fichter). As características das instituições são: têm finalidade e conteúdo relativamente permanentes, são estruturadas, possuem estrutura unificada e valores. Além disso, devem ter função (a meta ou propósito do grupo, cujo objetivo seria regular as suas necessidades) e estrutura composta de pessoal (elementos humanos), equipamentos (meios materiais ou imateriais), organização (disposição de pessoal e do equipamento, observando-se uma hierarquia – autoridade e subordinação), comportamento (normas que regulam a conduta e as atitudes dos indivíduos).
ISOLAMENTO. Falta de contacto ou de comunicação entre grupos ou indivíduos. Produz no indivíduo não socializado, quando mantido inteiramente afastado do convívio de outros seres humanos, o homo ferus; quando o isolamento for pronunciado, mas não total, produz mentalidade retardada. Depois que o indivíduo estiver socializado, o isolamento provocará a diminuição das funções mentais, podendo chegar à loucura. Quanto ao grupo, o isolamento produz costumes sedimentados, cristalizados, que praticamente não se alteram.
LEGITIMIDADE. Implica a aceitação do poder por uma pessoa ou grupo, pois este(s) age(m) em conformidade com os valores acatados pelos subordinados.
LEI. Regra de comportamento formulada deliberadamente e imposta por uma autoridade especial.
LEI CONSUETUDINÁRIA. Lei fundada nos costumes .
LIBERALISMO. Conjunto de idéias e doutrinas cuja finalidade é assegurar a liberdade individual nos diversos campos da sociedade - político, econômico, religioso, da moral etc. sem a interferência ou imposição de grupos estruturados ou do próprio Estado. Visa assegurar o bem-estar humano sem subordinação a preconceitos de qualquer tipo.
LUTA DE CLASSES. Esforço de uma classe para conseguir uma posição ou condição de maior bem-estar na comunidade, com respeito aos direitos, privilégios e oportunidades dos seus membros.
MACROSSOCIOLOGIA. Estudo das relações intergrupais, dos padrões abrangentes de organização social e da estrutura social, da comunidade e da sociedade.
MARGINALIDADE. Tem diversas acepções. Para Stonequist, é a personalidade marginal: o homem marginal é aquele que, através da migração, educação, casamento ou alguma outra influencia, abandona um grupo social ou cultural sem realizar um ajustamento satisfatório em outro e encontra-se na margem de ambos sem pertencer a nenhum. Segundo os estudos da DESAL, ocorre a marginalidade cultural: estado em que uma categoria social se encontra sob a influência de outra categoria, mas devido a barreiras culturais se acha impedida de participar plena e legitimamente do grupo que a influencia (sociedade moderna e tradicional, maioria e minoria étnica etc.). Lewis considera que a marginalidade é sinônimo de cultura da pobreza: composta por um conjunto de normas, valores, conhecimentos, crenças e tecnologia que é organizado e utilizado por indivíduos de uma sociedade, a fim de permitir a sua adaptação ao meio em que vivem; características principais: ausência de participação efetiva e integração nas principais instituições; grande densidade populacional, condições precárias de habitação e um mínimo de organização; ausência da infância, iniciação precoce no sexo, abandono do lar, famílias centradas na mãe; sentimentos de desespero e de dependência. A CEPAL conceituou marginalidade ecológica: más condições habitacionais aliadas às más condições sanitárias, escassez de serviços urbanos, baixo nível de instrução, precários padrões alimentares, baixa qualificação profissional e instabilidade ocupacional. De acordo com Rosemblüth, existe a marginalidade política: grupos marginais são aqueles grupos de pessoas que tem certas limitações aos seus direitos reais de cidadania e pelas quais não podem participar de forma estável no processo econômico, nem têm a possibilidade de alcançar mobilidade vertical ascendente. Finalmente, Quijano considera marginalidade como falta de integração: é um modo não básico de pertencer e de participar na estrutura geral da sociedade. Marginalidade é um problema inerente à estrutura de qualquer sociedade e varia em cada momento histórico.
MASSA. Conjunto de elementos em que: a) o número de pessoas que expressam opiniões é incomparavelmente menor do que o das que as recebem; a massa é uma coleção abstrata de indivíduos, recebendo impressões e opiniões já formadas, veiculadas pelos meios de comunicação de massa; b) a organização da comunicação pública impede ou dificulta a resposta imediata e efetiva às opiniões externadas publicamente; c) as autoridades controlam ou fiscalizam os canais por meio dos quais a opinião se transforma em ação; d) os agentes institucionais têm maior penetração; a massa, portanto, não tem autonomia, sendo reduzida à formação da opinião independente através da discussão.
MÉTODO. É um conjunto de regras úteis para a investigação; é um procedimento cuidadosamente elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade e, paulatinamente, descobrir a sua lógica e leis (Calderón).
MICROSSOCIOLOGIA. Estudo das relações interpessoais, dos processos sociais, do status e do papel de todas as interações padronizadas (ou não) ocorridas no seio de grupos organizados ou em situações não estruturadas.
MIGRAÇÃO. Movimento espacial de indivíduos ou grupos (ou até de populações) de um habitat para outro.
MINORIA (RACIAL, CULTURAL, NACIONAL). Grupo racial, cultural ou de nacionalidade, autoconsciente, em procura de melhor status (veja STATUS) compartilhado do mesmo habitat, economia, ordem política e social com outro grupo (racial, cultural ou de nacionalidade), que é dominante (ecológica, econômica, política ou socialmente) e que não aceita os membros do primeiro em igualdade de condições (Pierson).
MOBILIDADE SOCIAL E CULTURAL. Por mobilidade social entende-se toda a passagem de um indivíduo ou de um grupo de uma posição social para outra, dentro de uma constelação de grupos e de estratos sociais. Por mobilidade cultural entende-se um deslocamento similar de significados, normas, valores e vínculos (Sorokin).
MODO DE PRODUÇÃO. As relações técnicas de produção ou processo de produção, ou processo de trabalho executadas sob determinadas relações de produção ) originam o modo de produção. Exemplo: esclavagista, feudal, capitalista etc..
MODUS VIVENDI. É uma espécie de arranjo temporário que possibilita a convivência entre elementos e grupos antagônicos e a restauração do equilíbrio afetado pelo conflito. O antagonismo é temporariamente regulado e desaparece como ação manifesta, embora possa permanecer latente.
MORES. Padrões obrigatórios de comportamento social exterior que constituem os modos coletivos de conduta, tidos como desejáveis pelo grupo, apesar de restringirem e limitarem o comportamento. São moralmente impostos e considerados essenciais ao bem-estar do grupo. Quando se infringe um more, há desaprovação moral e até sanção vigorosa.
MOVIMENTOS SOCIAIS. Ação ou agitação concentrada, com algum grau de continuidade, e de um grupo que, plena ou vagamente organizado, está unido por aspirações mais ou menos concretas, segue um plano traçado e orienta-se para uma mudança das formas ou instituições da sociedade existente (ou um contra-ataque em defesa dessas instituições) (Neumann).
MUDANÇA CULTURAL. Qualquer alteração na cultura sejam traços, complexos, padrões ou toda uma cultura.
MUDANÇA SOCIAL. É toda a transformação, observável no tempo, que afeta, de maneira que não seja provisória ou efêmera, a estrutura ou o funcionamento da organização social de dada coletividade e modifica o curso da história. É a mudança de estrutura resultante da ação histórica de certos fatores ou de certos grupos no seio de dada coletividade (Rocher).
MULTIDÃO. Agregado pacífico ou tumultuoso de pessoas que ocupam determinado espaço físico. Possui as seguintes características: é desordenada, descontrolada, anônima, desinibida; pode ser fanática, é constituída de unidades uniformes; os fins e os sentimentos estão enquadrados pelo mais baixo denominador comum; a interação manifesta-se em termos de emoções generalizadas; os participantes adquirem segurança e poder; apresenta uma ideia fixa; pode dar expressão aos motivos inconscientes, reforçados pelo caráter cumulativo e circular de interexcitação. Apresenta os seguintes tipos: multidões casuais (tem existência momentânea, organização frouxa e raramente apresentam unidade); multidões convencionais ou auditório (o comportamento se expressa de modo preestabelecido e regularizado, possuindo duração limitada); multidão ativa, turba ou turbamulta (caracterizada pela existência de um alvo ou objetivo para o qual se canaliza a ação, que, em geral, é agressiva e destrutiva); multidões em pânico (o interestímulo dentro do grupo exalta e intensifica a sensação de pânico, aumentado o caráter irracional da ação, voltada para a fuga de um perigo comum); multidão expressiva (a excitação é descarregada sem regras preestabelecidas através do simples movimento físico que tem a finalidade de afrouxar a tensão; não se dirige a um objetivo determinado).
MUTIRÃO. Sistema de trabalho (não assalariado) entre vizinhos e amigos que implica reciprocidade.
NAÇÃO. É um povo fixado em determinada área geográfica. Para alguns autores, seria um povo com certa organização. Para que haja uma nação, é necessário haver um ou mais povos, um território e uma consciência comum. Quando outros elementos aparecem – identidade de língua, religião, etnia -, reforçam a unidade nacional.
NORMA. Qualquer modo ou condicionante de conduta socialmente aprovada.
OPINIÃO PÚBLICA. Consiste nas opiniões sobre assuntos de interesse da nação, livres e publicamente expressas por homens que não participam do governo e reivindicam para as suas opiniões o direito de influenciarem ou determinarem as ações, o pessoal ou a estrutura de governo (Spier).
ORDEM SOCIAL. Refere-se a certa qualidade, isto é, ao funcionamento sem choques, no seio da sociedade, da ação recíproca de indivíduos, grupos ou instituições, e por este motivo compreende valores de eficiência, coerência, lógica, moralidade, etc..
ORGANIZAÇÃO DA CIDADE. É constituída pelos seguintes processos: concentração (significa a reunião em massa de seres humanos e de utilidades em determinadas áreas que apresentam condições favoráveis às necessidades de sustento); centralização (é a organização das funções em torno de um ponto central onde ocorre com maior frequência, a interação social, econômica e social); segregação (quando, através da competição, determinados tipos de população e de atividades especificas são separados); invasão (significa a penetração, em determinada área, de tipos de população ou tipos de funções diferentes daqueles que a ocupam); sucessão (é o deslocamento completo dos antigos moradores que são substituídos por um novo grupo de população, ou a substituição de um tipo de utilização de um terreno por um outro ); descentralização (tendência para o deslocamento de populações e de funções de menor poder competitivo - à medida que as áreas centralizadas atingem um máximo da sua capacidade funcional - para as áreas periféricas); rotinização ou fluidez (é um movimento diário de ida e volta da população entre o seu local de residência e os locais de trabalho, de comércio, de diversão, etc.).
ORGANIZAÇÃO SOCIAL. Partindo da constatação de que os membros e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de relações de obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios) recíprocos, aceites e praticados por eles, a organização social refere-se aos sistemas de relações de obrigação que existem entre os grupos que constituem determinada sociedade. Distingue-se da estrutura social que se refere à colocação e posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema de relações de obrigação (Brown e Barnett).
PADRÕES CULTURAIS. Conjunto de complexos culturais. O conceito de padrão implica maior integração e inter-relação dos elementos como unidade semi-independente, num todo.
PAPEL. É o padrão de comportamento esperado e exigido de pessoas que ocupam determinado status. Portanto, as maneiras de comportar-se, esperadas de qualquer indivíduo que ocupe certa posição (status), constituem o papel associado com aquela posição.
PARENTESCO. Reconhecimento social e expressão do vínculo genealógico, tanto consanguíneo quanto por afinidade.
PESQUISA. Investigação sistemática levada a efeito no universo real: sempre se orienta pelas teorias anteriores e se esforça em relacionar com elas, logicamente, todas as novas descobertas e invenções, verificando, assim, o alcance da teoria anterior, modificando-a ou rejeitando-a (Delorenzo).
PESSOA SOCIAL. Indivíduo humano socializado e possuidor de status e papéis.
PLANEAMENTO SOCIAL. Intervenção do Estado ou do poder público na organização da sociedade. Exige uma ordem de prioridades, de acordo com as necessidades. Geralmente especifica várias limitações de tempo à sua realização, da mesma forma que indica métodos de execução, inclusive a distribuição de recursos apropriados. É setorial, diferindo, portanto, da planificação, que é global.
PODER. Capacidade que um indivíduo ou grupo de indivíduos tem de provocar a aceitação e o cumprimento de uma ordem.
POVO. Refere-se a um agrupamento humano com cultura semelhante (língua, religião, tradições) e antepassados comuns; supõe certa homogeneidade e desenvolvimento de laços espirituais entre si.
PRECONCEITO. Atitude social que surge em condições de conflito com a finalidade de auxiliar a manutenção do status ameaçado.
PRESSÃO SOCIAL. Conjunto das influências que se exerce sobre os indivíduos ou grupos com o propósito de modificar a sua conduta, para conseguir certos objetivos claramente definidos. Com um sentido mais restrito, entende-se que é uma forma de opinião pública, cujo peso se faz valer com frequência perante os funcionários públicos ou os corpos legislativos, para levar a cabo determinadas ações a respeito de problemas sociais concretos (Watson).
PROBLEMA SOCIAL. É considerado como um problema de relações humanas que ameaça seriamente a própria sociedade ou impede as aspirações importantes de muitas pessoas. Um problema social existe quando a capacidade de uma sociedade organizada, para ordenar as relações entre as pessoas, parece estar falhando (Raab e Slznick).
PROCESSO SOCIAL. Qualquer mudança ou interação social em que é possível destacar uma qualidade ou direção contínua ou constante. Produz aproximação - cooperação, acomodação, assimilação - ou afastamento - competição, conflito.
PROCESSO DE TRABALHO. Designa geralmente as relações do homem com a natureza e é denominado também de relações técnicas de produção ou processo de produção.
PROPRIEDADE. Consiste nos direitos e deveres de uma pessoa (o proprietário) ou de um grupo que se ergue contra todas as demais pessoas ou grupos, no que concerne a certos bens escassos (Davis). Por conseguinte, o direito de propriedade refere-se tanto a coisas concretas, objetos palpáveis, quanto a coisas impalpáveis, e apresenta três tipos distintos: o direito de uso, o direito de controle e o direito de disposição.
PÚBLICO. Conjunto de indivíduos em que: a) é praticamente igual o número de pessoas que expressam e recebem opiniões; b) a organização da comunicação pública permite uma resposta imediata e efetiva a uma opinião publicamente expressa; c) a opinião, formada através dessa discussão, encontra possibilidades de transformar-se em ação efetiva, mesmo contra o sistema de autoridade vigente, se necessário; d) a instituição de autoridade não tem penetração: o público é, portanto, mais ou menos autônomo nas suas ações.
RELAÇÕES DE PRODUÇÃO. As atuações do homem sobre a natureza (processo de trabalho -, processo de produção ou relações técnicas de produção) não são isoladas: na produção e distribuição necessárias ao consumo, o homem relaciona-se com outros seres humanos, sob uma forma social historicamente determinada, originando as relações de produção concretas dessa época.
RELIGIÃO. Constitui um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto é, a coisas colocadas à parte e proibidas – crenças e práticas que unem, numa comunidade moral única, todos os que as adotam (Durkheim).
REVOLUÇÃO. Mudança brusca e profunda na estrutura social pelo seu alcance velocidade. Pode ser ou não acompanhada de violência e desorganização temporária. O essencial na revolução é a mudança brusca e não a violência que muitas vezes a acompanha.
SANÇÕES. A palavra "sanções" tem duplo sentido. Em primeiro lugar, e de uso mais comum, "aplicar sanções" significa aplicar penalidades por determinadas condutas que violem disposições legais, regulamentos, usos ou costumes, ou criar restrições e proibições que cerceiam a liberdade de conduta. Num segundo sentido, entendeu-se por "sanção" qualquer forma de aprovação de um ato ou forma de conduta determinados, ou a aprovação com que se ratifica a validez de algum ato, uso ou costume.
SETORES DA ECONOMIA. Sector primário: abrange as atividades rurais como agricultura, pecuária e indústrias extrativas; sector secundário: corresponde às atividades industriais, indústria de transformação; sector terciário: inclui todos os serviços, comércio, bancos, transportes, seguros, educação, etc.; sector quaternário: engloba as atividades digitais, informática, multimídia, telecomunicações.
SÍMBOLO. Por sua forma e natureza os símbolos evocam, perpetuam ou substituem, em determinado contexto, algo abstrato ou ausente.
SINCRETISMO. Processo de fusão de elementos ou traços culturais, dando como resultado um traço ou elementos novos.
SISTEMA SOCIAL. Uma pluralidade de indivíduos que desenvolve interações, segundo normas e significados culturais compartilhados.
SOCIALISMO. Em sua essência, o socialismo é muito mais um conceito econômico que político; baseia-se no princípio da propriedade pública (coletiva) dos instrumentos materiais de produção. Diferentemente do que ocorre numa economia de mercado, o capital das empresas não é propriedade privada, mas pertence à coletividade, representada pelo Estado. Na realidade, o socialismo não pressupõe a abolição total da propriedade privada, mas somente a dos meios de produção (bens de capital), mantendo-se a propriedade individual dos bens de consumo e de uso. Por outro lado, no sistema socialista, inexiste o capital particular, auferidor de lucros, em função do que é acionada toda a economia de mercado: o estímulo que dinamiza a economia deverá ser o progresso, assim como o desejo coletivo de alcançar níveis elevados de bem-estar econômico e social. As decisões sobre o objeto, o volume e os preços da produção não são da alçada do administrador de empresa, mas constituem metas
SOCIALIZAÇÃO. Processo pelo qual ao longo da vida a pessoa humana aprende e interioriza os elementos sócio-culturais do seu meio, integrando-os na estrutura da sua personalidade sob a influência de experiências de agentes sociais significativos, adaptando-se assim ao ambiente social em que deve viver (Rocher).
SOCIEDADE. Estrutura formada pelos grupos principais, ligados entre si, considerados como uma unidade e participando todos de uma cultura comum (Ficher).
SOCIOLOGIA. Estudo científico das relações sociais, das formas de associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de fenômenos sociais, fenômenos que se produzem nas relações de grupos entre seres humanos.
SOLIDARIEDADE. Condição do grupo que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora (Pierson).
SOLIDARIEDADE MECÂNICA. Característica da fase primitiva da organização social que se origina das semelhanças psíquicas e sociais (e, até mesmo, físicas) entre os membros individuais. Para a manutenção dessa igualdade, necessária à sobrevivência do grupo, deve a coerção social, baseada na consciência coletiva, ser severa e repressiva. O progresso da divisão do trabalho faz com que a sociedade de solidariedade mecânica se transforme.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA. A divisão do trabalho, característica das sociedades mais desenvolvidas, gera um novo tipo de solidariedade, não mais baseado na semelhança entre os componentes (solidariedade mecânica), mas na complementação de partes diversificadas. O encontro de interesses complementares cria um laço social novo, ou seja, um outro tipo de princípio de solidariedade, com moral própria, e que dá origem a uma nova organização social - solidariedade orgânica. Sendo seu fundamento a diversidade, a solidariedade orgânica implica uma maior autonomia, com uma consciência individual mais livre.
STATUS. É o lugar ou posição que a pessoa ocupa na estrutura social, de acordo com o julgamento coletivo ou consenso de opinião do grupo. Portanto, o status é a posição em função dos valores sociais correntes na sociedade. Pode apresentar-se como status legal e/ou social. Status legal é uma posição caracterizada por direitos (reivindicações pessoais apoiadas por normas) e obrigações (deveres prescritos por normas), capacidades e incapacidades, reconhecidas pública e juridicamente, importantes para a posição e as funções na sociedade. Status social: abrange características da posição que não são determinados por meios legais. Portanto, difere do status legal por ser mais amplo e abarcar outras características de comportamento social além das estipuladas por lei. Além de legal e social, os status podem ser atribuídos ou adquiridos. Status atribuído: é independente da capacidade do indivíduo; é-lhe atribuído mesmo contra a sua vontade, em virtude do seu nascimento. Status adquirido: depende do esforço e do aperfeiçoamento pessoal. Por mais rígida que seja a estratificação de uma sociedade e os numerosos status atribuídos, há sempre a possibilidade de o indivíduo alterar o seu status através de habilidade, conhecimento e capacidade pessoal. Esta conquista do status deriva, portanto, da competição entre pessoas e grupos, e constitui vitória sobre os demais. Outras formas de status são: Status principal, básico ou chave (é o status mais significante para a sociedade, já que as pessoas possuem tantos status quantos forem os grupos de que participam); status posicional (aparece quando determinados aspectos - família, educação, ocupação e rendimento - e alguns índices exteriores - modos de falar, maneiras de se portar etc. - caracterizam um indivíduo como representante de determinado grupo ou classe social, sendo portador de certo prestígio. Portanto, é a posição social atribuída pelos valores convencionais correntes na sociedade ao grupo ou categoria - do qual o indivíduo é um representante); status pessoal (é a posição social real determinada pelas atitudes e comportamentos daqueles entre os quais o indivíduo vive e se movimenta, fazendo com que pessoas, com idêntico status posicional, tenham, mercê das suas qualidades particulares, diferentes status pessoais).
SUPERORGÂNICO. Abrangido pelas Ciências Sociais, tem seu início justamente quando os estudos físicos (inorgânicos) e biológicos (orgânicos) do homem e de seu universo terminam. O superorgânico é observado no mundo dos seres humanos em interação: linguagem, religião, filosofia, ciência, tecnologia, ética, usos e costumes e outros aspectos culturais e da organização social.
SUPRA-ESTRUTURA. Divide-se em dois níveis: o primeiro, a estrutura jurídico-política, é formado pelas normas e leis que correspondem à sistematização das relações de produção já existentes; o segundo, a estrutura ideológica (filosofia, arte, religião etc.), justificativa do real, é formado por um conjunto de idéias de determinada classe social que, através da sua ideologia, defende os seus interesses.
TABU. Designa imposições (principalmente proibições) de mérito, apresentadas como inquestionáveis, isto é, de cuja origem e validade não é licito indagar. Encontra-se na base das religiões ágrafas, nas quais inexistem esforços de justificação racional. Por vezes, essas imposições coincidem com preconceitos, conduzindo à ordem social ou a práticas higiênicas, mas não se imagina mesmo nesses casos, qualquer fundamento de ordem lógica.
TEORIA. Consiste num sistema de proposições ou hipóteses que têm sido constatadas como válidas (ou plausíveis) e sustentáveis.
TIPO IDEAL. As construções de tipo ideal fazem parte do método tipológico criado por Max Weber que, até certo ponto, se assemelha ao método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir de aspectos essenciais dos fenômenos. A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise de casos concretos, realmente existentes.
TOTEM. Animal, planta ou objeto do qual deriva o nome de um grupo ou clã e que se constitui supostamente em seu ancestral ou está relacionado de maneira sobrenatural com um antepassado. Sobre o totem recai tabu alimentício e manifestam-se atitudes especiais.
TOTEMISMO. Forma de organização social e prática religiosa que supõe, de modo típico, uma íntima associação entre o grupo ou clã e o seu totem.
TRAÇOS CULTURIAIS. A menor parte ou componente significativo da cultura.
TRADIÇÃO. Aspectos culturais, materiais e espirituais, transmitidos oralmente de geração em geração, através de hábitos, usos e costumes.
TRANSCULTURAÇÃO. Processo de difusão e infiltração de complexos ou traços culturais de uma para outra sociedade ou grupo cultural; troca de elementos culturais.
TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS. Constituem etapas de mudança social. Apresentam as seguintes formas: I. Transformação definida e contínua - processo. II. Transformação definida e contínua numa direção específica: a) determinada quantitativamente, com relação à magnitude - crescimento; b) determinada quantitativamente, em relação a uma diferenciação estrutural ou funcional - evolução; c) determinada quantitativamente de acordo com a sua concordância com um padrão de valores - progresso; d) determinada em relação a outro objeto ou sistema, segundo a sua compatibilidade no seio de um processo comum - adaptação (Maciver e Page).
USOS. Normas de conduta coletiva; não são consideradas obrigatórias.
UTOPIA. Designa o regime social, econômico e político que, por ser perfeito e ideal, não pode ser encontrado em nenhum lugar.
VALOR. Consiste em qualquer dado que possua um conteúdo empírico acessível aos membros do grupo e um significação com relação à qual é, ou poderá ser, objeto de atividade (Thomas).
VIZINHANÇA. Significa contacto, interação e intercâmbio entre pessoas que se conhecem: é uma área em que os residentes se dão pessoalmente, trocam diversos artigos e serviços e, de modo geral, desenvolvem certas atividades conjuntas.
AÇÃO SOCIAL. De forma ampla, pode ser conceituada como todo esforço organizado, visando alterar as instituições estabelecidas. De forma particular, é conceituada pelos autores que utilizam a abordagem da ação na análise sociológica da sociedade, sendo que os principais representantes são Max Weber e Talcott Parsons. Para Weber, a ação social seria a conduta humana, pública ou não, a que o agente atribui significado subjetivo; portanto, é uma espécie de conduta que envolve significado para o próprio agente. Por sua vez, Parsons tem como ponto de partida a natureza da própria ação: toda a ação é dirigida para a consecução de objetivos. Um indivíduo (ator), esforçando-se por atingir determinado objetivo, tem de possuir algumas idéias e informações sobre os "objetos" que são relevantes para a sua consecução, além de ter alguns sentimentos a respeito deles, no que concerne às suas necessidades; e, finalmente, tem de fazer escolhas. Outro aspecto é a necessidade de possuir certos padrões de avaliação e seleção. Todos esses elementos ou aspectos de motivação e avaliação podem tornar-se sociais por intermédio do processo de interação. Assim, a ação social é vista por Parsons como comportamento que envolve orientação de valor e como conduta padronizada por normas culturais ou códigos sociais.
ACOMODAÇÃO. É um processo social com o objetivo de diminuir o conflito entre indivíduos ou grupos, reduzindo o conflito ou mesmo encontrando um novo modus vivendi. É um ajustamento formal e externo, aparecendo apenas nos aspectos externos do comportamento, sendo pequena ou nula a mudança interna, relativa a valores, atividades e significados.
ACULTURAÇÃO. Processo pelo qual duas ou mais culturas diferentes, entrando em contato contínuo, originam mudanças importantes em uma delas ou em ambas.
ADAPTAÇÃO. De maneira ampla, significa o ajustamento biológico do ser humano ao ambiente físico em que vive. Pode também ser aplicada à vida em sociedade, que ocasiona o surgimento de certo denominador comum entre os componentes de uma sociedade particular, certo grau de adesão e conformidade às normas estabelecidas, que varia com a margem de liberdade e de autonomia que o meio social permite ao indivíduo.
AGREGADOS. Constituem uma reunião de pessoas frouxamente aglomeradas que, apesar da proximidade física, têm um mínimo de comunicação e de relações sociais. Apresentam as seguintes características: anonimato, não-organização, limitado contacto social, insignificante modificação no comportamento dos componentes, são territoriais e temporários. 0s principais agregados são: manifestações públicas (agregados de pessoas reunidas deliberadamente com determinado objetivo); agregados residenciais (apesar dos seus componentes estarem próximos, mantêm-se relativamente estranhos; não há, entre eles, contacto e interação e também não possuem organização); agregados funcionais (constituem uma zona territorial onde os indivíduos têm funções específicas); multidões (agregados pacíficos ou tumultuosos de pessoas ocupando determinado espaço físico).
AGRUPAMENTOS SOCIAIS. Englobam os grupos (veja GRUPOS) e os "quase grupos": agregados (incluindo as multidões), público e massa.
ALIENAÇÃO. Processo que deriva de uma ligação essencial à ação, à sua consciência e à situação dos indivíduos, pelo qual se oculta ou se falsifica essa ligação de modo que o processo e os seus produtos apareçam como indiferentes, independentes ou superiores aos homens que são, na verdade, seus criadores. No momento em que a uma pessoa o mundo parece constituído de coisas – independentes umas das outras e não relacionadas – indiferentes à sua consciência, diz-se que esse indivíduo se encontra em estado de alienação. Condições de trabalho, em que as coisas produzidas são separadas do interesse e do alcance de quem as produziu, são consideradas alienantes. Em sentido amplo afirma-se que é alienado o indivíduo que não tem visão – política, econômica, social – da sociedade e do papel que nela desempenha.
ANIMISMO. Consiste na crença de que todas as coisas, animadas ou inanimadas, estão dotadas de almas pessoais que nelas residem; é a crença em seres espirituais, isto é, almas, espíritos e espectros.
ANOMIA. Ausência de normas. Aplica-se tanto à sociedade como a pessoas: significa estado de desorganização social ou pessoal ocasionado pela ausência ou aparente ausência de normas.
ANTINOMIA. Situação em que as normas de um grupo ou sociedade são contraditórias ou opostas entre si.
ANTROPOMORFISMO. É um tipo de pensamento religioso, ou crença, que estende atributos humanos, tanto físicos como psíquicos, à divindade.
ÁREAS CULTURAIS. Áreas geográficas onde há semelhança, em relação aos traços, complexos e padrões de culturais de grupos humanos.
ASSIMILAÇÃO. Processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes aceitam e adquirem padrões comportamentais, tradição, sentimentos e atitudes de outra parte. É um ajustamento interno e indício da integração sócio-cultural, ocorrendo principalmente nas populações que reúnem grupos diferentes. Em vez de apenas diminuir, pode terminar com o conflito.
ASSOCIAÇÕES. São organizações sociais cuja característica é ser mais especializada e menos universal do que as instituições; em consequência, apresentam, em geral, determinadas adaptações às classes sociais, grupos profissionais, categorias biológicas, grupos de interesses, etc.
ATITUDE. Processo da consciência individual que determina a real ou possível atividade do indivíduo no mundo social. Para alguns autores é ainda a tendência de agir da maneira coerente com referência a certo objeto (Thomas).
AUTORIDADE. É dotado de autoridade o indivíduo que exerce um poder legítimo.
BUROCRACIA. Organização com cargos hierarquizados, delimitados por normas, com área específica de competência e de autoridade, dotados tanto de poder de coerção quanto da limitação desta, onde a obediência é devida ao cargo e não à pessoa que o ocupa; as relações devem ser formais e impessoais, sem apropriação do cargo que, para ser preenchido, exige competência específica; todos os atos administrativos e decisões têm de ser formulados por escrito.
CAPITALISMO. Sistema em que os meios de produção são de propriedade privada de uma pessoa (ou grupo de pessoas) que investe o capital; o proprietário dos meios de produção (capitalista) contrata o trabalho de terceiros que, portanto, vendem a sua força de trabalho para a produção de bens. Estes depois de vendidos permitem ao capitalista, não apenas a recuperação do capital investido, mas também a obtenção de um excedente - o lucro. Tanto a compra dos meios e fatores de produção quanto a venda dos produtos, resultantes da atividade empresarial, realizam-se no mercado de oferta e procura de bens e serviços, existente na sociedade capitalista.
CASTA. Um sistema de castas compõe-se de um número muito grande de grupos hereditários, geralmente locais, rigidamente endogâmicos, dispostos numa hierarquia de inferioridade e superioridade; correspondem geralmente a diferenciações profissionais, são impermeáveis a movimentos de mobilidade social são reconhecidos por lei e possuem quase sempre um fundo religioso.
CATEGORIAS. Pluralidade de pessoas que são consideradas como uma unidade social pelo fato de serem efetivamente semelhantes em um ou mais aspectos (Fichter). Não há necessidade de proximidade ou contacto mútuo para que as pessoas pertençam a uma categoria social.
CIDADE. É um aglomerado permanente, relativamente grande e denso, de indivíduos socialmente heterogéneos (Wirth).
CIÊNCIA. É todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação (Trujillo).
CIVILIZAÇÂO. Grau de cultura bastante avançado no qual se desenvolvem bem as Artes e as Ciências, assim como a vida política (Winick). Características essenciais da civilização: as hierarquias sociais internas, a especialização, as cidades e as grandes populações, o crescimento das matemáticas e a escrita (Childo).
CLÃ. Grupo de parentes baseado numa regra de descendência, geralmente medida tanto pela linha masculina quanto pela linha feminina (parentesco através de um dos pais) e numa regra de residência (mesma localidade). Os membros do clã traçam a sua linha de ascendência a partir de um antepassado original, que pode existir somente no passado mitológico: um animal, um ser humano, um espírito ou uma característica da paisagem.
CLASSE SOCIAL. É um agrupamento legalmente aberto, mas na realidade semifechado; solidário; antagônico em relação a outras classes sociais; em parte organizado, mas principalmente semi-organizado; em parte consciente da sua unidade e existência, e em parte não; característico da sociedade ocidental a partir do Século XVIII; é multivinculado, unido por dois liames univinculados, o ocupacional e o econômico (ambos tomados no sentido mais lato) e por um vínculo de estratificação social no sentido da totalidade dos seus direitos e deveres basicamente diferentes das outras classes sociais (Sorokin).
CÓDIGOS. Representam modelos culturais que exercem determinado "constrangimento" sobre a ação de indivíduos e grupos; são normas de conduta, cujo poder de persuasão ou de dissuasão repousa, em parte, nas sanções, positivas ou negativas, de aprovação ou desaprovação, que as acompanham.
COMPETIÇÃO. Forma mais elementar e universal de interação, consistindo na luta incessante por coisas concretas, por status ou prestígio; é contínua, e geralmente inconsciente e impessoal.
COMPLEXOS CULTURAIS. Conjunto de traços ou um grupo de traços associados formando um todo integral.
COMPORTAMENTO COLECTIVO. É um comportamento que caracteriza os componentes dos agregados, especificamente das multidões, e que não se constitui na simples soma dos comportamentos individuais, mas que se configura com um comportamento determinado ou influenciado pela presença física de muitas pessoas, com certo grau de interação entre elas. Apresenta geralmente (quando a multidão se torna ativa) as seguintes fases: controle exercido pela presença de outrem (modificando os comportamentos individuais); "reação circular" (influência de cada indivíduo sobre o comportamento do outro e vice-versa); "milling" (movimento de indivíduos, uns em redor dos outros, ao acaso e sem meta); excitação coletiva (o comportamento excitado fixa poderosamente a atenção dos integrantes; sob a sua influência os indivíduos tornam-se emocionalmente excitáveis; a decisão pessoal dos indivíduos é mais rapidamente quebrada); contágio social (disseminação rápida, impensada e irracional de um estado de espírito, de um impulso ou de uma forma de conduta que atraem e se transmitem aos que originalmente se constituíam em meros espectadores e assistentes).
COMUNICAÇÃO. Processo pelo qual idéias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando possível a interação social . É fundamental para o homem, enquanto ser social, e para a cultura. Pode dar-se através de meios não vocais, sons
COMUNIDADE. É essencialmente ligada ao solo, em virtude dos seus componentes viverem de maneira permanente em determinada área, além da consciência de pertencerem, ao mesmo tempo, ao grupo e ao lugar, e de partilharem o que diz respeito aos principais assuntos das suas vidas. Têm consciência das necessidades dos indivíduos, tanto dentro como fora do seu grupo imediato e, por essa razão, apresentam tendência para cooperar estritamente.
COMUNISMO. Como o socialismo, o comunismo é mais uma doutrina econômica do que política. Consiste numa filosofia social ou sistema de organização social baseada no principio da propriedade pública, coletiva, dos meios materiais de produção e de serviço econômico; encontra-se unido a doutrinas que se preocupam em formular os procedimentos mediante os quais pode ser estabelecido e conservado. Sob este aspecto, difere do socialismo, por preconizar a impossibilidade da reforma e de a sua instauração em medidas fragmentárias e de caráter lento. Outro ponto de discordância apresenta-se no que se refere ao rendimento: se ambos os sistemas consideram válidos os rendimentos advindos do trabalho (não aqueles, porém, que derivam da propriedade), o socialismo admite que o rendimento seja medido pela capacidade pessoal ou pelo rendimento social manifestado pela competência dentro do sistema coletivo, ao passo que o comunismo aspira suprimir até mesmo este último tipo de competência: o lema comunista é "de cada um segundo a sua capacidade e a cada um segundo as suas necessidades". Nenhum dos países simplificadamente denominados comunistas, atingiram este estágio; ficaram na fase de "ditadura do proletariado" ou "democracia popular". A perestroika, palavra russa que significa reestruturação e que designa a política iniciada por Gorbachov na ex-URSS, marcou o princípio do fim destes regimes.
CONDUTA. Consiste no comportamento humano autoconsciente, isto é, comportamento controlado pelas expectativas de outras pessoas.
CONFLITO. Luta consciente e pessoal, entre indivíduos ou grupos, em que cada um dos contendores almeja uma condição, que exclui a desejada pelo adversário.
CONFORMIDADE. Seria a ação orientada para uma norma (ou normas) especial, compreendida dentro dos limites do comportamento por ela permitidos ou delimitados. Desta maneira, dois fatores são importantes no conceito de conformidade: os limites de comportamento permitidos e determinadas normas que, consciente ou inconscientemente, são parte da motivação da pessoa.
CONSCIÊNCIA DE CLASSE. Consiste no fato de dar-se conta ou perceber as diferenças que existem entre a própria situação de classe e a de outro indivíduo ou indivíduos. Essas atitudes podem consistir num sentimento de inferioridade ou de superioridade, respectivamente, se os outros pertencem a classes sociais superiores ou inferiores. Podem dar lugar a um sentimento de oposição ou de hostilidade, à medida que se percebem as diferenças de interesses, em sociedades que possuem a luta de classes, ou simplesmente um sentimento de afastamento ou reserva, devido à diferença de usos sociais, costumes e ideologias das diferentes classes.
CONSCIÊNCIA COLETIVA. Soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros da comunidade, formando um sistema autônomo, isto é, uma realidade distinta que persiste no tempo e une as gerações (Durkheim).
CONSENSO SOCIAL. Conformidade de pensamentos, sentimentos e ações que caracterizam os componentes de determinado grupo ou sociedade (Willians).
CONTATO. É a fase inicial da interestimulação, sendo as modificações resultantes denominadas interação. É um aspecto primário e fundamental do processo social porque do contato dependerão todos os outros processos ou relações sociais. Divide-se em: contactos diretos (aqueles que ocorrem por meio da percepção física, portanto, realizados face a face); contactos indiretos (realizados através de intermediários - com os quais se terá um contacto direto - ou meios técnicos de comunicação); contactos voluntários (derivados da vontade própria dos participantes, de maneira espontânea, sem coação); contactos involuntários (derivam da imposição de uma das partes sobre a outra); contactos primários (pessoais íntimos e espontâneos, em que os indivíduos tendem a compartilhar das suas experiências particulares; envolvem elemento emocional, permitindo certa fusão de individualidades que dão a origem ao "nós"); contactos secundários (são contactos formais, impessoais, calculados e racionais, geralmente superficiais, envolvendo apenas uma faceta da personalidade); contactos do "nosso grupo" (fundamentados no fenômeno do etnocentrismo com a sobrevalorização da cultura e dos costumes. Há uma tendência para a identificação com os elementos do grupo, mantendo relações baseadas em simpatia, sentimento de lealdade, amizade e até mesmo de altruísmo); contactos do "grupo alheio" (contacto com pessoas estranhas, cuja cultura e costumes são menosprezados. Considerados estranhos, forasteiros, adversários ou inimigos, os sentimentos que eles despertam são de indiferença ou inimizade); contactos categóricos (resultam da classificação que fazemos de uma pessoa desconhecida, baseada na sua aparência física, cor da pele, feições, profissão, etc., de acordo com as características atribuídas a ela pelo "nosso grupo"); contatos simpatéticos (baseados em qualidades manifestadas pelos indivíduos e não em características de categorias.
CONTROLE SOCIAL. Conjunto das sanções positivas e negativas a que uma sociedade recorre para assegurar a conformidade das condutas aos modelos estabelecidos (Rocher). O controle social pode ser informal (natural, espontâneo, baseado nas relações pessoais e íntimas que ligam os componentes do grupo) e Formal (artificial, organizado, exercido principalmente pelos grupos secundários), onde as relações são formais e impessoais).
COOPERAÇÃO. É o tipo particular de processo social em que dois ou mais indivíduos ou grupos atuam em conjunto para a consecução de um objetivo comum. É requisito especial e indispensável para a manutenção e continuidade dos grupos e sociedades.
COSTUMES. Normas de conduta coletiva, obrigatória, dentro de um grupo social.
CRENÇA. Aceitação como verdadeira de determinada proposição, que pode ou não ser comprovada. Tem a possibilidade de ser tanto intelectual (crença científica) como emocional, falsa ou verdadeira. A realidade da crença independe da verdade intrínseca e objetiva de dada proposição (ou a ausência dela).
CRESCIMENTO. Transformação definida e contínua, determinada quantitativamente, com relação à magnitude; difere do desenvolvimento por ser uma variação unidimensional, que se limita a determinado sector da organização social, ao passo que desenvolvimento abrange os diferentes sectores da sociedade, de forma harmônica, constituindo-se num fenômeno multidimensional.
CULTURA. Forma comum e aprendida da vida, que compartilham os membros de uma sociedade, e que consta da totalidade dos instrumentos, técnicas, instituições, atitudes, crenças, motivações e sistemas de valores que o grupo conhece (Foster).
CULTURA DE "FOLK". É pequena, homogênea, isolada; economicamente auto-suficiente e de tecnologia simples; com divisão do trabalho rudimentar e baseada, principalmente, no sexo, parentesco e idade; ágrafa ou com escrita rudimentar e, nesse último caso, constituindo-se em mero complemento da tradição oral; relativamente integrada, com modos de vida intimamente relacionados, e possuindo uma concordância mútua; comportamento fortemente padronizado, em bases convencionais; tradicional, espontânea, não crítica e com forte senso de solidariedade grupal; mudança cultural e social lenta, possuindo formas de controlo tradicionais e não organizadas, com cunho de espontaneidade, isto é, informais; sociedade familiar e sagrada, com animismo e antropomorfismo manifestos; ausência de mercado, de moedas e do conceito "lucro", com economia baseada na troca (Redfield). Opõe-se à civilização.
CULTURA DE MASSA. É a divulgação, sem que se possa contestá-las ou debatê-las, de mensagens pré-fabricadas, cuja mediocridade prevê a sua aceitação por pessoas de qualquer nível de conhecimento e idade mental, nivelando "por baixo" as informações, uniformizando o uniforme e sintetizando os lugares-comuns, com a finalidade de tornar a cultura um conjunto semelhante, constante e não questionado.
DEMOCRACIA. Filosofia ou sistema social que sustenta que o indivíduo, apenas pela sua qualidade de pessoa humana, e sem consideração às suas qualidades, posição, status, raça, religião, ideologia ou patrimônio, deve participar dos assuntos da comunidade e exercer nela a direção que proporcionalmente lhe corresponde.
DESEJO. Expressão de impulsos inatos insatisfeitos; na busca de satisfação, o desejo seria a força motivadora, a base de todas as ações.
DESENVOLVIMENTO. Ocorre como uma inter-relação de contraponto entre a diferenciação (fator de divisibilidade da sociedade estabelecida) e a integração (fator de unificação, em novas bases, das estruturas diferenciadas). Desta maneira, para haver desenvolvimento, é necessário que haja uma integração adequada dos elementos diferenciados, abrangendo as seguintes etapas: processo (qualquer transformação definida e contínua, que ocorra numa estrutura preexistente); segmentação (tipo intermediário entre processo e as transformações da estrutura social); transformação estrutural (surgimento de complexos de organizações e papéis qualitativamente novos); integração (elemento unificador das estruturas diferenciadas) (Smelser).
DESORGANIZAÇÃO SOCIAL. É um estado relativo e, como a estabilidade, existe em diferentes graus. Em toda a sociedade, sempre operam dois conjuntos de forças, os que criam estabilidade e os que produzem instabilidade. Numa sociedade estável há um equilíbrio entre ambos. Quando os últimos se tornam mais poderosos do que os primeiros, ocorre a desorganização social; esta é, portanto, uma perturbação no equilíbrio das forças, o que produz uma desintegração das instituições ) e um enfraquecimento do seu controlo. A sociedade é, então, envolvida por todos os tipos de problemas sociais (veja PROBLEMAS SOCIAIS) (Koenig).
DESVIO. O comportamento de um desvio é conceituado não apenas como um comportamento que infringe uma norma por acaso, mas também como um comportamento que infringe determinada norma para a qual a pessoa está orientada naquele momento; o comportamento de um desvio consiste, pois, em infração motivada.
DIFUSÃO CULTURAL. Processo de transferência dos traços culturais de uma região para outra ou de uma parte da cultura para outra
DISTÂNCIA SOCIAL. É a medida das diferenças de posições sociais ou status (veja STATUS) entre indivíduos e grupos. Existe pouca ou nenhuma distância social entre pessoas com posição social semelhante ou idêntica e, ao contrário, a distância social revelar-se-á grande entre pessoas com posições sociais diferentes, tendendo a aumentar à medida que essas diferenças forem maiores e mais numerosas.
DIVISÃO DO TRABALHO. Distribuição de seres humanos, pertencentes á mesma comunidade, em ocupações interdependentes e complementares.
EDUCAÇÃO. É a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram preparadas para a vida social; tem como objeto suscitar e desenvolver, na criança, um certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destina (Durkheim).
EFEITOS PERVERSOS. Efeitos não desejados, e geralmente opostos, de ações intencionais, visando a um objetivo específico.
ELITE. Compreende as pessoas e os grupos que, graças ao poder que detêm ou à influência que exercem, contribuem para a ação histórica de uma coletividade, seja pelas decisões tomadas, seja pelas idéias, sentimentos ou emoções que exprimem ou simbolizam (Rocher).
EMPRESA. Complexo de atividades econômicas, desenvolvidas sob o controlo de uma entidade jurídica (pessoa ou pessoas físicas, sociedade mercantil ou cooperativa, instituição privada sem fins lucrativos e organizações públicas).
ENDOCULTURAÇÃO. Processo de aprendizagem e educação de uma cultura, desde a infância até à idade adulta.
ESPAÇO SOCIAL. É uma espécie de universo constituído pela população humana; sem haver seres humanos, ou existindo apenas um, não há espaço social. Sendo assim, o espaço social é totalmente contrário do espaço geográfico, cuja existência de seres humanos é indiferente.
ESTADO. É uma nação politicamente organizada. É constituído, portanto, pelo povo, território e governo. Engloba todas as pessoas dentro de um território delimitado - governo e governados.
ESTAMENTO. Constitui uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas do que as classes e mais abertas do que as castas, reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra.
ESTEREÓTIPOS. São construções mentais falsas, imagens e idéias de conteúdo alógico, que estabelecem critérios socialmente falsificados. Os critérios baseiam-se em características não comprovadas e não demonstradas, atribuídas a pessoas, a coisas e a situações sociais, mas que, na realidade, não existem.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL. Diferenciação de indivíduos e grupos em posições (status), estratos ou camadas, mais ou menos duradouros e hierarquicamente sobrepostos. Características: tem caráter social, é antiga, é onipresente, é diversa nas suas formas, tem influência, isto é, as coisas mais importantes, mais desejadas e, frequentemente, mais escassas na vida humana constituem os materiais básicos, que são desigualmente distribuídos entre os componentes das diversas camadas.
ESTRUTURA DA CIDADE. Consiste num produto da interação competitiva entre as pessoas, as facilidades de mercado, as agências de transporte e de comunicação, os tipos de funções exercidas e a sua localização (Hollingshead).
ESTRUTURA SOCIAL. Partindo da constatação de que os membros e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de relações de obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios) recíprocos, aceites e praticados entre si, a estrutura social refere-se à colocação e à posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema de relações de obrigação. Por outras palavras, o agrupamento de indivíduos, de acordo com posições, que resulta dos padrões essenciais de relações de obrigação, constitui a estrutura social de uma sociedade (Brown e Barnett).
ETNOCENTRISMO. Atitude emocional que sustenta o grupo, a raça ou a sociedade a que uma pessoa pertence, superiores a outras entidades raciais, sociais ou culturais. Esta atitude encontra-se associada ao desprezo pelo estrangeiro ou pelo forasteiro, assim como pelos seus costumes.
EXPECTATIVA DE COMPORTAMENTO. Consiste no que as pessoas ao redor do indivíduo esperam dele, no que se refere à sua conduta em determinadas situações sociais.
FAMÍLIA. Grupo social caracterizado pela residência comum, pela cooperação econômica e pela reprodução. A família é constituída pelos pais e pelos filhos.
FATO SOCIAL. É toda a maneira de agir, fixa ou não, susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral numa dada sociedade, apresentando uma existência própria, independentemente das manifestações individuais que possa ter (Durkheim).
FEUDALISMO. Sistema social vigente na Europa Ocidental, aproximadamente entre os séculos X e XVIII, com características políticas, econômicas, jurídicas e militares, particulares. Sob este aspecto, abrange outras regiões que, à semelhança da Idade Média européia, possuíam instituições do estilo feudal (Egito antigo, Índia, Império Bizantino, mundo árabe, Império Turco, Japão, etc.). As características determinantes do feudalismo apresentam: um desenvolvimento extremo dos laços de dependência de homem para homem, com uma "classe" de guerreiros especializados que ocupam os escalões superiores da hierarquia - juridicamente fundamentada; um parcelamento máximo do direito da propriedade; uma hierarquia oriunda dos direitos sobre a terra (proveniente do parcelamento), e que corresponde à hierarquia dos laços de dependência pessoal; um parcelamento de poder público, criando em cada região uma hierarquia de instâncias autônomas que exercem, no seu próprio interesse, poderes normalmente atribuídos ao Estado e, em épocas anteriores, quase sempre da efetiva competência deste. A concepção política baseia-se, portanto, nas relações individuais e na fidelidade entre vassalos e suseranos, com pouca autoridade central, sendo o rei, na maioria dos casos, o mais alto suserano. Economicamente, a terra é o elemento fundamental da riqueza: a sua fragmentação, acompanhada do estabelecimento de laços pessoais, cria o sistema de suserania e vassalagem: quem doa a terra é o senhor feudal ou suserano; quem a recebe, podendo transmiti-la aos seus descendentes, é o vassalo.
FOLCLORE. Conjunto orgânico de modos de sentir, pensar e agir peculiares às camadas populares das sociedades "civilizadas" ou históricas, caracterizado pela espontaneidade.
FOLKWAYS. Padrões não obrigatórios de comportamento social exterior, que constituem os modos coletivos de conduta, convencionais ou espontâneos, reconhecidos e aceites pela sociedade; regem a maior parte da vida quotidiana, mas não são impostos.
FORÇAS PRODUTIVAS. As relações de produção são constituídas, numa sociedade de classes, por uma dupla relação que engloba as relações dos homens com a natureza de produção material. São elas: relações de agentes de produção com o objeto e relação com os meios de trabalho, sendo que a última origina as forças produtivas.
FORÇAS SOCIAIS. De modo geral, pode ser entendida como todo o estímulo ou impulso efetivo que conduz a uma ação social. De forma concreta, uma força social, representa o consenso por parte de um número suficiente de membros de uma sociedade, que tenha a finalidade de acarretar uma ação ou mudança social de certa índole. No plural - forças sociais - é utilizada para designar os impulsos básicos típicos, ou motivos, que conduzem aos tipos fundamentais de associação e de formação de grupos.
FUNÇÕES LATENTES. Consequências não pretendidas, não esperadas e inclusive, não reconhecidas.
FUNÇÕES MANIFESTAS. Finalidades pretendidas e esperadas das organizações.
GOVERNO. Como entidade objetiva, refere-se aos indivíduos e órgãos que têm a responsabilidade de conduzir a ação do Estado. Um governo exerce um controle imperativo no âmbito de um território definido onde reivindica, com êxito, o monopólio da força.
GRUPOS. Formam uma coletividade identificável, estruturada, contínua, de pessoas sociais que desempenham papéis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais, para a consecução de objetivos comuns (Fichter).
GRUPOS PRIMÁRIOS. São caracterizados por uma íntima cooperação e associação face a face. São primários sob vários aspectos, principalmente porque são fundamentais na formação da natureza social e nos ideais do indivíduo. O resultado dessa associação íntima é, psicologicamente, certa fusão das individualidades num todo comum, de modo que o próprio ego individual se identifica, pelo menos para vários fins, com vida e os propósitos comuns ao grupo. Possivelmente a maneira mais simples de descrever essa totalidade consiste em apresentá-la como "nós", porque envolve a espécie de simpatia e de identificação mútuas para os quais o "nós" é a expressão natural (Cooley).
GRUPOS DE REFERÊNCIA. Exercem ascendência sobre os indivíduos pela natureza e modo de identificação que neles despertam. Geralmente, a pessoa não pertence (mas pode pertencer) ao grupo de referência, que tem o condão de influenciá-lo, originando uma "assimilação" psicológica, funcionando como quadro de referência para as aspirações, tomada de consciência, opiniões, atitudes e padrões de comportamento do indivíduo.
GRUPO SECUNDÁRIO. Possui certas características que se apresentam como opostas às do grupo primário. As relações geralmente são estabelecidas por contato indireto e, no caso de serem por contato direto, são passageiras e desprovidas de intimidade; as relações são ainda formais e impessoais. No grupo secundário, a consciência do "nós" é fraca, o tipo de contato predominantemente secundário e categórico , a posição dos membros define-se em relação aos papéis que lhes cabem, sendo sua participação limitada à contribuição que prestam.
HABITAT. Área apropriada para ocupação por uma espécie, grupo ou pessoa. Pode ter alguma significação associativa, porquanto se refere a uma área em que se realizam todas as atividades essenciais à vida (Anderson).
HÁBITO. Forma de conduta individual, mecanizada ou automatizada pelo indivíduo.
HINTERLAND. Área que é fonte de sustento e de matérias-primas para uma outra área, geralmente uma metrópole industrial, e que se constitui, ao mesmo tempo, em mercado para os seus produtos.
HIPÓTESES. São formulações provisórias do que se procura conhecer, de cuja ajuda necessitamos para explicar os fatos, descobrindo o seu ordenamento; são supostas respostas para o problema ou assunto de pesquisa. A hipótese, uma vez verificada (com certeza de ser válida ou plausível e sustentável) pela pesquisa empírica, pode-se transformar em teoria.
HOMO FERUS. Animal humano que, devido ao isolamento total de outros seres humanos, foi privado, durante os primeiros anos de vida, de interação com eles, fator essencial para a sua socialização, e que, por este motivo, não adquiriu, ou o fez apenas de forma rudimentar, personalidade e cultura.
IDEOLOGIA. Sistema de idéias peculiar a determinado grupo social, condicionado quase sempre pela experiência e interesses desse grupo. A função da ideologia consiste na conquista ou conservação de determinado status social no grupo Atitudes ou doutrinas políticas, econômicas ou filosóficas desempenham, geralmente, funções de ideologia. Mais precisamente, é o conjunto de crenças, idéias, doutrinas próprias a uma sociedade ou a uma classe. No contexto de uma sociedade, a ideologia pode estar em harmonia com valores que prevalecem na própria sociedade, ou opor-se a eles. Não deixa, entretanto, de ficar afetada pela experiência dentro dessa sociedade. Assim, há uma ideologia do socialismo, uma ideologia da livre empresa, uma ideologia da sociedade industrial, marcadas pelas variáveis dos momentos históricos que percorrem (Delorenzo).
IMITAÇÃO. O ato de copiar, conscientemente e intencionalmente, determinado comportamento.
IMPERIALISMO. Domínio ecológico, econômico, político ou cultural de um grupo sobre outro.
INDIVÍDUO. O ser apenas biológico, que se distingue de pessoa social (veja PESSOA SOCIAL).
INDUSTRIALISMO. Fase de aperfeiçoamento técnico avançado, alcançado por intermédio da ciência aplicada, cujas características típicas são a produção em larga escala e o emprego da energia mecânica, um mercado amplo, uma mão-de-obra especializada com uma complexa divisão de trabalho e uma industrialização acelerada. O processo de industrialização seria o início do industrialismo; este também ocasiona profundas modificações sociais e no âmbito do trabalho propriamente dito, criando novas linhas de estratificação entre os trabalhadores, institucionalizando a mobilidade social e originando nova estrutura diferenciada de classes, fazendo surgir novas formas de vida especificamente industriais; mediante a institucionalização da oposição de classes, transforma os trabalhadores, de assalariados necessitados, em portadores industriais de uma função. O industrialismo estende a mecanização não somente à maior parte da indústria, senão também, em certa medida, à agricultura; origina, em grau cada vez mais amplo, a produção em grande escala, a extrema especialização e a extensa e complexa divisão do trabalho; acelera o desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte; produz profundas alterações nos grupos primários e secundários e nos processos sociais.
INDUSTRIALIZAÇÃO. Consiste na aplicação da mecanização em larga escala à produção industrial, propiciando a emergência dos fenômenos de urbanização (e sendo por ela influenciada), o aumento rápido da população (explosão populacional) e da mobilidade (geográfica e social) dessa população, a ruptura das hierarquias tradicionais de posição, a transformação das sociedades de castas, estamentos e classes sociais fechadas em sociedades abertas de classe, a alteração dos sistemas de valores e padrões de comportamento e, até, a criação de uma situação de inadaptação aguda e de alienação para o trabalhador, inicialmente estranho à indústria; também se observam alterações do status profissional, das capacidades (qualificações) dos trabalhadores (operários e empregados), da vida familiar, da situação jurídico-social das mulheres, da tradição e do hábito de consumo de bens; da mesma maneira, a oposição entre empresários e trabalhadores torna mais aguda a luta de classes.
INFRA-ESTRUTURA. É a estrutura econômica formada pelas relações de produção e forças produtivas.
INTERAÇÃO. É a ação social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em contato. Distingue-se da mera interestimulação em virtude envolver significados e expectativas em relação às ações de outras pessoas. Podemos dizer que a interação é a reciprocidade de ações sociais.
INTERESSES. Desenvolvem-se quando o indivíduo tem conhecimento de algo, sente algo ou deseja algo; encarados subjetivamente, os interesses são desejos (veja DESEJO); objetivamente, são carências.
INSTITUIÇÕES SOCIAIS. Consistem numa estrutura relativamente permanente de padrões, papéis e relações que os indivíduos realizam segundo determinadas formas sancionadas e unificadas, com o objetivo de satisfazer as necessidades sociais básicas (Fichter). As características das instituições são: têm finalidade e conteúdo relativamente permanentes, são estruturadas, possuem estrutura unificada e valores. Além disso, devem ter função (a meta ou propósito do grupo, cujo objetivo seria regular as suas necessidades) e estrutura composta de pessoal (elementos humanos), equipamentos (meios materiais ou imateriais), organização (disposição de pessoal e do equipamento, observando-se uma hierarquia – autoridade e subordinação), comportamento (normas que regulam a conduta e as atitudes dos indivíduos).
ISOLAMENTO. Falta de contacto ou de comunicação entre grupos ou indivíduos. Produz no indivíduo não socializado, quando mantido inteiramente afastado do convívio de outros seres humanos, o homo ferus; quando o isolamento for pronunciado, mas não total, produz mentalidade retardada. Depois que o indivíduo estiver socializado, o isolamento provocará a diminuição das funções mentais, podendo chegar à loucura. Quanto ao grupo, o isolamento produz costumes sedimentados, cristalizados, que praticamente não se alteram.
LEGITIMIDADE. Implica a aceitação do poder por uma pessoa ou grupo, pois este(s) age(m) em conformidade com os valores acatados pelos subordinados.
LEI. Regra de comportamento formulada deliberadamente e imposta por uma autoridade especial.
LEI CONSUETUDINÁRIA. Lei fundada nos costumes .
LIBERALISMO. Conjunto de idéias e doutrinas cuja finalidade é assegurar a liberdade individual nos diversos campos da sociedade - político, econômico, religioso, da moral etc. sem a interferência ou imposição de grupos estruturados ou do próprio Estado. Visa assegurar o bem-estar humano sem subordinação a preconceitos de qualquer tipo.
LUTA DE CLASSES. Esforço de uma classe para conseguir uma posição ou condição de maior bem-estar na comunidade, com respeito aos direitos, privilégios e oportunidades dos seus membros.
MACROSSOCIOLOGIA. Estudo das relações intergrupais, dos padrões abrangentes de organização social e da estrutura social, da comunidade e da sociedade.
MARGINALIDADE. Tem diversas acepções. Para Stonequist, é a personalidade marginal: o homem marginal é aquele que, através da migração, educação, casamento ou alguma outra influencia, abandona um grupo social ou cultural sem realizar um ajustamento satisfatório em outro e encontra-se na margem de ambos sem pertencer a nenhum. Segundo os estudos da DESAL, ocorre a marginalidade cultural: estado em que uma categoria social se encontra sob a influência de outra categoria, mas devido a barreiras culturais se acha impedida de participar plena e legitimamente do grupo que a influencia (sociedade moderna e tradicional, maioria e minoria étnica etc.). Lewis considera que a marginalidade é sinônimo de cultura da pobreza: composta por um conjunto de normas, valores, conhecimentos, crenças e tecnologia que é organizado e utilizado por indivíduos de uma sociedade, a fim de permitir a sua adaptação ao meio em que vivem; características principais: ausência de participação efetiva e integração nas principais instituições; grande densidade populacional, condições precárias de habitação e um mínimo de organização; ausência da infância, iniciação precoce no sexo, abandono do lar, famílias centradas na mãe; sentimentos de desespero e de dependência. A CEPAL conceituou marginalidade ecológica: más condições habitacionais aliadas às más condições sanitárias, escassez de serviços urbanos, baixo nível de instrução, precários padrões alimentares, baixa qualificação profissional e instabilidade ocupacional. De acordo com Rosemblüth, existe a marginalidade política: grupos marginais são aqueles grupos de pessoas que tem certas limitações aos seus direitos reais de cidadania e pelas quais não podem participar de forma estável no processo econômico, nem têm a possibilidade de alcançar mobilidade vertical ascendente. Finalmente, Quijano considera marginalidade como falta de integração: é um modo não básico de pertencer e de participar na estrutura geral da sociedade. Marginalidade é um problema inerente à estrutura de qualquer sociedade e varia em cada momento histórico.
MASSA. Conjunto de elementos em que: a) o número de pessoas que expressam opiniões é incomparavelmente menor do que o das que as recebem; a massa é uma coleção abstrata de indivíduos, recebendo impressões e opiniões já formadas, veiculadas pelos meios de comunicação de massa; b) a organização da comunicação pública impede ou dificulta a resposta imediata e efetiva às opiniões externadas publicamente; c) as autoridades controlam ou fiscalizam os canais por meio dos quais a opinião se transforma em ação; d) os agentes institucionais têm maior penetração; a massa, portanto, não tem autonomia, sendo reduzida à formação da opinião independente através da discussão.
MÉTODO. É um conjunto de regras úteis para a investigação; é um procedimento cuidadosamente elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade e, paulatinamente, descobrir a sua lógica e leis (Calderón).
MICROSSOCIOLOGIA. Estudo das relações interpessoais, dos processos sociais, do status e do papel de todas as interações padronizadas (ou não) ocorridas no seio de grupos organizados ou em situações não estruturadas.
MIGRAÇÃO. Movimento espacial de indivíduos ou grupos (ou até de populações) de um habitat para outro.
MINORIA (RACIAL, CULTURAL, NACIONAL). Grupo racial, cultural ou de nacionalidade, autoconsciente, em procura de melhor status (veja STATUS) compartilhado do mesmo habitat, economia, ordem política e social com outro grupo (racial, cultural ou de nacionalidade), que é dominante (ecológica, econômica, política ou socialmente) e que não aceita os membros do primeiro em igualdade de condições (Pierson).
MOBILIDADE SOCIAL E CULTURAL. Por mobilidade social entende-se toda a passagem de um indivíduo ou de um grupo de uma posição social para outra, dentro de uma constelação de grupos e de estratos sociais. Por mobilidade cultural entende-se um deslocamento similar de significados, normas, valores e vínculos (Sorokin).
MODO DE PRODUÇÃO. As relações técnicas de produção ou processo de produção, ou processo de trabalho executadas sob determinadas relações de produção ) originam o modo de produção. Exemplo: esclavagista, feudal, capitalista etc..
MODUS VIVENDI. É uma espécie de arranjo temporário que possibilita a convivência entre elementos e grupos antagônicos e a restauração do equilíbrio afetado pelo conflito. O antagonismo é temporariamente regulado e desaparece como ação manifesta, embora possa permanecer latente.
MORES. Padrões obrigatórios de comportamento social exterior que constituem os modos coletivos de conduta, tidos como desejáveis pelo grupo, apesar de restringirem e limitarem o comportamento. São moralmente impostos e considerados essenciais ao bem-estar do grupo. Quando se infringe um more, há desaprovação moral e até sanção vigorosa.
MOVIMENTOS SOCIAIS. Ação ou agitação concentrada, com algum grau de continuidade, e de um grupo que, plena ou vagamente organizado, está unido por aspirações mais ou menos concretas, segue um plano traçado e orienta-se para uma mudança das formas ou instituições da sociedade existente (ou um contra-ataque em defesa dessas instituições) (Neumann).
MUDANÇA CULTURAL. Qualquer alteração na cultura sejam traços, complexos, padrões ou toda uma cultura.
MUDANÇA SOCIAL. É toda a transformação, observável no tempo, que afeta, de maneira que não seja provisória ou efêmera, a estrutura ou o funcionamento da organização social de dada coletividade e modifica o curso da história. É a mudança de estrutura resultante da ação histórica de certos fatores ou de certos grupos no seio de dada coletividade (Rocher).
MULTIDÃO. Agregado pacífico ou tumultuoso de pessoas que ocupam determinado espaço físico. Possui as seguintes características: é desordenada, descontrolada, anônima, desinibida; pode ser fanática, é constituída de unidades uniformes; os fins e os sentimentos estão enquadrados pelo mais baixo denominador comum; a interação manifesta-se em termos de emoções generalizadas; os participantes adquirem segurança e poder; apresenta uma ideia fixa; pode dar expressão aos motivos inconscientes, reforçados pelo caráter cumulativo e circular de interexcitação. Apresenta os seguintes tipos: multidões casuais (tem existência momentânea, organização frouxa e raramente apresentam unidade); multidões convencionais ou auditório (o comportamento se expressa de modo preestabelecido e regularizado, possuindo duração limitada); multidão ativa, turba ou turbamulta (caracterizada pela existência de um alvo ou objetivo para o qual se canaliza a ação, que, em geral, é agressiva e destrutiva); multidões em pânico (o interestímulo dentro do grupo exalta e intensifica a sensação de pânico, aumentado o caráter irracional da ação, voltada para a fuga de um perigo comum); multidão expressiva (a excitação é descarregada sem regras preestabelecidas através do simples movimento físico que tem a finalidade de afrouxar a tensão; não se dirige a um objetivo determinado).
MUTIRÃO. Sistema de trabalho (não assalariado) entre vizinhos e amigos que implica reciprocidade.
NAÇÃO. É um povo fixado em determinada área geográfica. Para alguns autores, seria um povo com certa organização. Para que haja uma nação, é necessário haver um ou mais povos, um território e uma consciência comum. Quando outros elementos aparecem – identidade de língua, religião, etnia -, reforçam a unidade nacional.
NORMA. Qualquer modo ou condicionante de conduta socialmente aprovada.
OPINIÃO PÚBLICA. Consiste nas opiniões sobre assuntos de interesse da nação, livres e publicamente expressas por homens que não participam do governo e reivindicam para as suas opiniões o direito de influenciarem ou determinarem as ações, o pessoal ou a estrutura de governo (Spier).
ORDEM SOCIAL. Refere-se a certa qualidade, isto é, ao funcionamento sem choques, no seio da sociedade, da ação recíproca de indivíduos, grupos ou instituições, e por este motivo compreende valores de eficiência, coerência, lógica, moralidade, etc..
ORGANIZAÇÃO DA CIDADE. É constituída pelos seguintes processos: concentração (significa a reunião em massa de seres humanos e de utilidades em determinadas áreas que apresentam condições favoráveis às necessidades de sustento); centralização (é a organização das funções em torno de um ponto central onde ocorre com maior frequência, a interação social, econômica e social); segregação (quando, através da competição, determinados tipos de população e de atividades especificas são separados); invasão (significa a penetração, em determinada área, de tipos de população ou tipos de funções diferentes daqueles que a ocupam); sucessão (é o deslocamento completo dos antigos moradores que são substituídos por um novo grupo de população, ou a substituição de um tipo de utilização de um terreno por um outro ); descentralização (tendência para o deslocamento de populações e de funções de menor poder competitivo - à medida que as áreas centralizadas atingem um máximo da sua capacidade funcional - para as áreas periféricas); rotinização ou fluidez (é um movimento diário de ida e volta da população entre o seu local de residência e os locais de trabalho, de comércio, de diversão, etc.).
ORGANIZAÇÃO SOCIAL. Partindo da constatação de que os membros e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de relações de obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios) recíprocos, aceites e praticados por eles, a organização social refere-se aos sistemas de relações de obrigação que existem entre os grupos que constituem determinada sociedade. Distingue-se da estrutura social que se refere à colocação e posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema de relações de obrigação (Brown e Barnett).
PADRÕES CULTURAIS. Conjunto de complexos culturais. O conceito de padrão implica maior integração e inter-relação dos elementos como unidade semi-independente, num todo.
PAPEL. É o padrão de comportamento esperado e exigido de pessoas que ocupam determinado status. Portanto, as maneiras de comportar-se, esperadas de qualquer indivíduo que ocupe certa posição (status), constituem o papel associado com aquela posição.
PARENTESCO. Reconhecimento social e expressão do vínculo genealógico, tanto consanguíneo quanto por afinidade.
PESQUISA. Investigação sistemática levada a efeito no universo real: sempre se orienta pelas teorias anteriores e se esforça em relacionar com elas, logicamente, todas as novas descobertas e invenções, verificando, assim, o alcance da teoria anterior, modificando-a ou rejeitando-a (Delorenzo).
PESSOA SOCIAL. Indivíduo humano socializado e possuidor de status e papéis.
PLANEAMENTO SOCIAL. Intervenção do Estado ou do poder público na organização da sociedade. Exige uma ordem de prioridades, de acordo com as necessidades. Geralmente especifica várias limitações de tempo à sua realização, da mesma forma que indica métodos de execução, inclusive a distribuição de recursos apropriados. É setorial, diferindo, portanto, da planificação, que é global.
PODER. Capacidade que um indivíduo ou grupo de indivíduos tem de provocar a aceitação e o cumprimento de uma ordem.
POVO. Refere-se a um agrupamento humano com cultura semelhante (língua, religião, tradições) e antepassados comuns; supõe certa homogeneidade e desenvolvimento de laços espirituais entre si.
PRECONCEITO. Atitude social que surge em condições de conflito com a finalidade de auxiliar a manutenção do status ameaçado.
PRESSÃO SOCIAL. Conjunto das influências que se exerce sobre os indivíduos ou grupos com o propósito de modificar a sua conduta, para conseguir certos objetivos claramente definidos. Com um sentido mais restrito, entende-se que é uma forma de opinião pública, cujo peso se faz valer com frequência perante os funcionários públicos ou os corpos legislativos, para levar a cabo determinadas ações a respeito de problemas sociais concretos (Watson).
PROBLEMA SOCIAL. É considerado como um problema de relações humanas que ameaça seriamente a própria sociedade ou impede as aspirações importantes de muitas pessoas. Um problema social existe quando a capacidade de uma sociedade organizada, para ordenar as relações entre as pessoas, parece estar falhando (Raab e Slznick).
PROCESSO SOCIAL. Qualquer mudança ou interação social em que é possível destacar uma qualidade ou direção contínua ou constante. Produz aproximação - cooperação, acomodação, assimilação - ou afastamento - competição, conflito.
PROCESSO DE TRABALHO. Designa geralmente as relações do homem com a natureza e é denominado também de relações técnicas de produção ou processo de produção.
PROPRIEDADE. Consiste nos direitos e deveres de uma pessoa (o proprietário) ou de um grupo que se ergue contra todas as demais pessoas ou grupos, no que concerne a certos bens escassos (Davis). Por conseguinte, o direito de propriedade refere-se tanto a coisas concretas, objetos palpáveis, quanto a coisas impalpáveis, e apresenta três tipos distintos: o direito de uso, o direito de controle e o direito de disposição.
PÚBLICO. Conjunto de indivíduos em que: a) é praticamente igual o número de pessoas que expressam e recebem opiniões; b) a organização da comunicação pública permite uma resposta imediata e efetiva a uma opinião publicamente expressa; c) a opinião, formada através dessa discussão, encontra possibilidades de transformar-se em ação efetiva, mesmo contra o sistema de autoridade vigente, se necessário; d) a instituição de autoridade não tem penetração: o público é, portanto, mais ou menos autônomo nas suas ações.
RELAÇÕES DE PRODUÇÃO. As atuações do homem sobre a natureza (processo de trabalho -, processo de produção ou relações técnicas de produção) não são isoladas: na produção e distribuição necessárias ao consumo, o homem relaciona-se com outros seres humanos, sob uma forma social historicamente determinada, originando as relações de produção concretas dessa época.
RELIGIÃO. Constitui um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto é, a coisas colocadas à parte e proibidas – crenças e práticas que unem, numa comunidade moral única, todos os que as adotam (Durkheim).
REVOLUÇÃO. Mudança brusca e profunda na estrutura social pelo seu alcance velocidade. Pode ser ou não acompanhada de violência e desorganização temporária. O essencial na revolução é a mudança brusca e não a violência que muitas vezes a acompanha.
SANÇÕES. A palavra "sanções" tem duplo sentido. Em primeiro lugar, e de uso mais comum, "aplicar sanções" significa aplicar penalidades por determinadas condutas que violem disposições legais, regulamentos, usos ou costumes, ou criar restrições e proibições que cerceiam a liberdade de conduta. Num segundo sentido, entendeu-se por "sanção" qualquer forma de aprovação de um ato ou forma de conduta determinados, ou a aprovação com que se ratifica a validez de algum ato, uso ou costume.
SETORES DA ECONOMIA. Sector primário: abrange as atividades rurais como agricultura, pecuária e indústrias extrativas; sector secundário: corresponde às atividades industriais, indústria de transformação; sector terciário: inclui todos os serviços, comércio, bancos, transportes, seguros, educação, etc.; sector quaternário: engloba as atividades digitais, informática, multimídia, telecomunicações.
SÍMBOLO. Por sua forma e natureza os símbolos evocam, perpetuam ou substituem, em determinado contexto, algo abstrato ou ausente.
SINCRETISMO. Processo de fusão de elementos ou traços culturais, dando como resultado um traço ou elementos novos.
SISTEMA SOCIAL. Uma pluralidade de indivíduos que desenvolve interações, segundo normas e significados culturais compartilhados.
SOCIALISMO. Em sua essência, o socialismo é muito mais um conceito econômico que político; baseia-se no princípio da propriedade pública (coletiva) dos instrumentos materiais de produção. Diferentemente do que ocorre numa economia de mercado, o capital das empresas não é propriedade privada, mas pertence à coletividade, representada pelo Estado. Na realidade, o socialismo não pressupõe a abolição total da propriedade privada, mas somente a dos meios de produção (bens de capital), mantendo-se a propriedade individual dos bens de consumo e de uso. Por outro lado, no sistema socialista, inexiste o capital particular, auferidor de lucros, em função do que é acionada toda a economia de mercado: o estímulo que dinamiza a economia deverá ser o progresso, assim como o desejo coletivo de alcançar níveis elevados de bem-estar econômico e social. As decisões sobre o objeto, o volume e os preços da produção não são da alçada do administrador de empresa, mas constituem metas
SOCIALIZAÇÃO. Processo pelo qual ao longo da vida a pessoa humana aprende e interioriza os elementos sócio-culturais do seu meio, integrando-os na estrutura da sua personalidade sob a influência de experiências de agentes sociais significativos, adaptando-se assim ao ambiente social em que deve viver (Rocher).
SOCIEDADE. Estrutura formada pelos grupos principais, ligados entre si, considerados como uma unidade e participando todos de uma cultura comum (Ficher).
SOCIOLOGIA. Estudo científico das relações sociais, das formas de associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de fenômenos sociais, fenômenos que se produzem nas relações de grupos entre seres humanos.
SOLIDARIEDADE. Condição do grupo que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora (Pierson).
SOLIDARIEDADE MECÂNICA. Característica da fase primitiva da organização social que se origina das semelhanças psíquicas e sociais (e, até mesmo, físicas) entre os membros individuais. Para a manutenção dessa igualdade, necessária à sobrevivência do grupo, deve a coerção social, baseada na consciência coletiva, ser severa e repressiva. O progresso da divisão do trabalho faz com que a sociedade de solidariedade mecânica se transforme.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA. A divisão do trabalho, característica das sociedades mais desenvolvidas, gera um novo tipo de solidariedade, não mais baseado na semelhança entre os componentes (solidariedade mecânica), mas na complementação de partes diversificadas. O encontro de interesses complementares cria um laço social novo, ou seja, um outro tipo de princípio de solidariedade, com moral própria, e que dá origem a uma nova organização social - solidariedade orgânica. Sendo seu fundamento a diversidade, a solidariedade orgânica implica uma maior autonomia, com uma consciência individual mais livre.
STATUS. É o lugar ou posição que a pessoa ocupa na estrutura social, de acordo com o julgamento coletivo ou consenso de opinião do grupo. Portanto, o status é a posição em função dos valores sociais correntes na sociedade. Pode apresentar-se como status legal e/ou social. Status legal é uma posição caracterizada por direitos (reivindicações pessoais apoiadas por normas) e obrigações (deveres prescritos por normas), capacidades e incapacidades, reconhecidas pública e juridicamente, importantes para a posição e as funções na sociedade. Status social: abrange características da posição que não são determinados por meios legais. Portanto, difere do status legal por ser mais amplo e abarcar outras características de comportamento social além das estipuladas por lei. Além de legal e social, os status podem ser atribuídos ou adquiridos. Status atribuído: é independente da capacidade do indivíduo; é-lhe atribuído mesmo contra a sua vontade, em virtude do seu nascimento. Status adquirido: depende do esforço e do aperfeiçoamento pessoal. Por mais rígida que seja a estratificação de uma sociedade e os numerosos status atribuídos, há sempre a possibilidade de o indivíduo alterar o seu status através de habilidade, conhecimento e capacidade pessoal. Esta conquista do status deriva, portanto, da competição entre pessoas e grupos, e constitui vitória sobre os demais. Outras formas de status são: Status principal, básico ou chave (é o status mais significante para a sociedade, já que as pessoas possuem tantos status quantos forem os grupos de que participam); status posicional (aparece quando determinados aspectos - família, educação, ocupação e rendimento - e alguns índices exteriores - modos de falar, maneiras de se portar etc. - caracterizam um indivíduo como representante de determinado grupo ou classe social, sendo portador de certo prestígio. Portanto, é a posição social atribuída pelos valores convencionais correntes na sociedade ao grupo ou categoria - do qual o indivíduo é um representante); status pessoal (é a posição social real determinada pelas atitudes e comportamentos daqueles entre os quais o indivíduo vive e se movimenta, fazendo com que pessoas, com idêntico status posicional, tenham, mercê das suas qualidades particulares, diferentes status pessoais).
SUPERORGÂNICO. Abrangido pelas Ciências Sociais, tem seu início justamente quando os estudos físicos (inorgânicos) e biológicos (orgânicos) do homem e de seu universo terminam. O superorgânico é observado no mundo dos seres humanos em interação: linguagem, religião, filosofia, ciência, tecnologia, ética, usos e costumes e outros aspectos culturais e da organização social.
SUPRA-ESTRUTURA. Divide-se em dois níveis: o primeiro, a estrutura jurídico-política, é formado pelas normas e leis que correspondem à sistematização das relações de produção já existentes; o segundo, a estrutura ideológica (filosofia, arte, religião etc.), justificativa do real, é formado por um conjunto de idéias de determinada classe social que, através da sua ideologia, defende os seus interesses.
TABU. Designa imposições (principalmente proibições) de mérito, apresentadas como inquestionáveis, isto é, de cuja origem e validade não é licito indagar. Encontra-se na base das religiões ágrafas, nas quais inexistem esforços de justificação racional. Por vezes, essas imposições coincidem com preconceitos, conduzindo à ordem social ou a práticas higiênicas, mas não se imagina mesmo nesses casos, qualquer fundamento de ordem lógica.
TEORIA. Consiste num sistema de proposições ou hipóteses que têm sido constatadas como válidas (ou plausíveis) e sustentáveis.
TIPO IDEAL. As construções de tipo ideal fazem parte do método tipológico criado por Max Weber que, até certo ponto, se assemelha ao método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir de aspectos essenciais dos fenômenos. A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise de casos concretos, realmente existentes.
TOTEM. Animal, planta ou objeto do qual deriva o nome de um grupo ou clã e que se constitui supostamente em seu ancestral ou está relacionado de maneira sobrenatural com um antepassado. Sobre o totem recai tabu alimentício e manifestam-se atitudes especiais.
TOTEMISMO. Forma de organização social e prática religiosa que supõe, de modo típico, uma íntima associação entre o grupo ou clã e o seu totem.
TRAÇOS CULTURIAIS. A menor parte ou componente significativo da cultura.
TRADIÇÃO. Aspectos culturais, materiais e espirituais, transmitidos oralmente de geração em geração, através de hábitos, usos e costumes.
TRANSCULTURAÇÃO. Processo de difusão e infiltração de complexos ou traços culturais de uma para outra sociedade ou grupo cultural; troca de elementos culturais.
TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS. Constituem etapas de mudança social. Apresentam as seguintes formas: I. Transformação definida e contínua - processo. II. Transformação definida e contínua numa direção específica: a) determinada quantitativamente, com relação à magnitude - crescimento; b) determinada quantitativamente, em relação a uma diferenciação estrutural ou funcional - evolução; c) determinada quantitativamente de acordo com a sua concordância com um padrão de valores - progresso; d) determinada em relação a outro objeto ou sistema, segundo a sua compatibilidade no seio de um processo comum - adaptação (Maciver e Page).
USOS. Normas de conduta coletiva; não são consideradas obrigatórias.
UTOPIA. Designa o regime social, econômico e político que, por ser perfeito e ideal, não pode ser encontrado em nenhum lugar.
VALOR. Consiste em qualquer dado que possua um conteúdo empírico acessível aos membros do grupo e um significação com relação à qual é, ou poderá ser, objeto de atividade (Thomas).
VIZINHANÇA. Significa contacto, interação e intercâmbio entre pessoas que se conhecem: é uma área em que os residentes se dão pessoalmente, trocam diversos artigos e serviços e, de modo geral, desenvolvem certas atividades conjuntas.
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