22 de março de 2015
13 de março de 2015
29 de janeiro de 2015
Pesquisadores encontram fóssil de espécie humana ainda desconhecida
Um antigo fóssil humano descoberto no fundo do mar, perto de Taiwan, revela a existência de um grupo primitivo dos seres humanos, potencialmente uma espécie desconhecida, que viveu na Ásia, apontam pesquisadores. O achado sugere que várias linhagens de humanos extintos podem ter coexistido na Ásia antes da chegada dos humanos modernos na região, há 40.000 anos. O estudo completo foi publicado esta semana na revista Nature Communications.
A descoberta é a primeira do tipo realizada em Taiwan. No caso, trata-se do lado direito, quase completo, de uma mandíbula inferior com dentes de aparência primitiva. O fóssil apareceu em uma rede de pesca (encontrado entre 60 e 120 metros) abaixo da superfície do Canal de Penghu, localizado em torno de 25 quilômetros da costa ocidental de Taiwan. Um pescador desconhecido vendeu o fóssil, agora apelidado de Penghu 1, a uma loja de antiguidades local. Um colecionador, posteriormente, levou o fóssil para uma análise no Museu Nacional de Ciências Naturais de Taiwan e, ali, seu verdadeiro valor científico foi revelado.
A análise indica que Penghu 1 viveu, provavelmente, há 10 mil e 190 mil anos. A mandíbula e os dentes parecem ser muito primitivos para esta idade, de acordo com pesquisadores. Durante o Pleistoceno, entre 2,6 milhões de anos e 11.700 anos atrás, os humanos geralmente evoluíram para mandíbulas e dentes menores, mas este fóssil de Taiwan parece maior e mais robusto do que mais velhos fósseis de Homo erectus de Java e do norte da China.
Os pesquisadores disseram que Penghu 1 se assemelha a um fóssil de 400 mil anos de idade, a partir de Hexian, no sul da China, localizado a 950 quilômetros ao norte do Canal de Penghu. Os cientistas sugerem que esses fósseis, em conjunto, representam um grupo distinto de humanos arcaicos, embora os pesquisadores lembrem que ainda não têm provas suficientes para dizer se é uma nova espécie ou não.
As novas descobertas sugerem havia vários grupos diferentes de humanos arcaicos que viviam ao mesmo tempo na Ásia, alguns um pouco mais primitivos do que outros.
Apesar de o Homo sapiens ser o único sobrevivente do grupo de seres humanos modernos, outras linhagens também já andaram pela Terra. Entre as espécies antigas encontradas na Ásia estão os Neandertais, os parentes extintos mais próximos dos humanos modernos; Denisovans, cujo legado genético pode estender-se da Sibéria às ilhas do Pacífico da Oceania; Homo erectus, os ancestrais mais prováveis dos humanos modernos; e o Homo floresiensis, que viveu na Indonésia. Estes todos são chamados hominídeos - o grupo de espécies de seres humanos e todos os seus parentes após a separação da linhagem dos chimpanzés.
28 de janeiro de 2015
23 de setembro de 2014
Uma questão de limites
Refeito recentemente, mapa das capitanias hereditárias ganha nova cara, 150 anos depois da publicação de sua versão mais conhecida

Por questões políticas, o rei Dom João III autorizou a colonização do Brasil 30 anos após a chegada de Pedro Álvares Cabral a este lado do Atlântico. Em 1533, a Coroa decidiu repartir as terras do além-mar entre 15 capitães donatários, gente que não tinha grande fortuna ou negócios na metrópole, mas que teria condições de administrar a nova colônia. Assim nasceram as capitanias hereditárias que, durante mais de cem anos, pareciam ser (geograficamente) “uma série de linhas paralelas ao equador que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas”, conforme explicou o historiador Boris Fausto emHistória do Brasil (1996). Um estudo publicado recentemente, no entanto, contesta a versão clássica do mapa das capitanias presente até hoje em livros didáticos, e mostra que a divisão de terras do norte do país, na verdade, seguia linhas verticais e não horizontais.
O engenheiro Jorge Cintra, professor titular de Informações Espaciais na Escola Politécnica da USP, é o autor da pesquisa que pode mudar a maneira como se visualiza a configuração do Brasil nos primeiros 50 anos de colonização. “Eu comecei a fazer um estudo sobre os limites da região Sul e encontrei alguns erros. Decidi conferir tudo e vi que o maior quebra-cabeça estava no norte”, conta.
Ao ter acesso a cópias de documentos originais, como a carta de doação a João de Barros (da capitania do Rio Grande), Cintra pôde perceber que se as linhas dos segmentos do norte seguissem para oeste, o rei estaria repassando pedaços de mar a alguns donatários. E, além disso, se mantivessem o ritmo, em paralelo, jamais se cruzariam, conforme sugere a seguinte declaração do rei de Portugal: “Léguas se estenderão e serão de largo ao longo da costa e entrarão na mesma largura pelo sertão e terra firme adentro tanto quanto puder entrar e for de minha conquista, que não sejam por mim providas a outro capitão".
Temístocles Cézar, professor do Departamento de História da UFRGS, diz que o estudo de Cintra é “mais do que uma nova cartografia”, é uma “forma de entender o que já existe através de um exercício de desconstrução original, erudito e consistente, sem fechar a questão, mas colocando-a em um patamar mais sofisticado de argumentação”. Um tipo de estudo que não é muito realizado no Brasil.
O mapa com que Cintra dialoga – usado nos livros didáticos – foi feito no século XIX pelo historiador Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), responsável em grande parte pela construção de uma visão de Brasil que prevalece até hoje. Para desenhar aquele mapa Varnhagen teria recorrido a uma cartografia de Luis Teixeira, de 1586, quando a configuração do que viria a ser o território brasileiro já era diferente. Especialista nas publicações deste grande pioneiro da historiografia brasileira, Cézar comenta que, “no caso de Varnhagen, em que pesem o número de críticas que recebe desde a publicação da História geral do Brazil [1854-1857] e sua peculiar tendência para a polêmica, ele pouco foi contestado em relação ao material iconográfico e cartográfico de suas produções”.
Cético em relação ao alcance que este estudo pode ter, o historiador Guilherme Pereira das Neves, da UFF, opina que talvez o redesenho leve muito tempo para ser conhecido pelo grande público. “O resultado do mapa é importantíssimo, mas acho que difícil que deem importância a isso. É um tipo de resultado que se tem na história que não representa uma nova teoria. É uma correção de rumo”. Para ele, existe “um problema específico de como o Brasil lida com sua história”. Exemplo disto seria “a pouca importância que se dá a essa história. Há exemplos de best-sellers que romanceiam personagens e eventos [do nosso passado], mas que repetem os grandes jargões. Não existe preocupação em provocar o leitor a pensar uma coisa diferente. Portanto, a história não tem função crítica no Brasil, é uma memória identitária”.
Para além deste problema estrutural da relação do país com seu passado, se existe uma esperança de que a releitura chegue ao grande público, ela vai demorar ao menos três anos para se materializar, já que a seleção do MEC de material didático para a rede pública de ensino (refeita neste intervalo de tempo) acabou de ser concluída. Por enquanto, não há indícios de que editoras deste tipo de livro publicarão o estudo em suas páginas.
Fonte:
http://revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/uma-questao-de-limites-1
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